quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Alexandre O'Neill em 3 poemas




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 18 de Outubro de 2009.
  Não se pode salvar o Mundo, mas se fizeres algo de bom e criativo serás um filho da puta a menos."
 
Tchalê Figueira
Artista plástico cabo-verdiano
 Alexandre O'Neill em 3 poemas
A Bicicleta
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O meu marido saiu de casa no dia
25 de Janeiro. Levava uma bicicleta
a pedais, caixa de ferramenta de pedreiro,
vestia calças azuis de zuarte, camisa verde,
blusão cinzento, tipo militar, e calçava
botas de borracha e tinha chapéu cinzento
e levava na bicicleta um saco com uma manta
e uma pele de ovelha, um fogão a petróleo
e uma panela de esmalte azul.
Como não tive mais notícias, espero o pior.

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Alexandre O'Neill
Auto-retrato
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O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...

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Alexandre O'Neill
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http://www.blood-pack.com/index025.htm
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