sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O valor da riqueza

Clicar na imagem para aumentar
* Almeida Garrett


Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.

.
Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'

.

.
imagem - «Publico novamente a "Pirâmide do Sistema Capitalista", enviadapelo amigo Ricardo Melo, agora atualizada para os tempos modernos e corrigida. Clique na figura para vê-la em tamanho real»
.
.
.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Enfim ... Haja paciência


Devido a um lapso do «rapaz» o Windows bloqueou desde 12 de Setembro. Assim, os trabalhos estão suspensos, salvo quando tenho acesso a outro PC. Mas ... não deixem de visitar-me e de comentar, que matéria não falta. Até já !
.
imagem - O pensador - estátua de Rodin

domingo, 7 de setembro de 2008

25 de Abril - «olhares» - «entrevistas» - «verdades» (37)






Clicar nas imagens para ler
.
.
* Victor Nogueira
.
Este artigo «vivencial» e dum «optimismo» quanto a mim algo descabido sobre «os bons velhos tempos» tem interesse para mim. Embora frequentasse o Curso de Artes Decorativas e o tivesse terminado na Escola António Arroio, em Lisboa (Escultura e Pintura), o meu irmão cafuso fez a guerra colonial em Angola, compulsivamente, 1º em zona de combate e depois na rectaguarda, no Hospital Militar de Luanda, como furriel enfermeiro miliciano. Não me lembro de falarmos sobre a sua experiência, mesmo na nossa inúmera e «ligeira» correspondência. Tenho apenas a ideia que a guerra, os mortos e os feridos o traumatizaram profundamente.
.
Tendo sido convidado pelo MPLA a permanecer, veio definitivamente para Portugal quando do cerco a Luanda e a mobilização de todos os angolanos, cerca do 11 de Novembro de 1975, alegando que já lhe chegara o horror duma guerra.
.
Em Lisboa tentou permanecer no respectivo Hospital Militar e seguir a carreira de Medicina, mas foi desmobilizado e o curso de enfermeiro militar não reconhecido na vida civil.
Explorado pelo Centro de Enfermagem de Campo de Ourique, que se servia da sua qualidade de enfermeiro sem contrapartida, acabou por suicidar-se em 26 de Fevereiro de 1986, sem concluir o curso de Medicina.
.
.

sábado, 6 de setembro de 2008

De Vozes Anoitecidas, de Mia Couto:


!"O que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando-se do desejo de serem outros.
.
Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes.
.
Estas estórias desadormeceram em mim sempre a partir de qualquer coisa acontecida de verdade mas que me foi contada como se tivesse ocorrido na outra margem do mundo.

Na travessa dessa fronteira de sombra escutei vozes que vazaram o sol. Outras foram asas do meu voo de escrever. A umas e a outras dedico este desejo de contar e de inventar."

.
Remetido por Madalena Mendes
.
.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Planeta Terra - Racismo? Ainda e com que fundamento?





Sustenido


#, aqui o tom é meio elevado.



Thursday, June 14, 2007



Racismo, Ainda?

.




.
*** (Brasil/Portugal)
.

Ando percebendo no orkut, em plena era digital (nossa!) um monte de gente mulata, mameluca, cafuza... dizendo-se CAUCASIANA!
.
Gente, que vontade de ser branco é essa? Estamos no Brasil. Já temos um histórico considerável de gerações e todo mundo sabe que houve uma mistura louca entre europeus, africanos e índios brasileiros. Aliás, hoje em dia qualquer pessoa sensata sabe que não existem "raças" e sim uma única raça, com subdivisões definidas por detalhes bem bobos, que mais influenciam o fenótipo que o genótipo.
.
Eu acho muita falta de noção definir-se branco só porque é mais claro que a maioria. Sério. Em uma época em que precisamos tanto tolerar as diferenças e respeitar o próximo, atitudes como essa são meio... hipócritas.
.
Basta olhar os traços das pessoas. Narizes com narinas largas, cabelos crespos ou ondulados, baixa estatura ou qualquer coisa assim mostra claramente que a grande maioria dos brasileiros é uma mistura de raças. Não importa se a pessoa tem olho azul, cabelo loiro, isso não prova nada. Dá para notar a diferença entre os "brancos" brasileiros e os brancos europeus.
.
Com excessão de pouquíssimas comunidades bem fechadas nos interiores da região Sul, todo mundo aqui tem sangue de negro e de índio. Vamos aceitar o fato (e nos orgulhar disso). As pessoas dessas comunidades do sul são transparentes, claramente descedentes de uma única raça (pelo menos nas últimas gerações). Elas sim são "caucasianas" (e ainda assim, provavelmente- é isso que a ciência diz até agora- descendentes de africanos).

No orkut há uma opção de etnia chamada "multiétnico", pra quem não sabe.
.

posted by V.S @ 7:53 PM
.
.
.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

José Régio - Circo

3/Set/2008 22:21
.
CIRCO
.
No circo cheio de luz
Há tanto que ver!...
.
"Senhores!"
-Grita o palhaço da entrada,
Todo listrado de cores-
"Entrai, que não custa nada!
À saída é que se paga..."
.
O palhaço entrou em cena,
Ri, cabriola, rebola,
Pega fogo á multidão.
.
Ri, palhaço!
.
Corpo de borracha e aço
Rebola como uma bola,
Tem dentro não sei que mola
Que pincha, emperra, uiva, guincha,
Zune, faz rir!
.
José Régio, As Encruzilhadas de Deus
-
-
Enviado para o colectivo por Ricardo Cardoso
.
.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

José Gomes Ferreira - «Homens do futuro»

Assunto: Homens do futuro Data: 3/Set/2008 22:09

Daqui vos envio mais um poema que transcrevi (acho que o autor não se importaria). Foi publicado com outras versões, creio que esta corresponde à última revisão. (Guilhermina)

