domingo, 17 de janeiro de 2010

Quase - Mário Sá-Carneiro

Assunto: RIO DA VIDA...
Data: 17/Jan 15:32
ENTRE AS MARGENS DA ESPERANÇA E AS PONTES DO FUTURO CORRE MINHA VIDA Á SOLTA. SEI QUE JÁ CHEGUEI AO MAR, MAS ESTOU SEMPRE MAIS AQUÉM.QUEM O SABE É A ILUSÃO, QUEM DUVIDA É A SAUDADE. PERGUNTO ÁS NUVENS QUE PASSAM SE ESTOU NO CAMINHO CERTO...MESMO SABENDO, AFINAL, QUE FOI ESTE QUE ESCOLHI E ESTE QUE TEM DE SER.FOI HÁ TANTO, TANTO TEMPO, QUE A MEMÓRIA NÃO ALCANÇA. SÓ SEI DIZER QUE NASCI COM UMA FINALIDADE - CHEGAR AO QUE NÃO TEM FIM PARA ALI REPOUSAR...É CANSAÇO E ANSIEDADE O NÃO SENTIR QUE CHEGUEI...SAUDADE DO MEU FUTURO, PROCURANDO-O MAIS ALÉM. QUERO RÁPIDO LÁ ESTAR E TER TODO O TEMPO DO MUNDO ME ESPERANDO A SORRIR...É QUE O MEU AMOR MORA LÁ, E ELE É O ABRAÇO E O BEIJO, O CALOR E A TERNURA QUE VALE TODA A JORNADA...PELO AMOR, VALE SEMPRE CONTINUAR... É A CERTEZA DE UMA VIDA FEITA BARCO A NAVEGAR...EM ANEXO UM BEIJO!
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Distribuído por Moranguinho Pereira (hi5)
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QUASE
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Um pouco mais de sol - eu era brasa,

Um pouco mais de azul - eu era além.

Para atingir, faltou-me um golpe de asa...

Se ao menos eu permanecesse aquém...


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Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído

Num grande mar enganador de espuma;

E o grande sonho despertado em bruma,

O grande sonho - ó dor! - quase vivido...


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Quase o amor, quase o triunfo e a chama,

Quase o princípio e o fim - quase a expansão...

Mas na minh'alma tudo se derrama...

Entanto nada foi só ilusão!

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De tudo houve um começo ... e tudo errou...

— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim...

Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,

Asa que se elançou mas não voou...


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Momentos de alma que,desbaratei...

Templos aonde nunca pus um altar...

Rios que perdi sem os levar ao mar...

Ânsias que foram mas que não fixei...





Se me vagueio, encontro só indícios...

Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;

E mãos de herói, sem fé, acobardadas,

Puseram grades sobre os precipícios...

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Num ímpeto difuso de quebranto,

Tudo encetei e nada possuí...

Hoje, de mim, só resta o desencanto

Das coisas que beijei mas não vivi...

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Um pouco mais de sol — e fora brasa,

Um pouco mais de azul — e fora além.

Para atingir faltou-me um golpe de asa...

Se ao menos eu permanecesse aquém...

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MÁRIO SÁ-CARNEIRO
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