quarta-feira, 30 de março de 2011

Rainer Maria Rilke - Biografia e Bibliografia


RAINER MARIA RILKE
Rainer Maria Rilke (1875 - 1926) foi um escritor austríaco, nascido em Praga no dia 4 de dezembro, considerado um dos poetas modernos mais importantes e inovadores da literatura alemã, por seu estilo preciso, pelas imagens simbólicas e suas reflexões. Trabalhando com os limites sensoriais da existência, da melancolia, a sua poesia traduz o fundamento da busca de ser.
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Poeta hermético e deslumbrante, filho da pobreza, os seus poemas traduzem a angústia de um ser inadaptado. Rainer Maria Rilke acumulava às suas circunstâncias vitais o fato de ser homossexual em uma sociedade especialmente repressiva. A solidão e a angústia o levaram a um profundo existencialismo e seu trabalho influenciou os escritores dos anos 50, tanto na Europa como na América do Norte.
"Versos não são o que as pessoas imaginam: simples sentimentos... Eles são experiências. Para a construção de um simples verso, é preciso ver muitas cidades, homens e coisas, é preciso conhecer os animais, é preciso perceber como os pássaros voam e conhecer o movimento que uma flor abre pela manhã"
In:---. Os cadernos de Malte Laurids Brigge
BIOGRAFIA

