domingo, 21 de novembro de 2010

Não contem com o fim do livro, uma conversa com Umberto Eco



Digestivo nº 468 >>> Não contem com o fim do livro, uma conversa com Umberto Eco Entre os livros que discutem, justamente, o "fim do livro", o melhor, em português, até agora, tem sido Não contem com o fim do livro (Record, 2010), transcrevendo conversações entre Umberto Eco e Jean-Claude Carrière, que trabalhou com Luis Buñuel e Peter Brook. A presença do semiólogo e autor de O Nome da Rosa (1980) e O Pêndulo de Foucault (1988) se justifica, afinal, Eco tem sido um dos principais eruditos a discutir o fenômeno da internet desde o início. Já Carrière, embora homem de teatro e de cinema, tem uma bagagem literária invejável e, ao contrário do que poderia parecer, não defende a "civilização de imagens" preconizada por McLuhan. Fora que o título do volume, ainda que chame a atenção nas livrarias, não corresponde ao seu conteúdo com precisão. Contrariando, mais uma vez, as expectativas, não se trata de um libelo contra os novos "leitores eletrônicos", da Amazon e da Apple, nem mesmo de uma visão apocalíptica sobre a ascensão do Google, ou mesmo de um ataque à suposta "literatura" (ou ao suposto "jornalismo") praticado em blogs. Não contem com o fim do livro, à maneira de Borges, faz uma belíssima defesa da leitura, da cultura e da civilização, abordando o livro como objeto, mas também com conceito e como ferramenta humana, imperecível, na visão de Eco. Séculos ou até milênios de História desfilam nas conversas entre Carrière e o semiólogo, num nível que a própria discussão, avançadíssima, sobre os formatos eletrônicos para leitura, nos EUA, ainda não alcançou. É o velho continente – e, não, o novo – discutindo o que os suportes digitais significam para o Homem, no sentido mais amplo, e, não, para os jornalistas, escritores ou publishers. Talvez as elucubrações de Eco e Carrière não alterem em nada o curso da tecnologia, mas sua perspectiva é fundamental em termos humanísticos. Não contem com o fim do livro deve, portanto, ser lido tanto por quem ama os livros quanto por quem já se acostumou à ideia do desaparecimento do objeto físico "livro". [3 Comentário(s)]



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Sinopse

Umberto Eco e Jean Claude-Carrière, apresentam uma discussão sobre a história e o futuro dos livros. Ao percorrerem cinco mil anos de existência dos impressos, os autores defendem a imortalidade do objeto como o conhecemos, apesar dos e-readers e da internet.
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 Sobre o autor:



ECO, UMBERTO
Nascido em Alexandria, Umberto Eco fez Doutorado na Universidade de Turim aos 22 anos. É conhecido como semiólogo, crítico literário e novelista, e obteve fama internacional com o livro ''O Nome da Rosa''. Ampliou o uso da semiótica até a ficção, combinando vários gêneros, teoria literária, estudos medievais e exegese bíblica. É autor de vários livros.

CARRIERE, JEAN-CLAUDE
Jean-Claude Carrière nasceu em Colombières-sur-Orb, na França, em 1931. Publicou seu primeiro romance em 1957. Em 1961, tornou-se diretor de cinema, mas se celebrizou como roteirista, parceiro dos cineastas Luis Buñuel, Jean-Louis Barrault, Jacques Tati, Peter Brook, Andrzej Wajda, Milos Forman, Louis Malle e Jean-Luc Goddard. Carrière assina os roteiros de grandes filmes, como A bela da tarde (1967), O discreto charme da burguesia (1972), Esse obscuro objeto do desejo (1977) e A insustentável leveza do ser (1988). Em 1962, ganhou um Oscar de melhor curta-metragem. Sua carreira de dramaturgo se iniciou em 1968. Sete anos depois, começou a escrever para televisão.
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