* José Gomes Ferreira

«Homens do futuro»
.
ouvi, ouvi este poeta ignorado
que cá de longe fechado numa gaveta
no suor do século vinte
rodeado de chamas e de trovões,
vai atirar para o mundo
versos duros e sonâmbulos como eu.
Versos afiados como dentes de serra em mãos de injúria.
Versos agrestes como azorragues de nojo.
Versos rudes como machados de decepar.
Versos de lâmina contra a Paisagem do mundo
_ essa prostituta que parece andar às ordens dos ricos
para adormecer os poetas.
.
Fora, fora do planeta,
tu, mulher lânguida
de braços verdes
e cantos de pássaros no coração!
.
Fora, fora as árvores inúteis
_ ninfas paradas
para o cio dos faunos
escondidos no vento...
.
Fora, fora o céu
com nuvens onde não há chuva
mas cores para quadros de exposição!
.
Fora, fora os poentes
com sangue sem cadáveres
a iludir-nos de campos de batalha suspensos.
.
Fora, fora com as rosas vermelhas,
flâmulas de revolta para enterros na primavera
dos revolucionários mortos na cama!
.
Fora, fora as fontes
com água envenenada de solidão
para adormecer o desespero dos homens!
.
Fora, fora as heras nos muros
a vestirem de luz verde as sombras dos nossos mortos sempre de pé!
.
Fora, fora os rios
a esquecerem-nos as lágrimas dos pobres!
.
Fora, fora as papoilas,
tão contentes de parecerem o rasto de sangue heróico dum fantasma ferido!
.
Fora, fora tudo o que amoleça de afrodites
a teima das nossas garras
curvas de futuro!
.
Fora! Fora! Fora! Fora!
.
Deixem-nos o planeta descarnado e áspero
para vermos bem os esqueletos de tudo, até das nuvens.
Deixem-nos um planeta sem vales rumorosos de ecos húmidos
nem mulheres de flores nas planícies estendidas.
Um planeta feio de lágrimas e montes de sucata
com morcegos a trazerem nas asas a penumbra das tocas.
E estrelas que rompem do ferro fundente dos fornos!
E cavalos negros nas nuvrns de fumo das fábricas!
E flores de punhos cerrados das multidões em alma!
E barracões, e vielas, e vícios, e escravos
a suarem um simulacro de vida
entre bolor, fome, mãos de súplica e cadáveres,
montes de cadáveres, milhões de cadáveres, silêncios de cadáveres
e pedras!
.
Deixem-nos um planeta sem árvores de estrelas
a nós os poetas que estrangulámos todos os pássaros
para ouvirmos mais alto o silêncio dos homens
_ terríveis, à espera,
na sombra do chão
sujo da nossa morte.»

.

Enviado por Guilhermina


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Osvaldo Navarro e Nicolás Guillén


Maria Silvestre deixou um novo comentário na sua mensagem "Nicolás Guillén - Há muito tempo ...":

Obrigada por esta recordação que um dia ouvi na voz do único Mário Viegas.
Também Osvaldo Navarro lhe dedicou este poema:

GUILLÉN
.
De uma ponta a outra ponta,
abrindo a frente imensa
por entre o povo que pensa
passa Guillén que pergunta.
Passa a palavra junta
porque o povo a destapa.
Altiva como mulata
que entrança o cabelo duro,
como um barco prò futuro
navega Cuba em seu mapa.
.
.

Wikipedia

.

Obra poética

  • Poemas de transición (1927-1931)
  • Cerebro y corazón (1928)
  • Motivos de son (1930)
  • Sóngoro cosongo (1931)
  • West Indies, Ltd. (1934)
  • Cantos para soldados y sones para turistas (1937)
  • España (1937)
  • El son entero (1947)
  • El soldado Miguel Paz y el sargento José Inés
  • Elegías (1948-1958)
  • La paloma de vuelo popular (1958)
  • Tengo (1964)
  • En algún sitio de la primavera (1966)
  • El gran zoo (1967)
  • La rueda dentada (1972)
  • El diario que a diario (1972)
  • Por el mar de las Antillas anda un barco de papel (1977)
  • Sol de domingo
  • Hay Que Tener Bolunta

Referencias

  • Consuelo Hernández, Nicolás Guillén y su legado, MACLAS. Latin American Essays. Middle Atlantic Council of Latin American Studies. Volume XVII. Virginia Commonwealth University. 2004. pp. 50-63.
  • Raquel Chang-Rodriguez, Voces de Hispanoamerica, 3rd Ed. Nicolas Guillen, Thomson Heinle. Boston, 2004. pp. 371-379.

Enlaces externos

.
.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sempre bem-vinda, Maria Papoila II

Capitel árabe, Santarém, NOV2003, © António Baeta Oliveira


Maria Silvestre deixou um novo comentário na sua mensagem "Mértola - na rota islâmica (2)":

OS VIAJANTES da noite murmuram o teu nome
E as areias do deserto derramam sobre quem te pisa
O perfume do almíscar.
E na formosura da invocação sabemos da beleza do invocado
Como pelo verdor das margens se pressente o rio.

(Não nasceu em Mértlola, mas é um dos maiores poetas do Al-Andaluz. Desculpa se é a despropósito, não resisti comentar.)

