D'ali e D'aqui
Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
João Gomes - Marias Cachuchas sem sorte
Paulo Baldaia - É mesmo por uma questão política que a greve geral faz sentido
Opinião
* Paulo Baldaia
(Expresso 2025 12 08)
A revisão da
Lei do Trabalho insere-se numa questão ideológica mais profunda em que o
executivo dá uma exagerada protecção a quem detém o capital e os meios de
produção, enquanto engana com umas migalhas de IRS a classe média trabalhadora,
deixando os trabalhadores mais pobres entregues ao seu próprio destinob
Épreciso
começar por dar razão a Luís Montenegro sobre as motivações dos sindicalistas
para convocar uma greve geral - esta greve é mesmo política e as razões
para o protesto são graves. Contra a legislação proposta pelo
governo há, aliás, políticos de todos os partidos, inclusive dos partidos
que se preparam para a aprovar no Parlamento e até uma vice-presidente da
direcção do PSD, deixando que Montenegro fique na frágil posição de quem,
como chefe do governo, atira a pedra e, como líder do partido, esconde a mão. A
“gana” é tanta porque a ministra do Trabalho considera que a legislação actual
é desequilibrada a favor dos trabalhadores e um banqueiro assina por baixo, e
vai mais longe em relação aos malandros dos trabalhadores, afirmando que “a lei
protege quem não quer fazer nada”. É o supremo desplante!
A vontade de
legislar contra os interesses dos trabalhadores, assumida por Rosário Palma Ramalho, não cai do
céu aos trambolhões mas não foi anunciada no programa eleitoral, como agora
pretende dizer o governo. Bem pelo contrário, há coisas que são ditas
nesse programa que são o oposto da proposta governamental. Já lá vamos.
LUTA DE
CLASSES
Por agora, faço
um desvio de rota para explicar porque entendo que esta revisão da Lei do
Trabalho - que privilegia quem detém os meios de produção face à força de
trabalho - se insere numa questão ideológica mais profunda. Vejamos
um exemplo flagrante de exagerada protecção a quem detém o capital,
enquanto se dão umas migalhas de IRS à classe média trabalhadora, deixando os
trabalhadores mais pobres entregues ao seu próprio destino: o conceito
de renda moderada e o que ele implica no rendimento disponível de inquilinos e
arrendatários.
Salta à vista
de todos que o acréscimo de rendimento dos trabalhadores inquilinos, fruto da
descida do IRS, foi largamente comido pela subida dos custos com a habitação,
enquanto que o rendimento dos senhorios acompanhou a subida exponencial das
rendas. Apliquemos a regras de três simples:
1 -
se, para a prestação ou renda de casa, os especialistas colocam nos 30% do
rendimento líquido de uma família o limite a partir do qual começa a haver uma
sobrecarga habitacional.
2 -
se o governo considera o limite de 2300 euros para uma renda moderada e isso
significa que, para evitar a sobrecarga habitacional, o rendimento familiar
líquido deve rondar os sete mil euros.
3 -
Se uma família de trabalhadores, para aquele rendimento paga cerca de 30% de
IRS e um senhorio que obtenha o mesmo rendimento bruto paga apenas 10%.
Qual é o
resultado desta equação? O governo aposta forte na luta de classes e
os donos do capital reforçam a sua vantagem, pagando três vezes menos impostos
que a classe trabalhadora.
A talhe de
foice também se pode dizer que, com esta política fiscal na habitação, o
governo está a dizer aos potenciais investidores que compensa desviar o capital
das fábricas, da novas tecnologias, da energia, da agricultura e de outros
sectores produtivos que carecem de investimento, mas que pagam mais impostos. O
que se consegue com isto é alimentar a bolha imobiliária, criando
condições para entrarem novos investidores que garantem sucesso aos que já lá
estão - muito parecido com outros esquemas piramidais. Este esquema
acabará num de dois dias: no dia em que só estrangeiros possam comprar ou
arrendar ou no dia em que os preços de venda ou arrendamento passem a ter em
conta o verdadeiro rendimento líquido de uma família da classe média em
Portugal. Até lá, o sistema gera desequilíbrios evidentes entre quem
tem capital para investir e quem tem necessidade de arrendar. É um sistema
que se aguenta, porque até políticos de esquerda alinham, investindo em
imobiliário para negociar nas vantajosas condições do mercado, que devem ser
iguais para todos - esta é a forma como procuram justificar a sua ganância,
pecado capital com milénios de existência.
