sábado, 16 de janeiro de 2010

Lygia Fagundes Telles e seu cativante modo de contar


 

Cultura

Vermelho - 9 de Novembro de 2009 - 12h46

Ainda jovem, Lygia Fagundes (futura Telles) lançava um de seus primeiros livros de contos numa livraria paulistana, quando três escritores homens entraram para desafiá-la, elogiar sua beleza e questionar sua obstinação no ofício, intolerável numa mulher. Entre lágrimas, ela retorquiu: “Essa é minha vocação, que vem de vocare, chamado em latim. Portanto, fui chamada não para cantar, dançar, mas para escrever”.

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Aos 86 anos, a escritora relembra o episódio com a mesma energia da revolta pelo preconceito que nem a serenidade dos anos nem a certeza da escolha certa arrefeceram. Ela descreve sua trajetória de estudante de Direito do Largo São Francisco, “uma das seis virgens entre 200 rapazes”, voluntária de uma legião feminina durante a Segunda Guerra Mundial, funcionária pública, atriz no grupo amador de Alfredo Mesquita e escritora madura do primeiro romance Ciranda de Pedra (1954).
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São passagens conhecidas da biografia da autora de “não mais de vinte livros” que não chegam a surpreender no especial de 50 minutos que a TV Cultura exibe dia 11, às 22 horas, com reprise no dia 7 de dezembro, às 23 horas, no canal SescTV.
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Lygia por Lygia integra uma série de perfis de escritores brasileiros que as emissoras produzem em conjunto. Ao depoimento do convidado,acrescenta-se uma dramatização com atores, no caso Eva Wilma e Regina Braga, que se revezam na voz da escritora e sua mãe, Maria do Rosário, “mulher prática e inteligente”, e Luciano Chirolli como o pai Durval, “instável” em razão do trabalho como procurador público.
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Mas vêm da imortal os casos mais saborosos, como a origem de seu primeiro nome (adotado do romance Quo Vadis), e também dolorosos, a exemplo da morte precoce do filho. Ouvi-la, em seu cativante modo de contar, por certo outra vocação, é a melhor contribuição da iniciativa.
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Fonte: Carta Capital
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