IBN SARA



Sexta-feira, Dezembro 12, 2003

Ibn Sara, de Santarém
.
Da minha viagem a Santarém, quero mostrar-vos ainda o belo capitel, do século XII, de que falava em A Xantarim e a Ibn Bassam.A ideia foi-me suscitada pela contemporaneidade e semelhança temática do poema de Ibn al-Milh, de Silves, que aqui transcrevi no passado dia 3 de Dezembro, e o poema que pretendo transcrever hoje, de:bn Sara, de Santarém (séc. XII)
.
A Brisa e a Chuva
Buscas consolo no sopro do vento?
Em sua aragem há perfume e almíscar
Que até ti vem, ataviado de aromas,
Fiel mensageiro da tua doce amada.
ar prova os trajes das nuvens
E escolhe um manto negro.
Uma nuvem prenhe de chuva
Acena ao jardim, saúda-o
Vertendo lágrimas nas risonhas flores.
A Terra apressa a nuvem
Para que lhe acabe o manto.
E a nuvem com uma mão

Entretece fios da chuva
E com a outra vai-o enfeitando
Com um bordado a flores.
.
-.


ALVES, Adalberto
.
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987
.
.

.
posted by António Baeta 00:27
.___________________


Quarta-feira, Dezembro 03, 2003


Ibn Al-Milh, de Silves

  • Ibn al-Milh (*)

    O JARDIM brinca com a brisa
    Que, dir-se-ia, ser sua emissária
    No chamamento à festa da alvorada.

    Está ébrio, preso de seus ternos ramos,
    E quando os doces pássaros o cantam
    Ele vai repetindo essa canção.

    Não faltam flores, estratégicos espias
    com seus olhos vigiando namorados.
    E se destacam na folhagem verde
    como luz brilhando sobre as trevas.

ALVES, Adalberto
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987

(*) Ibn al-Milh viveu em Silves no período da taifa dos abádidas, na sequência da queda do califado omíada. Filho de um poeta da corte de Al-Mu'tadid (pai de Al-Mu'tamid), teve sempre grande apego à sua Silves natal, nunca a trocando pela vida palaciana de Sevilha, apesar das insistências de Ibn 'Ammar.
(Nota do apostador)
posted by António Baeta 00:08
.
.

domingo, 31 de agosto de 2008

Nicolás Guillén - Há muito tempo ...


Assunto: HÁ MUITO TEMPO... Data: 30/Ago/2008 5:45


Enviado por M. Guilhermina
Transcrevi este poema para uma dedicatória especial a um amigo cubano que vive em Portugal. Pela riqueza das palavras achei bom partilhá-lho convosco também.
.
HÁ MUITO TEMPO...
.
Quando eu era rapaz
(digamos, há cinquenta anos)
havia gente grande e ingénua
que se assustava com uma zaragata de rua
ou com uma bravata de bêbados
num bar. E diziam:
«Deus meu, que dirão os americanos!»
Para alguns,
ser ianqui, naquela época,
era como ser quase sagrado:
a Emenda Platt, a intervenção
armada, os couraçados.
Então não se podia imaginar
o que hoje é o pão quotidiano:
o rapto de um coronel
gringo ao jeito venezuelano,
ou de quatro agentes provocadores,
como na Bolívia fizeram os nossos irmãos;
nem os definitivos barbudos da Serra, claro.
Há cinquenta anos
na primeira página dos jornais, nada menos,
vinham as últimas notícias do beisebol
vindas de Nova Iorque.
Caramba! O Cincinnati ganhou ao Pittsburg,
e o St. Louis ao Detroit!
(Compre a bola marca ‘Reich’, que é a melhor).
John, o boxeur,
era o nosso modelo de campeão.
Para as crianças, o óleo de Castor Fletcher
era o remédio indicado
em casos (rebeldes)
de enterite ou indigestão.
Um jornal
muito moderno tinha
uma página diária, em inglês, para os ianquis:
«Jornal cubo-americano
com as notícias do mundo».
.
Não havia como sapatos Walk-Over
e pastilhas do Dr. Ross.
O sumo de ananás
deixou de sê-lo:
a Fruit Juice Company
chamou-se ‘Huelsencamp’.
.
Viajávamos para Munson Line até Mobila,
para Southern Pacific até Nova Orleães,
pela Ward Line até Nova Iorque.
.
Havia Nick Carter e Buffalo Bill.
Havia a lembrança imediata gordurenta esférica de Magoon,
gangster oleoso e governador,
entre ladrões e ladrões, Ladrão.
Havia o American Club.
Havia o composto vegetal de Lidia E. Pinkam.
Havia o Miramar Garden
(tão fácil que é dizer jardim em espanhol).
Havia a Cuban Company para viajar de combóio.
Havia a Cuban Telephone.
Havia um tremendo embaixador.
E acima de tudo, cuidado,
os Americanos vêm aí!
(Outras pessoas que não eram tão ingénuas
costumavam dizer:
O quê? Vêm aí?
Mas não estão cá já?)
.
De todas as maneiras,
elas sim eram grandes,
fortes,
honestos até mais não poder.
A nata e a flor.
Eram o nosso espelho
para que as eleições fossem rápidas e sem discussão;
para que as casas tivessem sempre muitos andares;
para que os presidentes cumprissem com a sua obrigação;
para que fumássemos cigarros de tabaco virgínia;
para que mascássemos chewing gum;
para que os brancos não se misturassem com os pretos; .
para que usássemos cachimbos em forma de ponto de interrogação;
para que os funcionários fossem enérgicos e infalíveis;
para que não rebentasse a revolução;
para que pudéssemos puxar a corrente do autoclismo
com um puxão enérgico.
.
Mas aconteceu
que um dia vimo-nos como as crianças que se tornam homens
e descobrem que aquele tio venerávelque as sentava ao colo
esteve preso por falsificador.
Um dia soubemos
o pior.
.
Como e porquê
mataram Lincoln no seu camarote mortuário.
Como e porquê
os bandidos lá são depois senadores.
Como e porquê
há muitos polícias que não estão na prisão.
Como e porquê
há sempre lágrimas na pedra dos arranha-céus.
Como e porquê
Texas foi separado e levado de um só golpe.
Como e porquê
já não são mexicanos o pomar e a vinha da Califórnia.
Como e porquê
os fuzileiros navais mataram a infantaria de Vera Cruz.
Como e porquê
Dessalines viu arreada a sua bandeira em todos os mastros de Haiti.
Como e porquê
o nosso grande general Sandino foi traído e assassinado. .
Como e porquê
nos encheram o açúcar de esterco.
Como e porquê
cegaram o seu próprio povo e lhe arrancaram a língua.
Como e porquê
não é fácil que este nos veja e divulgue a nossa simples verdade.
Como e porquê
.
Vimos de muito atrás, muito atrás.
Um dia soubemos tudo isto.
A nossa memória guarda as suas lembranças.
Crescemos, simplesmente.
Crescemos, mas não esquecemos.
.
Nicolás Guillén
.
.
.

