segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

No meu jardim - Poema de Miguel Torga

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Enviado por  em 27/07/2011
No meu jardim 


No meu jardim aberto ao sol da vida,
Faltavas tu, humana flor da infância
Que não tive...



E o que revive
Agora
À volta da candura
Do teu rosto!



O recuado Agosto
Em que nasci
Parece o recomeço
Doutro destino:



Este, de ser menino
Ao pé de ti...



MIGUEL TORGA, in DIÁRIO VIII (1959), in ANTOLOGIA POÉTICA (Coimbra, 4ª ed., 1994)



Miguel Torga in ANTOLOGIA POÉTICA (Coimbra, 4ª ed., 1994)




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Partilhado por Jorgete Teixeira

domingo, 29 de janeiro de 2012

Salmos 84, 121 e 150


Salmo 84


1QUÃO amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos!
2A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.
3Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.
4Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente. (Selá.)
5Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.
6Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.
7Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.
8SENHOR Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; inclina os ouvidos, ó Deus de Jacó! (Selá.)
9Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.
10Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios.
11Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o SENHOR dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.

SENHOR dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança.


Salmo 121

1LEVANTAREI os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro.
2O meu socorro vem do SENHOR que fez o céu e a terra.
3Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.
4Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.
5O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita.
6O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.
7O SENHOR te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.

O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre


Salmo 150


1LOUVAI ao SENHOR. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder.
2Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza.
3Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa.
4Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos.
5Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes.
6Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR. Louvai ao SENHOR.



Ouvir em

Saint Paul Cathedral Choir:Psalm 84, Psalm 121 and Psalm 150

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

No Dia do Holocausto



27/1
Como hoje é o dia que se evoca a memória do Holocausto...

"Amanhã fico triste,
Amanhã.
Hoje não. 
Hoje fico alegre.
E todos os dias,
por mais amargos que sejam,
Eu digo:
Amanhã fico triste,
Hoje não.
Para Hoje e todos os outros dias!!"

Encontrado na parede de 1 dormitório de crianças do campo de extermínio nazista de Auschwitz.
 ·  · 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Histórica Livraria Portugal vai encerrar


  


Lisboa

23.01.2012 - 12:47 Por PÚBLICO
  •    
Livraria lisboeta fecha portas ao fim de 70 anosLivraria lisboeta fecha portas ao fim de 70 anos (Miguel Madeira)
 A Livraria Portugal, a funcionar há sete décadas na Rua do Carmo, no Chiado, em Lisboa, vai encerrar devido à quebra nas vendas, revelou um dos sócios, António Machado. A histórica livraria, que faria 71 anos em Maio, chegou a ter 50 funcionários, restando hoje cerca de uma dezena.
A livraria é propriedade da Dias & Andrade Lda, que deverá ceder o espaço a outro negócio dentro de dois meses. António Machado, que trabalha na Livraria Portugal há 40 anos, afirmou que a situação começou a tornar-se "insustentável com as grandes alterações no mercado livreiro, a quebra das vendas e a insuficiência de meios para pagar as despesas".

"Os livros vendem-se hoje em todo o lado: nas grandes superfícies, na Internet, nos correios, a preços e com condições que não podemos acompanhar", referiu o livreiro, citado pela Lusa. Dado o agravamento da situação económica, e após os maus resultados nas vendas durante o período do Natal, os sócios decidiram há poucos dias, em reunião da assembleia geral, ceder o espaço a outra empresa.

A Livraria Portugal é uma livraria generalista, que vende desde romances e livros técnicos a dicionários. Com dois pisos no centro histórico de Lisboa, o espaço foi frequentado por escritores portugueses de renome como Fernando Namora, Aquilino Ribeiro e Jaime Cortesão. 

"O que me dói mais é que contactámos livreiros para tentar deixar este espaço a quem continue no mesmo negócio, mas nenhum se mostrou interessado", lamentou António Machado. 