COM PAPAS E
BOLOS SE ENGANAM OS TOLOS
Num
trabalho feito pelo jornal "Público", ficou claro que o
programa eleitoral da AD não permitia antecipar o que agora está em causa. Para
além de umas generalidades, há questões concretas que apontavam no
sentido oposto do que agora se pretende. Exemplo flagrante é a conciliação
entre a vida profissional e a vida familiar:
O prometido: programa
eleitoral utilizou quase uma centena de vezes a palavra família e os seus
dirigentes, em campanha, asseguraram “continuar a apostar na família como a
célula base da sociedade e em políticas de apoio à família, de valorização da
maternidade e da paternidade, enfrentando a grave crise da natalidade e
incentivando as famílias a crescer”.
O
proposto: diminuição nos direitos de parentalidade, conciliação e
proteção social relativa à família.
A proposta do
governo, nas suas traves mestras, também provoca mais precariedade (contratos a
termo certo com duração inicial de um ano, em vez dos seis meses atuais, e com
possibilidade de duas renovações, até um limite de três anos); vai facilitar o
despedimento, desprotegendo o trabalhador contra despedimento injustificado;
promove uma maior desregulação dos horários e a precarização das condições de
trabalho, enfraquece a contratação colectiva, a acção sindical e o direito à
greve.
É legitimo
propor este caminho, acreditando que é o caminho certo para aumentar a
produtividade nas empresas, fazer crescer a economia e criar novos empregos.
Mas entra no domínio da aldrabice política querer convencer alguém que tudo
isto não é feito com perda de direitos para os trabalhadores.
António Galopim de Carvalho - O Estado Novo d Salazar, na memória de quem o viveu
sábado, 6 de dezembro de 2025
Jaime Nogueira Pinto - Outra História
* Jaime Nogueira Pinto
Colunista do Observador
A História
oficial, sobretudo quando não prima pela verdade, tende a ser efémera. E pode
sempre rever-se e refazer-se.
06 dez. 2025,
Não há quem não
saiba que a História é feita pelos vencedores. Aqui e em todo o lado. Mas
sabe-se também que a História oficial, sobretudo quando não prima pela verdade,
tende a ser efémera. E pode sempre rever-se e refazer-se.
Sobre o 25 de
Novembro, cuja celebração parece causar grande consternação à esquerda e na
Esquerda e motivar jogos florais, já escrevi o que tinha a escrever – mais
recentemente, num livro organizado por Jerónimo Fernandes, que reúne um
tenebroso conjunto de 32 autores de “extrema-direita”, digamos que uma Hidra de
32 cabeças onde, entre “passistas” e outros perigosos fascistas e extremistas,
até cabeças (!) do Chega serpenteiam.
Apesar de terem
sido os Comandos de Jaime Neves – entre os quais os Convocados, ou seja, os que
tinham servido no Ultramar e voltaram às fileiras para parar a Esquerda radical
– a fazer o 25 de Novembro, o que resultou do dia foram 50 anos de Centrão, isto
é, de poder repartido entre o PS (mais à esquerda e por mais tempo) e o PSD
(menos à esquerda e por menos tempo). Ficaram também como eternos cronistas da
República historiadores e intelectuais de esquerda, nas suas várias
sensibilidades e modalidades, assistindo-se ainda à súbita conversão à
democracia eleitoral e à respeitabilidade democrática do Partido Comunista
Português.
Sem o 25 de
Novembro, sem os Comandos, sem os Convocados e a Força Aérea que, no terreno,
evitaram a vitória da Esquerda radical, não teríamos em Portugal democracia
liberal. Teríamos um regime comunista com alguns esquerdistas festivos no
poder, bons rapazes, simpatizantes de Trotsky e dos maoistas, como os que
torturaram presos políticos no RALIS e na Polícia Militar e se dedicaram a
fuzilamentos simulados em vários aquartelamentos. Tudo boa gente. De qualquer
forma, com Ialta em vigor, com o “povo do Norte” em alvoroço e uma coligação
negativa, da extrema-direita o Grupo dos Nove e ao PS, a festa nunca iria durar
muito. Mas os estragos e o prejuízo seriam consideráveis.