Nicolás Guillén - Wikipedia, the free encyclopedia

Nicolás Guillén from Cervantes Virtual
.
.

sábado, 30 de agosto de 2008

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

25 de Abril - «olhares» - «entrevistas» - «verdades»- (36) - «Honrai a Pátria, que a Pátria vos contempla»

Notícias de Angola - Fotografia de Fernando Farinha (?)














clicar nas imagens para ler
.
.
in Correio da Manhã - Domingo - 2008.08.10
Texto - Bruno Contreiras Mateus
Fotografia - Sérgio Lemos
.
.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

OS PÁSSAROS BRANCOS - William Butler Yeats





OS PÁSSAROS BRANCOS

.
* William Butler Yeats

.
.
Quem me dera que fôssemos, amor, pássaros brancos sobre a espuma do mar!
Cansamo-nos da chama do meteoro antes de ele fugir e se extinguir;
E a chama da estrela azul do crepúsculo, suspensa sobre a orla do céu,
Despertou nos nossos corações, amor, uma tristeza que não pode morrer.
.
Humedecida de orvalho chega uma lassitude daqueles que sonharam o lírio e a rosa;
Oh, não sonhes com eles, amor, a chama do meteoro que passa,
Ou a chama da estrela azul que se detém suspensa na queda do orvalho,
Pois quem me dera que nos tornássemos pássaros brancos sobre a espuma errante: eu e tu!
.
Estou assombrado por inúmeras ilhas e muitas praias de Danaan
Onde o Tempo certamente nos esqueceria e a Tristeza não mais se aproximaria de nós;
Em breve estaríamos longe da rosa e do lírio e seríamos consumidos pelas chamas,
Se ao menos fôssemos pássaros brancos, amor, flutuando na espuma do mar!
,

.
Compartilhado por Maria G.
.
Creio que também apreciarás o poema de alguém que coloco lá no topo e que, sem saber como, ao longo de muitos anos, alberguei definitivamente.
Como o Malcolm Lowry e o Dylan Thomas, a Virgínia Wolf, etc...



segunda-feira, 25 de agosto de 2008

25 de Abril - «olhares» - «entrevistas» - «verdades»- (35) - Testemunho de João Nogueira Garcia

A Guerra em Angola, Moçambique e Guiné.

1961

Angola, 1961

Membros da Juventude da UPA,
em treino com arma. Angola, 1961
.
in O Portal da História

arqnet.pt/portal/portugal/guerrafrica/cron1961.html




Sábado, 3 de Novembro de 2007
.
PLANTA DO QUITEXE

Nota: Esta planta não tem escala. Como foi feita de memória por Alfredo Baeta Garcia é possível que contenha erros na localização exacta dos lotes e na sua dimensão.


No próximo post colocarei a legenda com o nome dos proprietários em 1975. Agradeço que me comuniquem qualquer erro encontrado, pois será involuntário.


Para melhor visualizarem a fotografia e, em particular os números, poderão clicar sobre a mesma.

publicado por Quimbanze às 08:18 link do post
.
.

travessadoferreira.blogspot.com/2007_09_01_archive.html

SOMBRA DA GUERRA


Voltar atrás…

Outra solução


________________________________________

A repressão

.




Após o ataque ao Quitexe as populações das grandes sanzalas como o Catulo, Dambi Angola, Ambuíla e o Quitoque permaneceram nelas, pacificamente. Os carros circulavam no seu interior, sem qualquer hostilidade. Há como que uma pausa para avaliar a situação pois creio que, embora todos os pretos estejam ao corrente do que se passa , inicialmente, só uma pequena parte terá aderido à UPA e ao ataque ao Quitexe e às fazendas. A UPA só conseguiu alguns êxitos no primeiro dia dada a surpresa, pois se estivessem as fazendas alertadas, tudo tinha sido diferente. As autoridades estavam, afinal, a par do que iria acontecer, dia e hora, como posteriormente se veio a saber. Porque não alertaram as fazendas e as povoações da iminência do ataque? Porque deixaram morrer tantos brancos, mulheres e crianças sem saberem por que estavam a ser esquartejados à catanada?





.





A UPA, à semelhança do que se passou no Congo Belga, confiou que os brancos, cheios de medo, abandonassem em fuga as suas terras, o que, por pouco não conseguiu. Só, talvez a presença de largos milhares de contratados do Sul, agora todos classificados de Bailundos o terá evitado. Só na área do Posto do Quitexe haverá quatro ou cinco vezes mais Bailundos que toda a população local africana. Por variadas razões estão totalmente ao nosso lado e, assim evitam que a actividade cafeícula paralise. E foi, graças ao valor económico do café e à permanência dos Bailundos nesta região, que a maioria das fazendas, entregues a gerentes e empregados brancos conseguiu manter-se em laboração. Estes, à noite, ainda ajudavam na defesa do Quitexe. Os comerciantes abalaram para Luanda; sem os povos das sanzalas nada mais os prendia aqui: não havia a quem vender, nem a quem comprar.





