sábado, 4 de julho de 2009

Wagner em Bayreuth, de Friedrich Nietzsche

Literatura
Julio Daio Borges
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Sinopse

O encontro entre Wagner e Nietzsche é dos mais significativos na história da cultura alemã, já que um intenso diálogo se desenvolveu entre os dois. Nesse ensaio, Nietzsche procura adotar o ponto de vista do próprio Wagner para questionar a delimitação de fronteiras entre arte e vida, e narrar a trajetória do compositor. Comentando a construção do teatro de Wagner em Bayreuth e várias de suas obras musicais, investiga os caminhos pelos quais o artista cria a arte e a si mesmo.
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Digestivo nº 408
>>> Wagner em Bayreuth, de Friedrich Nietzsche
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Foi em 1868 – outro ano que não terminou – que o orientalista Hermann Brockhaus promoveu um dos encontros mais importantes da história da cultura alemã, apresentando o jovem filólogo Friedrich Nietzsche ao já respeitado compositor de óperas Richard Wagner. “Ele corresponde a todas as minhas expectativas”, registraria Nietzsche sobre Wagner. “Ele é o mais significativo de nossos amigos”, registraria, pelo seu lado, Cosima Wagner, mulher do compositor, sobre Nietzsche. Equivalente ao encontro do consagrado Goethe com o jovem Schiller, as conversas entre Nietzsche e Wagner resultaram no conceito de “obra-de-arte total”, do último, e em toda a relação entre vida e arte, que o primeiro elaboraria pela existência afora. Felizmente, para nós, restou Wagner em Bayreuth, o texto em que Nietzsche, subindo nos ombros de Wagner, reflete sobre a arte moderna e sobre como reconduzi-la ao seu ideal. Depois de ler, Wagner afirmaria: “Amigo! Seu livro é extraordinário! Como pôde aprender a me conhecer de tal modo?”. Já no século XIX, Nietzsche desdenharia do público que procurava, na arte, apenas diversão. Seu ideal de arte, a tragédia grega, não era exatamente “um divertimento”. Apoiando-se, justamente, no exemplo da mitologia grega, Wagner procuraria se inspirar nos mitos nascidos das tradições do povo alemão e levaria suas obras para um teatro novo, que teria de ser construído especialmente para tal – entre Berlim e Munique –, Bayreuth. Nietzsche queria que o homem moderno deixasse de ser um trabalhador “dócil e útil” – “entorpecido e embotado” pela diversão da arte moderna –, redescobrindo-se livre, para reconquistar sua natureza, através da criação de sentido para sua própria existência. Será que um teatro, um artista e um filósofo seriam capazes de tanto? A introdução de Anna Hartmann Cavalcanti não nos responde, mas nem precisaria, uma vez que nos conduz irresistivelmente à leitura Wagner em Bayreuth.
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>>> Wagner em Bayreuth
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in Digestivo Cultural
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