quinta-feira, 1 de agosto de 2013

"Uma Verdade Incómoda", de John Le Carré

Expresso

"Uma Verdade Incómoda", de John Le Carré

John Le Carré lançou na semana passada em Inglaterra o seu 23º romance. A Portugal "Uma verdade Incómoda" só chega em junho, numa edição D. Quixote.
Cristina Margato
 


O novo livro de John Le Carré,"Uma Verdade Incómoda", dificilmente deixa espaço para a esperança. A desolação é provavelmente o sentimento que prevalece no fim, perante a enorme incompetência e a inevitável e consequente maldade de quem nos governa guiado por interesses obscuros.
Para John Le Carré, que como confessa, sabe bem o que o leitor há-de sentir no momento em que fecha o livro, a explicação deve-se a uma aguda falta de esperança. "Continuo à procura dela (da esperança) para perceber onde é que os meus filhos e netos irão viver. A grande desvantagem de ser velho é perceber que pouco ou nada muda".
Crítico de Tony Blair, por ter levado "um país para guerra a partir de falsos pressupostos", Le Carré também não pouco críticas a Thatcher, e ao legado que ela deixou: "Quando comecei a escrever, na Guerra Fria, tínhamos de saber que não estávamos do lado errado, e sabíamos isso. Continuo a saber de que lado estou, mas cresci até um estado de ceticismo perante os políticos". Sentimento, que John Le Carré partilha com o homem comum: "Não temos fé nas autoridades, nos políticos, no serviço nacional de saúde ou na polícia".
"Uma verdade Incómoda", pretexto para esta conversa com o Expresso, é de resto um dos seus romances mais autobiográficos, metáfora de uma corrida à guerra do Iraque e das mentiras que a antecedem.
Para o romance criou duas versões de si próprio, dois homens que apesar de terem cerca de 30 anos de distância têm em comum algo primordial no universo do escritor, uma ética rigorosa: "Serviram o seu país com lealdade até não aguentarem mais e serem levados a fazer um protesto pessoal, usando canais ortodoxos."
Se o protesto parece não parece funcionar, a verdade é que o escritor defende acima de tudo o dever de protestar enquanto compromisso maior connosco e com a sociedade, nem que seja porque "Cristo também morreu na cruz!




Uma Verdade Incómoda
Por: John le Carré
Edição: Dom Quixote
Título original: A Delicate Truth
Páginas: 368
PVP: 18,90 €
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Chega esta semana às livrarias, pelas «mãos» da Dom Quixote, o mais recente thriller de espionagem de John le Carré.

Confira abaixo a sinopse de Uma Verdade Incómoda
Uma operação de contraterrorismo, batizada com o nome de código Vida Selvagem, está a ser montada na mais preciosa colónia britânica - Gibraltar. O seu objetivo: capturar e raptar um importante comprador de armas jihadista. Os seus autores: um ambicioso ministro dos Negócios Estrangeiros e um fornecedor privado de equipamentos de defesa que é também seu amigo íntimo. A operação reveste-se de tal delicadeza que nem o chefe de gabinete do ministro, Toby Bell, tem acesso a ela.

Suspeitando de uma desastrosa conspiração, Toby procura preveni-la, mas é rapidamente colocado no estrangeiro. Três anos decorridos, chamado por Sir Christopher Probyn, um diplomata britânico aposentado, ao seu arruinado solar da Cornualha, e seguido de perto pela filha de Probyn, Emily, Toby vê-se obrigado a escolher entre a sua consciência e o dever para com o serviço.

Mas, se a única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons nada façam, como pode ele manter-se calado?

http://www.revista21.net/2013/06/uma-verdade-incomoda-john-le-carre.html 

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