,





A repressão que se segue é brutal. Não se procura uma alternativa. Entretanto, eu e o Martins Gonçalves propomos tentar entrar em contacto com as sanzalas, mas a nossa sugestão é liminarmente excluída: não havia ordem para isso.





.





As sanzalas são metralhadas e incendiadas. Homens, mulheres, velhos e crianças iniciam a debandada; levam consigo os poucos haveres que conseguem reunir. O seu destino são as matas impenetráveis da Serra do Quimbinde, da Serra do Quitoque, do maciço da Serra do Cananga. Vão, quem sabe, à procura dos lugares dos seus antepassados, de onde, um dia, foram obrigados a sair, pela força, para se fixarem junto às estradas que correm no sopé das serras e dão acesso aos Postos Administrativos e, agora, às povoações da população branca e às sanzalas africanas.





.





A morte de todos os pretos da região, sentenciada pela Pide, braço da repressão do governo, secundada pelos agentes das autoridades administrativas e outros mais sedentos de vingança, conseguiu, em poucos dias destruir o equilíbrio simbólico que existia entre o poder das autoridades portuguesas e o poder africano do sobas.





.





O bom relacionamento dos comerciantes com os povos das sanzalas era fruto de uma actividade onde os interesses mútuos se cruzavam. Para o comerciante do mato é do bom relacionamento com os nativos que depende a sua própria sobrevivência e foi este equilíbrio estável que foi irremediavelmente perdido. E, assim, de maneira pouco política e irresponsável, as autoridades portuguesas entregaram à guarda da UPA, grupo armado de assassinos ao serviço dos interesses americanos, os povos com quem convivemos durante centenas de anos. Este convívio nem sempre foi feito da melhor maneira, mas mais por culpa das autoridades que preferiam, em vez do respeito mútuo, incutir em terra alheia a submissão e o medo, esquecendo os valores do humanismo cristão que tanto apregoavam.





.





Só muito mais tarde adoptaram a política da “psico”, tentando atrair as populações africanas a aldeamentos modelo guardados pelos “flechas” e visitados pelos altos governantes, como exemplo da convivência com os povos nativos.



.









Quitexe 61 - Uma Tragédia Anunciada, João Nogueira Garcia



.




Haikai e Matsuô Bashô, poeta japonês

Matsuô Bashô

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Bashō
Bashō


Matsuô Bashô, ou simplesmente Bashô [1], é como é chamado o escritor e poeta bonzo-budista Matsuô Munefusa ( Tóquio, 1644Osaka, 12 de Outubro de 1694). Foi ele quem codificou e estabeleceu os cânones do tradicional haicai japonês.


Índice



Biografia



Bashô nasceu próximo ao vilarejo de Ueno, na província de Iga (atual Mie), em uma família de origem samurai. Ainda criança (9 anos) veio a ser pajem de Tôdô Yoshitada, um potentado local, dois anos mais velho que ele, com grande interesse em haikai no renga. Em comum, tinham o amor pela poesia e usufruiram dos ensinamentos dos grandes mestres da época. Em 1662, Bashô publicou seu primeiro poema. Dois anos depois, os dois amigos compuseram um poema encadeado de 100 estrofes, juntamente com outros poetas amadores.


Em 1666, com a morte do jovem amigo, Bashô ficou impedido de continuar em sua casa. Pouco se sabe sobre essa época de sua vida. Seus poemas, entretanto, continuaram a ser publicados. Antes de se mudar para Edo (atual Tóquio), em 1672, Bashô edita uma antologia, Kai Ooi, que ele próprio organizou. Em Edo, Bashô foi admirado pelo seu estilo simples e natural. Professor de poesia, chegou a ter 20 discípulos.


Bashô, após a publicação de Minashiguri, antologia de versos publicada em 1684, realiza a primeira de suas quatro viagens pelo Japão. É dessa época (1685) seu haicai mais célebre, No antigo lago, e também o seu livro mais famoso, Sendas de Oku [2].


Em sua última viagem, Bashô adoece em Osaka, antes de chegar ao local destinado, (Kiushu), e morre no dia 28 de novembro de 1694. Seu último haicai fala de sua jornada poética:


"tabi ni yande
yume wa kareno wo
kakemeguru"
"Doente em viagem
sonho em secos campos
Ir-me enveredar"

Obras



  • Minashiguri (1684) - Antologia de versos
  • Nozarashi Kikô (1685) - Um relato de viagem
  • Sumidawara (1694) - Última antologia de versos do poeta, publicada por seus discípulos.

Bibliografia



  • PIMENTEL, Luís antônio. Gênese do Haicai. In, SAUERBRONN, Vinícius. Poesia, Budismo, Haicai. Niterói: Editora Ferraz, 1998.

Notas



^ – Bashô (松尾芭蕉) - árvore semelhante à bananeira, foi registrado com o nome de Kinkasu. Foi daí que o poeta adotou o seu "haigo" (pseudônimo poético).

^ - Publicado em 1702, o livro baseia-se em uma viagem realizada por Bashô durante a primavera e o outono de 1689, de Edo à região de Oku. A viagem durou 156 dias, percorridos a pé.


Referências



  • "Uma poesia delicada e telegráfica", por André Cunha, professor de japonês do Unilínguas - Instituto de Línguas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, para a revista História Viva - "Japão 1: 500 anos de história, 100 anos de imigração", Editora Duetto, março de 2008.


Link




_______________________

Matsuo Bashō

From Wikipedia, the free encyclopedia


In this Japanese name, the family name is Matsuo.
A statue of Bashō in Hiraizumi, Iwate
A statue of Bashō in Hiraizumi, Iwate

Matsuo Bashō (松尾 芭蕉? 164428 November 1694) was the most famous poet of the Edo period in Japan. During his lifetime, Bashō was recognized for his works in the collaborative haikai no renga form; today, after centuries of commentary, he is recognized as a master of brief and clear haiku. His poetry is internationally renowned, and within Japan many of his poems are reproduced on monuments and traditional sites.