Os funcionários serão indemnizados, mas a empresa não irá ser dissolvida, mantendo em sua posse o nome registado de Livraria Portugal.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Miguel Esteves Cardoso ~ O que Distingue um Amigo Verdadeiro

* Miguel Esteves Cardoso

O que Distingue um Amigo Verdadeiro Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.

Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta.

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem. É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c.

Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. E fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser. 

O Dia Seguinte De Luiz Francisco Rebello



O Dia Seguinte


De Luiz Francisco Rebello, publicada, em 1954, no volume coletivo Encontro, a peça O Dia Seguinte foi reeditada no primeiro volume de Teatro do autor, com O Mundo Começou às 5 e 47 e Alguém Terá que Morrer, em 1959. Vindo a ser objeto de várias traduções e sucessivas representações no estrangeiro, a sua estreia no Teatro Nacional, em 1952, foi proibida pela censura, sendo representada apenas em 1963, depois de ter sido levada à cena em Paris, em Espanha, no Brasil, na Bélgica e em Israel. No posfácio a Teatro I, o autor integra o texto numa fase "experimental" que atravessou entre 1946 e 1951, considerando O Dia Seguinte a sua peça preferida por ser a que realiza melhor a sua conceção de teatro: "Partindo de uma base realista, mas voltando deliberadamente as costas a todo o realismo literal de superfície; procurando captar a vida na sua totalidade, e por isso misturando propositadamente o real e o imaginário, o que foi e o que poderia ter sido; situando as personagens num mundo acima do espaço e do tempo que é, ou pretende ser, a transposição mítica do mundo fechado em que vivemos - O Dia Seguinte vale, pelo menos, como documento de uma época batida por todos os desesperos e rica de todas as promessas." (cf. posfácio a Teatro I, 1959, p. 225). Depois de a vida lhes ter tirado tudo, "amor, confiança, coragem", não vendo nenhuma solução para a sua miséria, um jovem casal decide suicidar-se, dizendo não a uma vida que não traria futuro ao filho que em breve iria nascer. Depois da morte, são julgados e acusados de traição por não terem feito "do próprio desespero uma razão para lutar". As cenas retrospetivas e as visões de acontecimentos que não ocorreram porque as personagens com a sua desistência os impediram, a introdução de personagens hipotéticas pautam a noite que conduzirá ao "dia seguinte" e ao fim de "tudo o que foi e tudo o que não chegou a ser... tudo o que nunca será". Deste modo, o "dia seguinte a que alude o título da (...( peça não é apenas o primeiro dia da morte dos seus protagonistas - mas o primeiro dia da vida que eles não souberam ou não lhes pareceu possível viver" (cf. posfácio a Teatro I, 1959, p. 225).

O dia seguinte
Um jovem casal ,com um filho prestes a nascer, e não aguentando as dificuldades financeiras em que vive, decide suicidar-se. Já mortos, são chamados a prestar contas dos seus dias em vida, o que os leva a reviver os seus momentos mais importantes, desde os mais optimistas e esperançados no futuro aos de desespero que os levam à própria morte e à negação da vida do filho. Assim são levados a reconhecer o erro que cometeram, mas já é tarde de mais. Mas fora do drama deste casal, outros homens não renunciam à vida e lutam para que "o dia seguinte" valha a pena ser vivido.
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Apesar do drama das personagens, esta peça é marcada por uma ideia de esperança na humanidade e na marcha imparável da vida que, apesar das dificuldades que muitas vezes se impõem ao individuo, traz sempre um " dia seguinte", uma nova luz que renasce todas as manhãs. «Vale pelo menos como documento de uma época batida por todos os desesperos e rica de todas as promessas.» ( L.F: Rebello, pósfácio de Teatro I)
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Drama em um acto, estreia-se no Théâtre de la Huchete, a 12 de Janeiro de 1953 (tradução francesa de Claude-Henri Frèches e encenação de Jean Marcellot)
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A sua estreia em Portugal estava prevista para a 19 de Abril de 1952, no Teatro D. Maria II, mas foi cancelada por proibição imposta pela censura.
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«A verdade é que "o Dia Seguinte" não podia agradar à ditadura fascista; era um protesto e era, simultaneamente, um grito de esperança, uma afirmação de confiança no futuro, isto numa época de desespero, na época em que o imperialismo arrastava o sabre atómico e o fascismo odiava tudo quanto lhe cheirasse a certeza, à vitória de um dia seguinte - dia que não era seu... »
Mário Castrim in Diário de Lisboa, data desconhecida

