quinta-feira, 17 de junho de 2010

Poemas de Múcio Lima de Góes, poeta brasileiro e d'outros



 

pirando-me
 


é,
este
poema
não nasceu
para ser escrito
este poema nasceu
para ser como um grito
poema fadado ao infinito
a própria pirâmide do egito

finesse


dona
de uma fineza
absoluta:

na sala, Sartre,
na cama, Sutra.

poemar


quando amar
não tem siso
n
a
u
f
r
a
g
a
r

é preciso

esqueça caetano


venha
me livrar
dessa vidinha à toa,

enquanto
eu fernando,
você outra pessoa:

rapte-me da cama,
leoa!

almanaque


do
bom entendedor
diz-se
que captou
o espírito da coisa.

faz
bem melhor,
eu acredito,
aquele que capta
a coisa


do espírito.


sinfonia para silêncio em sol menor
e assim

quando você
me perceber extinto

não me pergunte
como foi
nem como vou

trago na boca
esse buquê
de vinho tinto

passei
como um vento
que passou


de passagem

viver
sempre foi
esse sufoco.

dizem
que Rimbaud
morreu louco,

Dolores Duran
durou muito
pouco,

James Dean
também
foi algo assim,

de Doris Day
é pouco
o que eu sei,

mas sei
que todos
ultra-passaram o “fim”,

Jimmy, Che,
Joplin, Jobim,
Caymmi, Caim,

e me pergunto,
o que será
de mim?
 







De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
Vinicius de Moraes

OLavo BIlac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"

E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

 







As nações todas são mysterios.
Cada uma é todo o mundo a sós.


Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
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Enviado por Madalena Mendes
qua 16-06-2010 23:08
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