Bashō was introduced to poetry at a young age, and after integrating himself into the intellectual scene of Edo he quickly became well known throughout Japan. He made a living as a teacher, but renounced the social, urban life of the literary circles and was inclined to wander throughout the country, heading west, east, and far into the northern wilderness to gain inspiration for his writing and haiku. His poems are influenced by his firsthand experience of the world around him, often encapsulating the feeling of a scene in a few simple elements.

Contents


Early life

Bashō's supposed birthplace in Iga Province
Bashō's supposed birthplace in Iga Province


Bashō was born Matsuo Kinsaku (松尾 金作?) around 1644, somewhere near Ueno in Iga Province.[1] His father may have been a low-ranking samurai, which would have promised Bashō a career in the military but not much chance of a notable life. It was traditionally claimed by biographers that he worked in the kitchens.[2] However, as a child Bashō became a servant to Tōdō Yoshitada (藤堂 良忠?), who shared with Bashō a love for haikai no renga, a form of cooperative poetry composition. The sequences were opened with a verse in the 5-7-5 mora format; this verse was named a hokku, and would later be renamed haiku when presented as stand-alone works. The hokku would be followed by a related 7-7 addition by another poet. Both Bashō and Yoshitada gave themselves haigō (俳号?), or haikai pen names; Bashō's was Sōbō (宗房?), which was simply the on'yomi reading of his samurai name of Matsuo Munefusa (松尾 宗房?). In 1662 the first extant poem by Bashō was published; in 1664 two of his hokku were printed in a compilation, and in 1665 Bashō and Yoshitada composed a one-hundred-verse renku with some acquaintances.


Yoshitada's sudden death in 1666 brought Bashō's peaceful life as a servant to an end. No records of this time remain, but it is believed that Bashō gave up the possibility of samurai status and left home.[3] Biographers have proposed various reasons and destinations, including the possibility of an affair between Bashō and a Shinto miko named Jutei (寿貞?), which is unlikely to be true.[4] Bashō's own references to this time are vague; he recalled that "at one time I coveted an official post with a tenure of land", and that "there was a time when I was fascinated with the ways of homosexual love", but there is no indication whether he was referring to real obsessions or even fictional ones.[5] He was uncertain whether to become a full-time poet; by his own account, "the alternatives battled in my mind and made my life restless".[6] His indecision may have been influenced by the then still relatively low status of renga and haikai no renga as more social activities than serious artistic endeavors.[7] In any case, his poems continued to be published in anthologies in 1667, 1669, and 1671, and he published his own compilation of work by him and other authors of the Teitoku school, Seashell Game (貝おほひ Kai Ōi?), in 1672.[8] In about the spring of that year he moved to Edo, to further his study of poetry.[9]


Rise to fame



In the fashionable literary circles of Nihonbashi, Bashō's poetry was quickly recognized for its simple and natural style. In 1674 he was inducted into the inner circle of the haikai profession, receiving secret teachings from Kitamura Kigin (1624–1705).[10] He wrote this hokku in mock tribute to the Shogun:


kabitan mo / tsukubawasekeri / kimi ga haru
the Dutchmen, too, / kneel before His Lordship— / spring under His reign. [1678]

He gave himself the haigō of Tōsei and by 1680 he had a full-time job teaching twenty disciples, who published The Best Poems of Tōsei's Twenty Disciples (桃青門弟独吟二十歌仙 Tōsei-montei Dokugin-Nijukasen?), advertising their connection to Tōsei's talent. That winter, he took the surprising step of moving across the river to Fukagawa, out of the public eye and towards a more reclusive life.[11] His disciples built him a rustic hut and planted a banana tree (芭蕉 bashō?) in the yard, giving Bashō a new haigō and his first permanent home. He appreciated the plant very much, and was not happy to see Fukagawa's native miscanthus growing alongside it:


bashō uete / mazu nikumu ogi no / futaba kana
by my new banana plant / the first sign of something I loathe— / a miscanthus bud! [1680]

Despite his success, Bashō grew dissatisfied and lonely. He began to practise Zen meditation, but it seems not to have calmed his mind.[12] In the winter of 1682 his hut burned down, and shortly afterwards, in early 1683, his mother died. He then traveled to Yamura, to stay with a friend. In the winter of 1683 his disciples gave him a second hut in Edo, but his spirits did not improve. In 1684 his disciple Takarai Kikaku published a compilation of him and other poets, Shrivelled Chestnuts (虚栗 Minashiguri?).[13] Later that year he left Edo on the first of four major wanderings.[14]


Traveling in medieval Japan was immensely dangerous, and at first Bashō expected to simply die in the middle of nowhere or be killed by bandits. As the trip progressed, his mood improved and he became comfortable on the road. He met many friends and grew to enjoy the changing scenery and the seasons.[15] His poems took on a less introspective and more striking tone as he observed the world around him:


uma wo sae / nagamuru yuki no / ashita kana
even a horse / arrests my eyes—on this / snowy morrow [1684]

The trip took him from Edo to Mount Fuji, Ueno, and Kyoto. He met several poets who called themselves his disciples and wanted his advice; he told them to disregard the contemporary Edo style and even his own Shrivelled Chestnuts, saying it contained "many verses that are not worth discussing".[16] He returned to Edo in the summer of 1685, taking time along the way to write more hokku and comment on his own life:


toshi kurenu / kasa kite waraji / hakinagara
another year is gone / a traveler's shade on my head, / straw sandals at my feet [1685]