Não digo que o
Centrão e militares como Vasco Lourenço ou outros do Grupo dos Nove alinhassem
nas veleidades, barbaridades e festividades da esquerda radical, mas se não
fossem, no terreno, os Comandos de Neves, os oficiais da Força Aérea e os
paraquedistas do brigadeiro Almendra chegados de Angola, não sei bem quem
tiraria do poder os revolucionários. Costa Gomes e os “moderados”? Duvido.
O Dr. Soares,
quando percebeu que o PREC e a Extrema-Esquerda não queriam fazer a festa só
contra os “fascistas” e os “reaccionários”, também teve um papel na
resistência. A política é assim: o Inimigo nem sempre faz o Amigo, mas faz
muitas vezes o aliado útil e objectivo.
fEsquerdas
e direitas radicais
Estou à vontade
quanto ao Estado Novo, onde não tive cargos ou responsabilidades. Nem eu, nem
os meus companheiros do Jovem Portugal e depois da Política, nem
tão pouco os nossos amigos do Grupo de Coimbra fomos alguma vez salazaristas. O
nosso empenho era a defesa do então Ultramar, talvez porque gostávamos de ser
cidadãos de uma nação grande, independente, plurirracial, com uma identidade
forte. Uma nação que, na Europa e em África, crescia economicamente, apesar da
guerra. Havia polícia política e censura prévia, mas nós não gostávamos nem
precisávamos delas. Porém, havia uma guerra, em África, e não tinham as
democracias na 2ª Guerra Mundial censura? Não tinham também neutralizado os
suspeitos de colaboração com o inimigo, e sem sequer lhes perguntarem de que
lado estavam (fizeram-no os americanos com os nipo-americanos e os ingleses com
os militantes da British Union of Fascists de Oswald Mosley)?
Depois, que
autoridade moral têm os militantes da esquerda radical, que admiravam Mao
Tsé-Tung ou até Pol Pot e os desviacionistas trotskistas, para criticar, os
que, aos vinte anos, queríamos transformar o império português numa grande
nação euro-africana, com igualdade, e integração racial, desenvolvida
economicamente? Talvez tivéssemos então, nas referências históricas, os nossos
excessos, mas não éramos nós que fazíamos das faculdades um Estado autoritário,
censório e policiado, onde era obrigatório ser “alinhado”.
E convém também
lembrar que o Estado Novo não foi só a PIDE, a Censura e a mortalidade
infantil. Foi também um tempo em que, pela primeira vez em Portugal houve mais
gente a saber ler e escrever que os que não sabiam; um tempo em que se executou
o maior rol de obras públicas depois do fontismo e se fez a segunda revolução
industrial. Foi ainda nos últimos anos do regime que Portugal se aproximou em
números de capitação e renda dos países economicamente mais desenvolvidos da
Europa. Pela primeira e última vez.
Ao longo de
quase 50 anos de poder, entre a Ditadura Militar (1926-1933) e o Estado Novo
(1933- 1974), houve abusos, saneamentos, prisões, gente a morrer nas cadeias?
Houve casos de corrupção e de favoritismo? Com certeza que houve. Mas tinham
acontecido piores abusos contra os católicos, os monárquicos e os sindicalistas
na Primeira República, e repetiram-se contra a direita patriota e
ultramarinista depois de Abril, no 28 de Setembro e no 11 de Março. Depois do
25 de Abril, quando andaram a investigar a corrupção na “longa noite fascista”,
ainda conseguiram descortinar uns gastos fora da caixa de um ex-presidente da
RTP, mas foi um Nuremberg bastante modesto, convenhamos.
Há muitos anos,
quando discutia com o Dr. Cunhal estes desmandos numa entrevista na Rádio
Renascença, e lhe disse que eles, comunistas, tinham feito como o Estado Novo e
a PIDE quando puderam, perguntou-me se eu queria comparar umas centenas de
fascistas e reaccionários uns meses na cadeia com os muitos anos dos comunistas
nas prisões do fascismo. Respondi-lhe, com todo o respeito que me merecia um
velho e coerente lutador como ele, que a única razão pela qual só tinham sido
meses fora o 25 de Novembro. Senão, teriam sido muitos anos e muitos mortos,
torturados ou liquidados, a avaliar pelo modus operandi dos
comunistas quanto a reais ou supostos inimigos em todos os países onde o
comunismo se tinha instalado. Com uma agravante: enquanto os regimes
autoritários e até as ditaduras da direita permitiam igrejas, comunidades
religiosas e propriedade privada, o comunismo perseguia e proibia as religiões
e a propriedade privada, acabando com a sociedade civil.
