sábado, 13 de junho de 2015

Álvaro Cunhal, político e humanista



As "últimas" palavras de Álvaro Cunhal em 2005

"É minha vontade ser incinerado no forno crematório e que as cinzas sejam espalhadas na terra ou canteiros de flores do cemitério.

É também minha vontade, que peço ao meu Partido que respeite, que no funeral não sejam pronunciados quaisquer discursos.

É-me também particularmente grata a ideia de que poderão querer (seja-lhes ou não possível fazê-lo) despedir-se de mim nesse dia, designadamente:

- camaradas meus, dos mais responsáveis aos mais modestos e desconhecidos, junto com os quais, antes e depois do 25 de Abril, lutei até aos últimos dias de vida (sempre com confiança no futuro) pelos interesses e direitos dos trabalhadores, por uma sociedade de liberdade e democracia, pelo bem do nosso povo e da nossa pátria, pelo nosso partido como partido da classe operária, dos trabalhadores, de todos os explorados e ofendidos, por uma sociedade socialista;

- também familiares a quem muito quero, antes de mais a filha querida e seus filhos, a irmã, a companheira mulher amada e outros familiares próximos, aos quais, mesmo quando longe, me ligaram, e ligam, até aos últimos momentos de vida, os mais profundos e ímpares sentimentos de amor e ternura;

- e ainda amigos sem partido, e homens, mulheres e jovens que me habituei a estimar e a respeitar, e a muitos dos quais me ligaram profundas relações de amizade e compreensão;

- outros que queiram estar presentes, com respeito pelo que como comunista fui toda a vida, com virtudes e defeitos, méritos e deméritos como todo o ser humano.

A todos desejo que, vida fora, realizem os seus sonhos."

Álvaro Cunhal


2005 - a última "caminhada"

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