sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sonetos sobre a ausência



SONETO DA AUSENCIA MAIOR
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Agora me acostumarei com a ausencia ,triste!
Dos toques de teus dedos acariciando o meu corpo
Viverei com meu olhar longe na distancia , morto
Sentindo ,por certo, a angustia mais cruel que existe
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Acostumarei com a ausencia dos teus beijos
Que sempre se liberavam no ceu de minha boca
Sua lingua buscando a minha lingua ja quase louca
Que me queimava o corpo de tantos desejos
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Agora me acostumarei com as noites mal dormidas
Tendo minha propria sombra como companheira
Que ainda danca nas paredes em formas distorcidas
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Se perceber que meu coracao chora amargurado
Sentindo a ausencia de tua presenca verdadeira
Que me deixou completamente despedacado
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Vinícius de Moraes


Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

MORAES, Vinícius de. ANTOLOGIA POÉTICA.
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Vinicius de Moraes


Soneto da separação
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De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
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De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
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De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
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Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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Soneto da Ausência
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A mão que disse adeus era um veleiro
no mar da solidão. O amor perdido
era um luar humilde e companheiro
do coração mais que do céu nascido.
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Dantes, a paz não fora o meu roteiro.
Sonhava, apenas. Nem jamais, ferido
pelo céu, pelo mar, vivera inteiro
o meu reino de luz, já proibido.
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Vi então que a alegria era um soluço
e o coração o mar e o céu cansados,
o coração há tanto adormecido.
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E hoje no adeus, lembrando, me debruço,
no adeus que é o grito dos desesperados
e o olhar febril de algum enlouquecido.
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Alphonsus de Guimaraens Filho
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[PDF]

POESIA (POUCO) DIAMANTINA — Doze sonetos inéditos alusivos

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Soneto XLV

Não estejas longe de mim um só dia,porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

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Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.


Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência;
não te vás por um minuto, bem-amada,

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Porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo


Pablo Neruda
~ por kavorka em 14/08/2007.


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Soneto de Mal Amar

Invento-te    recordo-te   distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.
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A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.
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E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência    meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.
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Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.
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Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'

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Poemas de William Shakespeare
Soneto 57
Sendo-te escravo, que farei senão
cuidar-te a tempo e horas do desejo?
Não tenho ao tempo cara ocupação,
Nem, sem que o peças, de servir ensejo.
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E não censuro a hora sem ter fim
Em que as horas por ti, senhor, vigio,
Nem penso a atroz ausência, amargo-a sim,
Porque a teu servo deste um adeus frio.
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Nem ouso questionar em meu ciúme
Onde possas estar e o que é que fazes:
Um triste escravo nada mais presume
Salvo onde estás, que a sorte a outrem trazes.
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Tão louco é amor que quer no teu Will
(haja o que houver) nada pensar de vil.
 
(versão de Vasco Graça Moura)
 
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Teu escravo, que mais poderei fazer
Que sempre responder ao teu desejo?
Nada me custa o tempo despender,
Nem eu livre do teu querer me vejo.
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Nem maldigo o não-acabar dest' hora
Em que eu, a vós submisso, o tempo meço
Nem remoo na amarga demora
Por vosso adeus causada, em que me empeço.
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Nem pergunto, no meu ciúme imenso
Pelo que te ocupa nem onde estás.
Assim, quieto escravo, em nada penso
Mais que na alegria que a outros dás.
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Louco o amor, seja a tua vontade
Como for, nunca a terei por maldade.
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http://www.lovers-poems.com/poemas-de-amor-shakespeare-soneto57.html

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 Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência
da Dama a quem queria bem

Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertidos:
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Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando. cristal, em chamas derretido:
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Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
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Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
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Gregório de Mattos
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http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/gregorio_de_mattos.html
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