sábado, 11 de julho de 2009

Discurso - Cecília Meireles

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E aqui estou, cantando.
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Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixe seu ritmo onde passa.
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Venho de longo e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.
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Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.
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Pois aqui estou, cantando.
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Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute ?
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Ah! se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que algum ouvido me escute ?
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Ah! se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim ?
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CECÍLIA MEIRELES
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From Paula Moranguinho Pereira (hi5)
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