When Bashō returned to Edo he happily resumed his job as a teacher of poetry at his bashō hut, although privately he was already making plans for another journey.[17] The poems from his journey were published as Account of Exposure to the Fields (野ざらし紀行 Nozarashi kikō?). In early 1686 he composed one of his best-remembered haiku:


furuike ya / kawazu tobikomu / mizu no oto
old pond / a frog jumps / the sound of water [1686]

Historians believe this poem became instantly famous: in April, the poets of Edo gathered at the bashō hut for a haikai no renga contest on the subject of frogs that seems to have been a tribute to Bashō's hokku, which was placed at the top of the compilation.[18] Bashō stayed in Edo, continuing to teach and hold contests, with an excursion in the autumn of 1687 when he traveled to the countryside for moon watching, and a longer trip in 1688 when he returned to Ueno to celebrate the Lunar New Year. At home in Edo, Bashō sometimes became reclusive: he alternated between rejecting visitors to his hut and appreciating their company.[19] At the same time, he enjoyed his life and had a subtle sense of humor, as reflected in his hokku:


iza saraba / yukimi ni korobu / tokoromade
now then, let's go out / to enjoy the snow... until / I slip and fall! [1688]

Oku no Hosomichi


Main article: Oku no Hosomichi


Bashō's private planning for another long journey culminated on 16 May 1689 (Yayoi 27, Genroku 2), when he left Edo with his student and apprentice Kawai Sora (河合 曾良 ?) on a journey to the Northern Provinces of Honshu. Bashō and Sora headed north to Hiraizumi, which they reached on June 29. They then walked to the western side of the island, touring Kisakata on July 30, and began hiking back at a leisurely pace along the coastline. During this 150-day journey Bashō traveled a total of 600 ri (2,400 km) through the northeastern areas of Honshū, returning to Edo in late 1691.[20]


By the time Bashō reached Ōgaki, Gifu Prefecture, he had completed the log of his journey. He edited and redacted it for three years, writing the final version in 1694 as The Narrow Road to the Back (Country) (奥の細道 Oku no Hosomichi?). The first edition was published posthumously in 1702. It was an immediate commercial success and many other itinerant poets followed the path of his journey.[21] It is often considered his finest achievement, featuring hokku such as:


araumi ya / Sado ni yokotau / amanogawa
the rough sea / stretching out towards Sado / the Milky Way [1689]

Later life

On his return to Edo in the winter of 1691, Bashō lived in his third bashō hut, again provided by his disciples. This time, he was not alone; he took in a nephew and his female friend, Jutei, who were both recovering from illness. He had a great many visitors.


Bashō's grave in Ōtsu, Shiga Prefecture
Bashō's grave in Ōtsu, Shiga Prefecture

Bashō continued to be uneasy. He wrote to a friend that "disturbed by others, I have no peace of mind".[22] He made a living from teaching and appearances at haikai parties until late August of 1693, when he shut the gate to his bashō hut and refused to see anybody for a month. Finally, he relented after adopting the principle of karumi or "lightness", a semi-Buddhist philosophy of greeting the mundane world rather than separating himself from it. Bashō left Edo for the last time in the summer of 1694, spending time in Ueno and Kyoto before his arrival in Osaka. He became sick with a stomach illness and died peacefully, surrounded by his disciples.[23] Although he did not compose any formal death poem on his deathbed[24] the following, being the last poem recorded during his final illness, is generally accepted as his poem of farewell:


tabi ni yande / yume wa kareno wo / kake meguru
falling sick on a journey / my dream goes wandering / over a field of dried grass [1694]

Influence and literary criticism



Rather than sticking to the formulas of kigo (季語?), which remain popular in Japan even today, Bashō aspired to reflect his real environment and emotions in his hokku.[25] Even during his lifetime, the effort and style of his poetry was widely appreciated; after his death, it only increased. Several of his students compiled quotations from him about his own poetry, most notably Mukai Kyorai and Hattori Dohō.[26]


During the 18th century, appreciation of Bashō's poems grew more fervent, and commentators such as Ishiko Sekisui and Moro Nanimaru went to great length to find references in his hokku to historical events, medieval books, and other poems. These commentators were often lavish in their praise of Bashō's obscure references, some of which were probably literary false cognates.[26] In 1793 Bashō was deified by the Shinto bureaucracy, and for a time criticizing his poetry was literally blasphemous.[26]


It was not until the late 19th century that this period of unanimous passion for Bashō's poems came to an end. Masaoka Shiki, arguably Bashō's most famous critic, tore down the long-standing orthodoxy with his bold and candid objections to Bashō's style.[26] However, Shiki was also instrumental in making Bashō's poetry accessible to leading intellectuals and the Japanese public at large. He invented the term haiku (replacing hokku) to refer to the freestanding 5-7-5 form which he considered the most artistic and desirable part of the haikai no renga.[26]


Critical interpretation of Bashō's poems continued into the 20th century, with notable works by Yamamoto Kenkichi, Imoto Nōichi, and Ogata Tsutomu. The 20th century also saw translations of Bashō's poems into languages and editions around the world. His position in Western eyes as the haiku poet par excellence gave him great influence, and by virtue of Western preference for haiku over more traditional forms like the tanka or renga, have rendered him the archetype of Japanese poets and poetry.[27] The impressionistic and concise nature of his verse influenced particularly Ezra Pound and the Imagists, and later the poets of the Beat Generation.[28] Claude-Max Lochu, on his second visit to Japan, created his own "travel painting", inspired by Bashō's use of travel as inspiration. Robbie Basho and Steffen Basho-Junghans were also influenced by him.[29]

