domingo, 27 de dezembro de 2009

Minha Vida - Robert Crumb



Digestivo nº 268 >>> Pfflflf
Qual a utilidade da vida de Robert Crumb para a juventude de hoje, quase quarenta anos depois? Talvez devêssemos puxar pelo parentesco com Angeli – que, justamente, teve como ídolo... Robert Crumb. Mas Angeli ainda é ídolo de alguém hoje, mais de vinte anos depois? Robert Crumb, provavelmente, ficará como herói da contracultura, embora detestasse o epíteto. (Aliás, alguém sabe o que é contracultura hoje?) Talvez nós devêssemos puxar pelo iPod... iPod? Sim, pelo iPod. E pelo Macintosh. (Essas duas palavras soam como música para os ouvidos da juventude de hoje.) Nos 100 anos do inventor do LSD – sim, do LSD –, ainda outro dia, a Wired arrancou uma declaração bombástica de Steve Jobs, o homem por trás da Maçã. Jobs não só fumou, como tragou – como elogiou. O famoso ácido lisérgico foi uma das suas maiores experiências em vida, confessou. (Um verdadeiro fã de Bob Dylan não negaria sua raça. Não é, José Nêumanne?) Pois então: o centro desse novo álbum de Robert Crumb, Minha Vida, pela editora Conrad, são exatamente suas “viagens” à base de LSD. E ele volta, sucessivas vezes, à sua primeira viagem mítica. Dizem que é sempre a mais importante... Alguém ainda se lembra como é que foi? Crumb a descreve em detalhes. E põe junto sua primeira esposa. E todo os delírios de seus primeiros empregos, de suas primeiras atrações sexuais – de cenários e de figuras, para ele, inolvidáveis... E para nós? Há interesse em participar da intimidade de Robert Crumb? Talvez nós devêssemos puxar agora pelos blogs. Nesse sentido, Crumb é o primeiro blogueiro em HQ. Deus, como se expõe... Ficamos relativamente cansados de Robert Crumb. Como dos blogueiros brasileiros parcos em informação. Em realidade, Crumb não precisava de substâncias alucinógenas para “viajar”, sua vida já foi uma piração. Nenhum artista precisaria, a rigor. Como provou Aldous Huxley, em Às Portas da Percepção (Jim Morrison leu, não entendeu, morreu...). Aliás o que pensaria Huxley de Crumb? O mesmo que pensou de Van Gogh e de Beethoven?
>>> Minha Vida - Robert Crumb - Conrad - 136 págs.
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