O 25 de
Novembro e a Liberdade
E se não fosse
o 25 de Novembro, também não haveria liberdade em Portugal. Não era o slogan dos
“abrilinos” mais ortodoxos “não há liberdade para os inimigos da liberdade”
(sabendo nós – e eles – perfeitamente quem definiria os “inimigos da
liberdade”)?
Na história do
25 de Novembro há um ponto importante e interessante que discuti há dias com a
Irene Flunser Pimentel na Radio Comercial: a envolvente internacional. É uma
envolvente que explica a neutralidade do PCP, que não pôs o seu peso militar e
civil na balança no 25 de Novembro. A URSS não queria quebrar as regras de
Ialta de partilha da Europa com os Estados Unidos (confirmados no Verão de 1975
em Helsínquia) e o Dr. Cunhal e a cúpula do PCP eram disciplinados.
Também estou
convencido que se houvesse uma guerra civil, embora pudesse hipoteticamente
constituir-se uma Comuna de Lisboa (talvez sem o fuzilamento de bispos e padres
da Comuna de Paris), os comunistas e a esquerda radical acabavam vencidos. E em
risco de serem outra vez proibidos.
Rectificações
históricas
A acabar, duas
explicações e rectificações: a história da bandeira a meia-haste, na morte de
Hitler, ouvi-a contar e explicar por Franco Nogueira, um “patriota da Rotunda”
convertido ao Estado Novo pelo lado do patriotismo ultramarino. Em 3 de Maio de
1945, no terceiro dia depois do suicídio de Hitler em Berlim, a bandeira
nacional apareceu a meia-haste nos edifícios públicos: Portugal era neutral no
conflito, por isso, e uma vez que morrera um chefe de Estado, o
Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Luís Teixeira de
Sampaio, dera instruções nesse sentido, de acordo com o Protocolo. Depois,
perante algum barulho dos Aliados e das oposições, Teixeira de Sampaio quis
demitir-se, arcando com as responsabilidades de um erro político, na consequência
da observação cega do Protocolo. A meia-haste não tinha, assim, nada de
ideológico – Salazar fora crítico do nazismo, bem antes da sua derrota.
Teixeira de Sampaio estava contrito perante os clamores que causara e disposto
a ser o bode expiatório. Mas Salazar, ministro dos Estrangeiros desde 1936,
conteve-lhe o gesto, e mandou-lhe um dos seus habituais bilhetinhos – “De hora
a hora, Deus melhora”…
Quanto à morte
do general Humberto Delgado, assassinado em Espanha pelo agente da PIDE
Casimiro Monteiro, no que apareceu como uma dupla armadilha – o general Delgado
pensava que se ia encontrar com oposicionistas, os agentes da PIDE pensavam que
Delgado se vinha entregar ou estavam ali para o deter – há várias teses. Mas
não creio que Salazar tivesse alguma coisa que ver com o crime. Alberto Franco
Nogueira, ministro dos Estrangeiros ao tempo, contava-me, anos depois, que
nunca tinha visto ninguém tão aflito como o director da PIDE, major Silva Pais,
quando lhe pediu conselho sobre como havia de comunicar a Salazar o
assassinato. Salazar não mandava assassinar opositores.
De resto, o
general Delgado, como demonstram os livros publicados sobre os emigrados em
Argel, era um factor de divisão entre os oposicionistas residentes –
republicanos do Reviralho, soaristas e comunistas; era, acima de tudo, um
elemento de divisão das várias famílias da oposição. Só depois de morto se
tornou um símbolo unitário.