List of works

  • Kai Ōi (The Seashell Game) (1672)
  • Minashiguri (A Shrivelled Chestnut) (1683)
  • Nozarashi Kikō (Record of a Weather-Exposed Skeleton) (1684)
  • Fuyu no Hi (Winter Days) (1684)
  • Haru no Hi (Spring Days) (1686)
  • Kashima Kikō (A Visit to Kashima Shrine) (1687)
  • Oi no Kobumi, or Utatsu Kikō (Record of a Travel-Worn Satchel) (1688)
  • Sarashina Kikō (A Visit to Sarashina Village) (1688)
  • Arano (Wasteland) (1689)
  • Hisago (The Gourd) (1689)
  • Sarumino (The Monkey's Raincoat) (1689)
  • Saga Nikki (Saga Diary) (1691)
  • Bashō no Utsusu Kotoba (On Transplanting the Banana Tree) (1691)
  • Heikan no Setsu (On Seclusion) (1692)
  • Sumidawara (A Sack of Charcoal) (1694)
  • Betsuzashiki (The Detached Room) (1694)
  • Oku no Hosomichi (Narrow Road to the Interior) (1694)[30]
  • Zoku Sarumino (The Monkey's Raincoat, Continued) (1698)

English translations

  • Bashō, Matsuo (1967). The Narrow Road to the Deep North and Other Travel Sketches, trans. Nobuyuki Yuasa, Harmondsworth: Penguin. ISBN 978-0140441857.
  • Bashō, Matsuo (2000). Narrow Road to the Interior and Other Writings, trans. Sam Hamill, Boston: Shambhala. ISBN 978-1570627163.
  • Bashō, Matsuo (1999). The Essential Bashō, trans. Sam Hamill, Boston: Shambhala. ISBN 978-1570622823.
  • Bashō, Matsuo (2004). Bashō's Haiku: Selected Poems of Matsuo Bashō, trans. David Landis Barnhill, Albany, NY: State University of New York Press. ISBN 0791461661.
  • Bashō, Matsuo (1997). The Narrow Road to Oku, trans. Donald Keene, illustrated by Masayuki Miyata, Tokyo: Kodansha International. ISBN 978-4770020284.
  • Bashō, Matsuo, et al. (1973). Monkey's Raincoat, trans. Maeda Cana, New York: Grossman Publishers. SBN 670-48651-5.
  • Bashō, Matsuo (2008). Basho: The Complete Haiku, trans. Jane Reichhold, Tokyo: Kodansha International. ISBN 978-4770030634.
  • Bashō, Matsuo et al. (1981). The Monkey’s Straw Raincoat and Other Poetry of the Basho School, trans. Earl Miner and Hiroko Odagiri, Princeton: Princeton University Press. ISBN 9780691064604.

Notes

  1. ^ Kokusai 1948, p. 246
  2. ^ Carter 1997, p. 62
  3. ^ Ueda 1982, p. 21.
  4. ^ Okamura 1956
  5. ^ Ueda 1982, p. 22.
  6. ^ Ueda 1982, p. 23.
  7. ^ Ueda 1982, p. 9.
  8. ^ Kokusai 1948, p. 246
  9. ^ Ueda 1992, p. 29
  10. ^ Carter 1997, p. 62.
  11. ^ Carter 1997, p. 57
  12. ^ Ueda 1982, p. 25.
  13. ^ Kokusai 1948, p. 247
  14. ^ Ueda 1992, p. 95.
  15. ^ Ueda 1982, p. 26.
  16. ^ Ueda 1992, p. 122
  17. ^ Ueda 1982, p. 29
  18. ^ Ueda 1992, p. 138
  19. ^ Ueda 1992, p. 145
  20. ^ Kokusai 1948, p. 241
  21. ^ Kokusai 1948, p. 246
  22. ^ Ueda 1992, p. 348
  23. ^ Ueda 1992, p. 34
  24. ^ Kikaku, 2006, pp.20-23,
  25. ^ Ueda 1970, p. 50
  26. ^ a b c d e Ueda 1992, p. 7
  27. ^ Shirane 1998, p. 37.
  28. ^ See, for instance, Lawlor 2005, p. 176
  29. ^ Epitonic Records
  30. ^ Kokusai 1948, pp. 248-9

References

  • Carter, Steven (1997). "On a Bare Branch: Bashō and the Haikai Profession". Journal of the American Oriental Society 117 (1): 57–69. doi:10.2307/605622.
  • Lawlor, William (2005). Beat Culture: Lifestyles, Icons, and Impact. Santa Barbara: ABC-CLIO. ISBN 9781851094059.
  • 岡村 健三 (Kenzō Okamura) (1956). 芭蕉と寿貞尼 (Bashō to Jutei-ni). Ōsaka: 芭蕉俳句会 (Basho Haiku Kai).
  • Shirane, Haruo (1998). Traces of Dreams: Landscape, Cultural Memory, and the Poetry of Basho. Stanford, CA: Stanford University Press. ISBN 0804730997.
  • Ueda, Makoto (1982). Matsuo Bashō. Tokyo: Kodansha International. ISBN 0-87011-553-7.
  • Ueda, Makoto (1970). Matsuo Bashō. Tokyo: Twayne Publishers.
  • Ueda, Makoto (1992). Bashō and His Interpreters: Selected Hokku with Commentary. Stanford, CA: Stanford University Press. ISBN 0-8047-1916-0.
  • Takarai, Kikaku (2006). An Account of Our Master Basho's Last Days, translated by Nobuyuki Yuasa in Springtime in Edo. Hiroshima, Keisuisha. ISBN 4-87440-920-2
  • Kokusai Bunka Shinkōkai (国際文化振興会) (1948). Introduction to Classic Japanese Literature. Tokyo: Kokusai Bunka Shinkōkai.

External links

Wikiquote has a collection of quotations related to:
Wikisource has original text related to this article:
Wikimedia Commons has media related to:
.
.