domingo, 6 de março de 2011

Presença Africana - Alda Lara


in "http://keroestaraki.multiply.com/journal/item/581"
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 E apesar de tudo,

ainda sou a mesma!

Livre e esguia,

filha eterna de quanta rebeldia

me sagrou.

Mãe-África!

Mãe forte da floresta e do deserto,

ainda sou,

a irmã-mulher

de tudo o que em ti vibra

puro e incerto!...



- A dos coqueiros,

de cabeleiras verdes

e corpos arrojados

sobre o azul...

A do dendém

nascendo dos abraços

das palmeiras...

A do sol bom,

mordendo

o chão das Ingombotas...

A das acácias rubras,

salpicando de sangue as avenidas,

longas e floridas...



Sim!, ainda sou a mesma.

- A do amor transbordando

pelos carregadores do cais

suados e confusos,

pelos bairros imundos e dormentes

(Rua 11...Rua 11...)

pelos negros meninos

de barriga inchada

e olhos fundos...



Sem dores nem alegrias,

de tronco nu e musculoso,

a raça escreve a pPresença Africana,

a força destes dias...



E eu revendo ainda

e sempre, nela,

aquela

longa historia inconseqüente...



Terra!

Minha, eternamente...

Terra das acácias,

dos dongos,

dos cólios baloiçando,

mansamente... mansamente!...

Terra!

Ainda sou a mesma!

Ainda sou

a que num canto novo,

pura e livre,

me levanto,

ao aceno do teu Povo!...

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Fonte: betogomes.sites.uol.com.br/ 
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