A propósito, na
nota biográfica de Humberto Delgado, no suplemento ao Dicionário de
História de Portugal, coordenado por António Barreto e Maria Filomena
Mónica, escreve David Lander Raby, sobre os últimos tempos de Humberto Delgado:
“De volta do
Brasil, acabou por aceitar a colaboração que permitiu a formação em Dezembro de
1962 da Frente Patriótica de Libertação Portuguesa, e finalmente chegou a Argel
(onde a Frente tinha o apoio do Presidente Ben Bella) em Junho de 1964. Mas em
menos de dois meses estava praticamente de relações cortadas com a maioria dos
membros da Junta e acabou por separar-se completamente da FPLN em Outubro,
criando a sua própria “Frente Portuguesa de Libertação Nacional”, que nunca
chegou a ter uma existência real. O rompimento com a FPLN foi o princípio do
fim para HD; não era possível reconciliar a sua vontade de acção armada a curto
prazo e a perspectiva cautelosa da maioria da oposição. Cada vez mais
abandonado, HD caiu na armadilha montada pela PIDE, entrando em Espanha com a
sua secretária brasileira, Arajaryr de Campos, acreditando que ia encontrar-se
na fronteira com oficiais do exército português dispostos a levantarem-se
contra o regime.”
A partir daqui,
surgem narrativas fantasiosas ou, pelo menos, pouco verosímeis, que avançam com
uma cumplicidade ou mesmo com um complot entre o “bando de
Argel” e a PIDE para liquidar o “general sem medo”.
Do julgamento
do caso em Portugal, e mesmo das narrativas hostis, infere-se sempre o
desconhecimento de Salazar da “operação Outono”. A versão que sempre ouvi de
quem sabia alguma coisa por ter conversado com elementos envolvidos no crime,
foi que Delgado, convencido que se ia encontrar com militares oposicionistas,
quis reagir, quando se deu conta que caíra na armadilha da PIDE. Ia armado e
puxou da pistola ou do revólver, mas Casimiro Monteiro foi mais rápido e
matou-o. Também no filme realizado por Bruno de Almeida e Frederico Delgado
Rosa, Operação Outono, há uma implícita absolvição de Salazar
quando, numa discussão de responsáveis da PIDE, surge a pergunta: “E como vamos
dizer ao Doutor Salazar?” – “Dizemos-lhe que foram os comunistas!”
Não foram,
embora talvez não tivessem ficado particularmente consternados. Mas isso é
outra história.
JoãoRodrigues - Ódio diário sem notícias
Domingos Lopes - Give peace a chance
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Vladimir Putin - Sobre a OME na Ucrânia (2022)
+ Vladimir Putin
Nunca quis uma
guerra e nunca comecei.
O que estamos a
fazer não é guerra.
Eu lancei uma
operação militar para salvar o meu povo de fascistas neonazis que há anos matam
pessoas pacíficas e inocentes, russos e não só russos na Ucrânia eu lancei uma
operação militar para defender o meu país das bases da NATO.
Comecei uma
operação militar para parar a nova ordem mundial porque esta ordem é contra a
humanidade.
Se eu começasse
uma guerra tudo pareceria diferente, estou a dizer-te!
A Rússia vai
usar todas as armas, fundos, só se for atacada por um ataque nuclear e espero
que o mundo não pague pela Ucrânia ou melhor pelo fascismo na Ucrânia.
Guerra nuclear
significa o fim do mundo e eu não quero isso.
Zelensky
convoca a NATO para uma guerra nuclear e espero que eles não cometam um erro
tão grande porque colocam em risco a segurança do mundo. Suas armas nucleares
mesmo que sejam dirigidas a nós, o mundo inteiro pagará porque as armas
nucleares não caem num só lugar e 15 armas nucleares são suficientes para
destruir a terra.
É impossível
viver neste planeta. Eu não quero uma guerra, e como eu não tenho uma guerra,
eu lancei uma operação militar!
Quero um mundo
bondoso onde as pessoas possam ser pessoas, quero um mundo puro de pessoas de
fé, quero um mundo sem fascismo.
Quero beber
água limpa e respirar ar puro.
Se o que eu
comecei na Ucrânia fosse uma guerra, não restaria nada da Ucrânia. Protegemos e
preservamos os pacíficos, inocentes e civis. Guerra é quando civis, inocentes,
paz não são protegidos, guerra é o que a NATO faz em todo o mundo. A Rússia na
sua história sempre lutou para salvar vidas.
Muitas pessoas
no mundo hoje culpam a Rússia e a mim simplesmente porque muitas pessoas não
sabem nada, e a propaganda contra nós é bem enorme, mas eu sei que hoje amanhã
ou um dia o mundo vai entender.