O levantamento desta proibição apenas se deu cerca de 10 anos mais tarde, estreando-se por isso a 15 de Fevereiro de 1963 no Teatro Nacional D. Maria II com a encenação de Pedro Lemos. Em 2 de Maio é também representada no Teatro Moderno de Lisboa, dirigida por Paulo Renato. Numa encenação de Correia Alves, foi transmitido pela RTP em 23 de Fevereiro de 1976.
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Desta peça resultam várias traduções estrangeiras. Para além da já referida tradução francesa, Le Lendemain, publicada na Revue Théâtrale em 1952, e da tradução de Luís Saraiva, Le jour Suivant estreada no Festival de Teatro Universitário de Moncton , Canadá , em Fevereiro de 1967, é de destacar a tradução espanhola de Eduardo Sánchez, estreada em Valência pelo Teatro de Câmara " El Paraiso ", a 12 de Abril de 1953, e publicada na revista "Teatro" de Madrid (nº 14), em 1955 ; e também a versão de Carlos-José, estreada em Madrid pelo Teatro de Câmara «TOAR», a 12 de Maio de 1956, e mais tarde transmitida pela TV espanhola.Handen von Morgen é a tradução flamenga de Marcel de Baecker, levada à cena pelo "Tonelsstudio 50 ", de Gand, em 20 de Janeiro de 1960 e reposta em cena pelo grupo de teatro experimental "Yver doet Leeren", também de Gand, em 20 de Março de 1970. Arrigo Repetto é responsável pela tradução italiana Il Giorno Dopo , publicada na revista " Il Dramma" em Dezembro de 1968, representada em 1970 no Teatro Valle, de Roma , em várias outras cidades italianas , e trasmitida pela TV da Suiça Italiana em 29 de Agosto de 1974. Przebudzenie, é o nome dado à tradução polaca da Danuta Zmij-Zielinska e Witold Wojciechomski, publicada na revista "Dialog", de Varsóvia, em Outubro de 1974. A tradução para alemão, Das Erwachen, por Peter Ball, foi tansmitida pela Rádio da Republica Democrática Alemã em 1976, havendo também outra versão nesta lingua de J. F. Branco, editada numa antologia de Teatro Português Contemporâneo pela Henschelverlag ( RDA ) no ano de 1978.
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Esta peça foi ainda traduzida para hebraico, por Alex Hadary, japonês, pela Prof.ª Nonoyama, inglês, por Bob Vincent e húngaro, por Miklos Hubay, o que permitiu a sua representação em países tão diversos como a Bélgica, Israel, Jugoslávia, Áustria e com destaque para o Brasil onde tem sido levada ao palco por vários grupos entre os quais o Teatro do Estudante do Panamá, dirigido por Armando Maranhão, em Julho de 1972.
CITI ]

3 poemas de Alberto Caeiro


É Talvez o Último Dia da Minha Vida

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, para lhe dizer adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

*****
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Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,

A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito.
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
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Alberto Caeiro
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Escrito em 12-4-1919.

*****

Uma gargalhada de raparigas soa do ar da estrada.
Riu do que disse quem não vejo.
Lembro-me já que ouvi.
Mas se me falarem agora de uma gargalhada de rapariga da estrada,
Direi: não, os montes, as terras ao sol, o Sol, a casa aqui,
E eu que só oiço o ruído calado do sangue que há na minha vida dos dois lados da cabeça.


. Alberto Caeiro