Filho de Josef Rilke e Sophie Entz, Rilke teve inúmeros traumas precoces em sua existência. Até os 5 anos de idade, "Phia", sua mãe, o vestia com roupas de menina, para compensar a perda de uma filha recém-nescida. Seus pais se separaram ele tinha nove anos. Mais tarde, um irmão (Hugo) suicidou-se. Para ulminar, o pai o enviou para a Academia Militar de St. Pölten e Mahrisch- Weisskirchenn, onde muito ele sofreu. Depois, foi matriculado na escola de negócios em Linz. Também trabalhou na firma de advocacia de seu tio.
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A infância foi solitária e repleta de conflitos emocionais. Os estudos, em Literatura e História da Arte, foram realizados nas Universidades de Praga, Munique e Berlim. Suas primeiras obras publicadas foram poemas de amor, aos 19 anos, intitulados Vida e canções – LEBEN UND LIEDER (1894), usando o nome de René Rilke.
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Em 1897, Rilke conheceu Lou Andréas-Salomé (1861 - 1937), uma mulher 15 anos mais velha e filha de um general russo, que passará a ter enorme influência sobre sua vida. É ela que o anima a assumir o compromisso estético e artístico. Inteligente e relacionada com as correntes do pensamento contemporâneo, Lou Andréas-Salomé também foi casada com o orientalista Friedrich Carl Andréas e fascinou intelectuais da envergadura de Schnitzler y Nietzsche. Nessa viagem pela Rússia estabelece amizade com Tolstoi.
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Na mesma época, descobre o sucesso, com Romance do amor e morte do Alferes Cristobal Rilke, uma obra de caráter neo-romântico. Dois anos depois, viajaria a terras russas. Movido pela beleza da paisagem, tanto quanto pela dimensão espiritual das pessoas com quem manteve contato na Rússia, Rilke desenvolveu a crença de que Deus estaria presente em todas as coisas. Esses sentimentos encontraram expressão poética em Histórias do bom Deus (1900).
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Depois de 1900, Rilke eliminaria de sua poesia o lirismo vago que, ao menos em parte, havia movido os simbolistas franceses e, em troca, adotou um estilo preciso e concreto, de que podem ser exemplos as obras O livro das imagens (1902; ampliado em 1906) e a série de versos O livro das horas (1905), que se constitui de três partes: O livro da vida monásticaO livro do peregrino e O livro da pobreza e da morte, este consolidou o seu nome como grande poeta, pela variedade e riqueza de metáforas e por suas reflexões quase místicas sobre as coisas. Essas obras são calcadas em sua fase de pobreza, assim comoIrmão e irmã.
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Já em Paris, ele se enamora da pintora Paula Becker, mas, em 1901, casa-se com uma discípula de Rodin, Clara Westhaff. Eles tiveram uma filha, Ruth, porém o casamento durou apenas um ano. Pouco depois se separam, embora tenham sido amigos por toda a vida. Nessa época, Rilke conheceu Cézanne e o escultor Auguste Rodin, de quem foi secretário, de 1905 a 1906, e sobre quem escreveu um ensaio estético. Rodin ensinou o poeta a contemplar a obra de arte como uma atividade religiosa e a construir seus versos de forma consistente e completa como se esculturas. Os poemas desse período aparecem em Novos Poemas – NEUE GEDIGHTE (2 volumes, 1907-1908).
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Até o início da Primeira Guerra Mundial, Rilke viveu em Paris, de onde realizou viagens pela Europa e pelo norte da África. De 1910 a 1912, passou a viver no castelo de Duino, perto de Trieste (Itália), e ali escreveu os poemas que compõem a obra A vida de Maria (1913), os quais o compositor alemão Paul Hindemith viria a musicar. É, também, dessa fase o início da construção deElegias de Duino (1912 - 1923), obra onde começa a se fazer sentir a influência do pensamento filosófico de Sören Kierkegaard. Em sua obra em prosa mais importante, Os cadernos de Malte Laurids Brigge – DIE AUFZECHNUNGEN DES MALTE LAURIDS BRIGGE (1910), história que começou a escrever em Roma (1904), empregou corrosivas imagens para transmitir as reações que a vida em Paris provoca em um jovem escritor – curiosamente, muito parecido com ele mesmo, notadamente calcadas no pensamento existencialista. Nessa obra, ele irá relatar experiências pessoais de um poeta dinamarquês expatriado em Paris e que revelam sua vida difícil.
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Em 1913, Rilke voltou a Paris mas foi forçado a voltar para a Alemanha por conta da Primeira Guerra Mundial. O Castelo Duino foi bombardeado, arruinado e as propriedades de Rilke foram confiscadas na França. Ele serviu no Exército austríaco e encontrou Werner Reinhart, que era proprietário do Castelo Muzot, em Valais, onde passou a residir.
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Durante quase toda a Primeira Guerra Mundial, Rilke residiu em Munique, e em 1919 mudou-se para Sierre (Suiça), onde se estabeleceu definitivamente, salvo quando nas viagens ocasionais a Paris e Veneza. Ali, ele completou as Elegias de Duino e ainda escreveu, na época, uma série de poemas, Vergers, além dos Sonetos a Orfeu (1923). Esse ciclo é considerado o mais importante de toda a obra. As "Elegias" apresentam a morte como uma transformação da vida em uma realidade interior que, junto com a vida, formam um todo unificado. A maioria dos sonetos canta a vida e a morte como uma experiência cósmica.
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Rilke faleceu de leucemia, em 29 de dezembro de 1926, em Valmont (Suíça). A doença que o levou à morte foi contraída por conta do envenenamento causado por um espinho de rosa, que o feriu enquanto cuidava do jardim do castelo Muzot, na Suíça, onde viveu retirado nos últimos anos de sua vida. Na sua tumba, um epitáfio por ele mesmo escrito assim diz:
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Rosa, oh contradição pura, prazer

Ser o sonho de nada debaixo de tantos

"párpados"?

Quinze dias após seu falecimento, o grande escritor Robert Musil disse a seu respeito, na homenagem que lhe foi prestada em Berlim: "Este grande poeta não fez outra coisa levar a poesia alemã, pela primeira vez, a sua consumação total."
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Uma importante parte dos escritos de Rilke são suas cartas (para Marina Tsvetarva, Auguste Rodin, André Gide, H.v.Hofmannstahl, Boris Pasternak, Stefan Zweig, e outros), que forma publicadas postumamente.
Hora severa (Das Buch der Bilder)

Quem neste instante chora em algum lugar do mundo,
sem motivo chora no mundo,
me chora.
Quem neste instante ri em algum lugar na noite,
sem motivo ri na noite,
se ri de mim.
Quem neste instante caminha em algum lugar no mundo,
sem motivo caminha no mundo,
caminha até mim.
Quem neste instante morre em algum lugar no mundo,
sem motivo morre no mundo,
me observa.
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Alguns de seus poemas 

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