Muitos no mundo
não sabem que há anos os fascistas ucranianos preparam uma guerra contra a
Rússia e atrocidades contra os russos e outras nações, mesmo contra os seus.
Durante anos e anos..
O que faria
outro país, não sei, mas nós somos a Rússia, e sempre nos protegemos, ao nosso
país e ao povo, até ao mundo e claro que já nos provamos muitas vezes na
história do mundo.
Eles vão
entender porque existe essa guerra e qual é o propósito, tudo tem seu tempo.
Claro que
continuam a dizer que a Rússia vai perder, mas como é possível um cenário
destes? Não temos oportunidades a perder quando se trata de nós mesmos e da
nossa segurança.
Se eu não
tivesse começado uma operação militar, a 3a Guerra Mundial teria começado.
Ucrânia, o
governo ucraniano ameaça a nossa segurança, e nós temos o dever de nos
defender. Se espera que reajamos quando ameaçam a Rússia, não conhece a Rússia.
Eu não quero
uma guerra com a NATO UE e a Ucrânia vamos salvar o nosso país e o nosso povo
isto não é uma guerra. Isto é a salvação.
Quando se trata
de escalada, estamos prontos para as nossas respostas no caso de outras partes
intervirem e começarem uma guerra contra nós, e a nossa resposta será relâmpago
e destrutiva.
Quando o
assunto é grandes, fortes, como as armas nucleares, saliento que a Rússia tem
muitas armas fortes, mas espero que não as usemos para a estupidez da Europa e
da NATO.
A guerra
moderna contra a Rússia não pode ser ganha no campo de batalha. Seja nosso
amigo e não existe melhor amigo do que a Rússia para um país e para uma pessoa.
E este é o
comentário da mulher russa
"Por que
estou chorando? "Porque estou feliz, feliz por salvar o nosso país e o
nosso povo, e o que farias no meu lugar, problema é teu.
Sim, o que está
a acontecer na Ucrânia é uma tragédia, mas a Rússia não tem culpa desta
tragédia porque outros começaram uma guerra contra nós e nós nos defendemos.
E com minha
alegria e honra, a Rússia sempre defendeu seus cidadãos, o País e os interesses
nacionais. Nunca vamos parar de nos defender.
E não vou
comentar essas palavras porque sei que a maioria dos russos pensa e considera
da mesma forma...
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
Helder Moura - (560) A apropriação do ciclo do caranguejo
- hélder moura
- 03.12.25
Estes ciclos
biológicos há muito que são do conhecimento e prática dos nossos mandantes como
forma de conservar o poder.
É preciso
mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, C. Malaparte.
A Polícia de
Cincinnati afirma que até ao final deste ano, 90% de todas as ocorrências serão
primeiro atendidas por um drone.
Não nos
vamos espantar quando virmos os novos drones para ambientes
interiores a percorrer as nossas casas.
Em 1935, o
médico, geógrafo e cientista social brasileiro Josué de Castro,
publica O Ciclo
do Caranguejo, onde descreve a vida de extrema pobreza de
famílias que vivem num mangue da cidade do Recife, em que não
tendo mais nada para comer que caranguejos aí apanhados que lhes provocam
diarreia que acaba servindo para alimentar outros caranguejos que por sua vez
vão servir para alimentar as famílias, num ciclo de interdependência que
constitui o ecossistema do mangue.
Estes ciclos
biológicos há muito que são do conhecimento e pratica dos nossos mandantes como
forma de conservar o poder. Veja-se, por exemplo, o que se passa na educação,
nos serviços de saúde, nas polícias, etc.: não se dão condições aos serviços
para funcionarem, incentiva-se a insatisfação, propõe-se então a solução
desejada, deixam de mostrar as manifestações de insatisfação, o sistema
continua a funcionar.
Como variante, Estes ciclos biológicos há muito que são do conhecimento e pratica dos nossos mandantes como forma de conservar o poder.. Por exemplo, convencem-nos que é uma poupança económica dotar as forças de polícia com armamento do exército, e nós acreditamos, esquecendo que a utilização de novos armamentos e proteções implica sempre a adoção das táticas que lhes vêm associadas.
A Skydio é uma
empresa americana fundada em 2014 que em poucos anos passou de
uma relativa obscuridade para a maior fabricante de drones nos
EUA. Os seus drones quadricópteros com IA, povoam hoje os céus
das cidades americanas.
