- hélder moura
- 03.12.25
Estes ciclos
biológicos há muito que são do conhecimento e prática dos nossos mandantes como
forma de conservar o poder.
É preciso
mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, C. Malaparte.
A Polícia de
Cincinnati afirma que até ao final deste ano, 90% de todas as ocorrências serão
primeiro atendidas por um drone.
Não nos
vamos espantar quando virmos os novos drones para ambientes
interiores a percorrer as nossas casas.
Em 1935, o
médico, geógrafo e cientista social brasileiro Josué de Castro,
publica O Ciclo
do Caranguejo, onde descreve a vida de extrema pobreza de
famílias que vivem num mangue da cidade do Recife, em que não
tendo mais nada para comer que caranguejos aí apanhados que lhes provocam
diarreia que acaba servindo para alimentar outros caranguejos que por sua vez
vão servir para alimentar as famílias, num ciclo de interdependência que
constitui o ecossistema do mangue.
Estes ciclos
biológicos há muito que são do conhecimento e pratica dos nossos mandantes como
forma de conservar o poder. Veja-se, por exemplo, o que se passa na educação,
nos serviços de saúde, nas polícias, etc.: não se dão condições aos serviços
para funcionarem, incentiva-se a insatisfação, propõe-se então a solução
desejada, deixam de mostrar as manifestações de insatisfação, o sistema
continua a funcionar.
Como variante, Estes ciclos biológicos há muito que são do conhecimento e pratica dos nossos mandantes como forma de conservar o poder.. Por exemplo, convencem-nos que é uma poupança económica dotar as forças de polícia com armamento do exército, e nós acreditamos, esquecendo que a utilização de novos armamentos e proteções implica sempre a adoção das táticas que lhes vêm associadas.
A Skydio é uma
empresa americana fundada em 2014 que em poucos anos passou de
uma relativa obscuridade para a maior fabricante de drones nos
EUA. Os seus drones quadricópteros com IA, povoam hoje os céus
das cidades americanas.
De acordo com
uma pesquisa efetuada
por Nate Bear, nos últimos 18 meses quase todas as grandes cidades americanas
assinaram contratos com a Skydio, incluindo Boston, Chicago, Filadélfia, San
Diego, Cleveland e Jacksonville. Atualmente, a empresa tem contratos com mais de 800 agências
de segurança em todo o país.
Os seus drones têm
estado a ser utilizados pelos departamentos de polícia municipais e outros
organismos (como Universidades), para recolherem informações em protestos,
ajuntamentos e outros.
Em
Atlanta, a empresa fez uma parceria com a Fundação da Polícia para instalar
uma estação permanente de drones dentro do Centro de
Formação de Segurança Pública de Atlanta. Detroit, gastou recentemente quase
300 mil dólares na aquisição de catorze drones, de acordo com um
relatório de compras da cidade. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA
também comprou trinta e três drones capazes de rastrearem e
perseguirem automaticamente um alvo.
Um porta-voz da
polícia de Nova Iorque, que foi uma das primeiras a adotar os drones Skydio, declarou recentemente
a um site de notícias que o Departamento
de Polícia de Nova Iorque (NYPD) realizou mais de 20.000 voos em menos
de um ano com 41 drones, o que significa que os drones são
lançados pela cidade 55 vezes por dia.
O sistema de IA
por detrás destes drones é alimentado por chips da
Nvidia que permitem a sua operação sem um operador humano. Possuem
câmaras de imagem térmica e podem operar em locais onde o GPS não funciona.
Também reconstroem edifícios e outras infraestruturas em 3D e podem voar a mais
de 48 quilómetros por hora.
Antes de março
deste ano, as regras da FAA determinavam que os drones só
podiam ser utilizados pelas forças de segurança dos EUA se o operador
mantivesse o drone à vista. Também não podiam ser usados
sobre ruas movimentadas da cidade.
Mas, uma isenção
da FAA emitida nesse mês, veio permitir que a polícia e as agências de
segurança operassem drones para além da linha de visão
e sobre grandes multidões. Sem a necessidade de ver o drone, e
com os drones livres para sobrevoarem as ruas da cidade, a
polícia está cada vez mais a enviar drones em vez de
polícias para atender ocorrências e para fins de investigação mais
abrangentes. Cincinnati, por exemplo, afirma que até
ao final deste ano, 90% de todas as ocorrências serão atendidas primeiro
por um drone.
Esta ampla
cobertura é possível devido à plataforma
de acoplamento da Skydio. Estas plataformas estão posicionadas em
locais estratégicos da cidade, permitindo que os drones sejam
carregados, lançados e aterrem remotamente a muitos quilómetros de distância
das sedes da polícia. Após o lançamento, todas as informações recolhidas
durante os voos são guardadas num cartão SD interno e enviadas automaticamente
para um software específico configurado para uso policial.
Este
software é desenvolvido pela Axon, um dos principais financiadores da Skydio, e
permite, segundo um comunicado
de imprensa da Axon, "o envio automático de fotografias e vídeos
captados por drones para um sistema digital de gestão de
provas".
Acontece que a
Skydio é também um grande fornecedor do Departamento de Defesa, tendo assinado
recentemente um contrato para
fornecer drones de reconhecimento ao Exército dos EUA. Como
fornecedor significativo tanto para as forças militares como para as forças de
segurança civis, isto tem levantado algumas velhas questões (sempre atuais)
sobre quais são ou serão as informações partilhadas entre os militares dos EUA
e as agências de segurança interna através do sistema de gestão de provas
digitais da Skydio-Axon.
Se nos
lembrarmos que os conflitos são sempre os grandes laboratórios para o
desenvolvimento das novas tecnologias de vigilância, onde elas são testadas, e
se verificarmos que neste caso da Skydio ela captou centenas de milhões de
dólares de capitalistas de risco israelo-americanos bem como de fundos de
capital de risco com amplos investimentos em Israel, incluindo a empresa de
Marc Andreessen, a Andreessen Horowitz, e que as Forças de Defesa de Israel
(IDF) têm intensivamente usado os seus drones, não nos iremos
espantar quando para o próximo ano virmos novos drones
para ambientes interiores a percorrer as casas das cidades americanas
(e não só).
Tudo,
evidentemente, a Bem da Nação.
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