domingo, 3 de fevereiro de 2008

CANCIONEIRO ALENTEJANO - Letras e Músicas






























INTRODUÇÃO



1. O Cancioneiro, que divulgamos nesta página, foi recolhido junto de alguns “mestres” do cante e apoiado em outros cancioneiros e documentos reunidos pela MODA .



Os “mestres” que colaboraram na recolha foram:



Ermelindo Galinha (“Ceifeiros de Cuba”)



Joaquim Soares (“Cantares de Évora”)



José Carlos Castro (“Os Amigos do Barreiro”)



José Coelho (Ex-“Os Amigos do Barreiro”)



Luís Franganito (“Os Rurais” de Figueira de Cavaleiros)



Os Cancioneiros que a MODA utilizou como complemento neste trabalho foram o “Subsídio para o Cancioneiro Popular do Baixo Alentejo” , de Manuel Joaquim Delgado, o “Estudos sobre o Cante Alentejano” , do Padre António Marvão, o Cancioneiro do Grupo Coral “Cantares de Évora” , o “Cancioneiro de Serpa” , de Maria Luiz Ortigão Cortez e “As Modas que o Povo Canta” , de Luís Franganito.



2. Numa primeira fase foi efectuada, “de memória” , uma listagem das modas que fazem parte do repertório tradicional dos Grupos e que originou a lista não exaustiva e incompleta de 231 modas, que consta nesta página. Esta listagem tem vindo a ser trabalhada, através da eliminação de modas que não foram consideradas originais e ampliada com outras não consideradas inicialmente.



A recolha obedeceu à preocupação de apenas reunir “modas” do repertório tradicional , ainda presentes na memória dos mestres citados, de acordo com os seguintes critérios:



Modas que conservam a música e o estilo originais, sem adulteração;



Modas que conservam o texto e a estrutura originais, podendo existir, no entanto, algumas diferenças resultantes do “modo de cantar” de região para região.



Foram, por isso, excluídas as modas que resultam da substituição dos versos das modas originais por outros que nada têm a ver com o conteúdo da moda, mas copiando-lhe a respectiva música, quebrando a autenticidade do Cancioneiro.



Por esse motivo, as modas deste Cancioneiro não têm indicação de autores ou de localidades de origem; as modas são o “património do Cante” , modelado pelo tempo, e transmitido de memória ao longo de gerações.



3. Este Cancioneiro será, porém, aperfeiçoado progressivamente, através das críticas, sugestões e contributos que nos chegarem de outros Mestres e cantadores. Tais contributos poderão significar, nomeadamente, a exclusão de algumas modas agora incluídas e que não estejam a respeitar os critérios acima enunciados, ou a inclusão de outras, ainda “vivas” e cantadas e que não foram identificadas pelos Mestres que a MODA reuniu.



Desta forma, estaremos assim a fornecer aos Grupos um instrumento importante para o enriquecimento do seu repertório e em simultâneo a reforçar e melhorar este património insubstituível da nossa região que é o “Cante” Alentejano .



Ainda nesta primeira fase a MODA efectuou uma gravação “a solo” das modas da listagem referida, para que a sua música fique registada, pois deste Cancioneiro apenas um pequeno número de modas constitui hoje o repertório habitual dos Grupos, não estando grande parte delas gravadas, correndo sério risco de cair no esquecimento e de desaparecer. Aquela gravação “a solo”, cujo maior interesse foi a “fixação” da música, é um instrumento de trabalho dos Grupos associados da MODA.



4. Numa 2ª fase, iniciada no final de 2003 a MODA , juntamente com os “mestres” Ermelindo Galinha , Joaquim Soares e José Carlos Castro , tem vindo a transcrever as letras de cada uma das “modas”, bem como das quadras ou “cantigas” que lhe estão associadas ou são cantadas habitualmente com elas e como que fazendo parte integrante das mesmas. Essa transcrição é acompanhada da indicação da parte cantada “a solo” pelo “ponto” , da entrada do “alto” e do “coro” , trabalho que se apresenta também nesta “página” e que abrange, para já, um total de 149 modas.



A MODA conta editar este trabalho, em livro , com apresentação do esquema enunciado, que pensamos ser elemento importante para a promoção e um melhor conhecimento da estrutura do cante.



5. O Cancioneiro agora divulgado tem, numa 1ª parte , as “modas” mais “representativas” do cante alentejano , na sua profundidade, solenidade e de maior exigência na qualidade das vozes e do coro , aquelas que são identificadas pela generalidade dos cidadãos como o “cante alentejano” em toda a sua autenticidade e capacidade de expressão do povo daquela região.



Numa 2ª parte , apresentam-se “modas” de estrutura mais simples e ligeira , melodicamente mais alegres e, em que muitas delas tinham uma “utilidade” específica na animação popular , em especial, durante as festas tradicionais do mundo rural, nomeadamente nos Santos Populares, no Entrudo, nas Romarias e que serviam de suporte a festas, bailes, casamentos, “sortes” e por isso conhecidas como “modas dos mastros” , “modas de dança de roda” , etc.



Numa 3ª parte , divulgam-se as modas de carácter religioso de que as mais conhecidas são os “Cantes ao Menino” , as “Boas Festas” , os “Anos Bons” , as “Janeiras” , os “Reis” , entre outras, cantadas na altura daquelas festividades, quase sempre nas ruas, à porta das casas, ou de casa em casa, subsistindo hoje, sobretudo, os “ Cantes ao Menino” , nas Igrejas durante a Missa do Galo.



Numa 4ª parte, apresenta-se um conjunto de modas, quase todas incluídas na 2ª parte, mas cuja estrutura se adaptava bem ao cantar das crianças , pela sua simplicidade e linha melódica, na rua ou no recreio das escolas, cantadas em coro e sem solistas e que hoje são a base do repertório dos Grupos Infantis de cante alentejano.



6. Este Cancioneiro é, assim, um trabalho nunca concluído , sujeito à crítica permanente e que vale a pena preservar. É o nosso contributo sincero para que o “cante” sobreviva ao definhamento do mundo rural e perdure com todo o sentimento das vozes que o entoam.



MODA, 30 de Maio de 2004



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Para a Maria, simplesmente, o Cante Alentejano



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