De acordo com
uma pesquisa efetuada
por Nate Bear, nos últimos 18 meses quase todas as grandes cidades americanas
assinaram contratos com a Skydio, incluindo Boston, Chicago, Filadélfia, San
Diego, Cleveland e Jacksonville. Atualmente, a empresa tem contratos com mais de 800 agências
de segurança em todo o país.
Os seus drones têm
estado a ser utilizados pelos departamentos de polícia municipais e outros
organismos (como Universidades), para recolherem informações em protestos,
ajuntamentos e outros.
Em
Atlanta, a empresa fez uma parceria com a Fundação da Polícia para instalar
uma estação permanente de drones dentro do Centro de
Formação de Segurança Pública de Atlanta. Detroit, gastou recentemente quase
300 mil dólares na aquisição de catorze drones, de acordo com um
relatório de compras da cidade. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA
também comprou trinta e três drones capazes de rastrearem e
perseguirem automaticamente um alvo.
Um porta-voz da
polícia de Nova Iorque, que foi uma das primeiras a adotar os drones Skydio, declarou recentemente
a um site de notícias que o Departamento
de Polícia de Nova Iorque (NYPD) realizou mais de 20.000 voos em menos
de um ano com 41 drones, o que significa que os drones são
lançados pela cidade 55 vezes por dia.
O sistema de IA
por detrás destes drones é alimentado por chips da
Nvidia que permitem a sua operação sem um operador humano. Possuem
câmaras de imagem térmica e podem operar em locais onde o GPS não funciona.
Também reconstroem edifícios e outras infraestruturas em 3D e podem voar a mais
de 48 quilómetros por hora.
Antes de março
deste ano, as regras da FAA determinavam que os drones só
podiam ser utilizados pelas forças de segurança dos EUA se o operador
mantivesse o drone à vista. Também não podiam ser usados
sobre ruas movimentadas da cidade.
Mas, uma isenção
da FAA emitida nesse mês, veio permitir que a polícia e as agências de
segurança operassem drones para além da linha de visão
e sobre grandes multidões. Sem a necessidade de ver o drone, e
com os drones livres para sobrevoarem as ruas da cidade, a
polícia está cada vez mais a enviar drones em vez de
polícias para atender ocorrências e para fins de investigação mais
abrangentes. Cincinnati, por exemplo, afirma que até
ao final deste ano, 90% de todas as ocorrências serão atendidas primeiro
por um drone.
Esta ampla
cobertura é possível devido à plataforma
de acoplamento da Skydio. Estas plataformas estão posicionadas em
locais estratégicos da cidade, permitindo que os drones sejam
carregados, lançados e aterrem remotamente a muitos quilómetros de distância
das sedes da polícia. Após o lançamento, todas as informações recolhidas
durante os voos são guardadas num cartão SD interno e enviadas automaticamente
para um software específico configurado para uso policial.
Este
software é desenvolvido pela Axon, um dos principais financiadores da Skydio, e
permite, segundo um comunicado
de imprensa da Axon, "o envio automático de fotografias e vídeos
captados por drones para um sistema digital de gestão de
provas".
Acontece que a
Skydio é também um grande fornecedor do Departamento de Defesa, tendo assinado
recentemente um contrato para
fornecer drones de reconhecimento ao Exército dos EUA. Como
fornecedor significativo tanto para as forças militares como para as forças de
segurança civis, isto tem levantado algumas velhas questões (sempre atuais)
sobre quais são ou serão as informações partilhadas entre os militares dos EUA
e as agências de segurança interna através do sistema de gestão de provas
digitais da Skydio-Axon.
Se nos
lembrarmos que os conflitos são sempre os grandes laboratórios para o
desenvolvimento das novas tecnologias de vigilância, onde elas são testadas, e
se verificarmos que neste caso da Skydio ela captou centenas de milhões de
dólares de capitalistas de risco israelo-americanos bem como de fundos de
capital de risco com amplos investimentos em Israel, incluindo a empresa de
Marc Andreessen, a Andreessen Horowitz, e que as Forças de Defesa de Israel
(IDF) têm intensivamente usado os seus drones, não nos iremos
espantar quando para o próximo ano virmos novos drones
para ambientes interiores a percorrer as casas das cidades americanas
(e não só).
Tudo,
evidentemente, a Bem da Nação.






