Livro de historiadora espanhola
O navegador português era "violento,
irascível e com muito mau carácter", afirmou à agência Efe a historiadora
espanhola Isabel Soler, a propósito do livro "La derrota de Vasco da
Gama".
De acordo com o jornal espanhol Publico, o livro é uma tradução para espanhol
do documento "Roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama", escrito por um
tripulante da frota que em 1487 partiu de Lisboa e que empreendeu a expedição à
Índia.
A historiadora Isabel Soler, especialista em literatura de viagens do
Renascimento, que traduziu o documento e assina o prefácio de "La derrota de
Vasco da Gama", traça um retrato pouco simpático do navegador português, mas
sublinha que "a viagem portuguesa", os Descobrimentos, foi ao longo de mais de
200 anos "um diálogo e não um monólogo com as culturas" encontradas.
Segundo a historiadora, a expedição de Vasco da Gama supôs "uma ruptura do
monopólio" do comércio com o Oriente, dominado pelos italianos, mas o império
português foi mais marítimo do que territorial, com excepção do Brasil, onde
teve uma presença semelhante à de Espanha no Peru e no México.
Isabel Soler explicou que ao contrário de Cristóvão Colombo, de quem se
conhecem os diários de bordo, sobre Vasco da Gama "apenas existe um texto de um
biógrafo anónimo, que poderia ser Álvaro Velho", e crónicas de João de Barros ou
Damião de Goes. Há ainda "Os Lusíadas", epopeia de Camões sobre "a grande
mitificação do navegador português". No entanto, "tanto Vasco [da Gama] como
Camões são personagens obscuras que foram manipuladas pela História".
Isabel Soler está actualmente a preparar um livro que "explicará o lado mais
ideológico e simbólico da viagem portuguesa'".
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1877676&seccao=Livros
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1877676&seccao=Livros
Biblioteca guarda diário único de Vasco da Gama
Exposição abre hoje com mostra de manuscritos medievais entre outras raridades
Publicado em 2008-10-20
MANUEL VITORINO, LISA SOARES
A única cópia quatrocentista do "Diário da Viagem de Vasco da Gama à Índia" é uma das preciosidades expostas na Biblioteca Municipal do Porto. Por lá estão, ainda, manuscritos medievais e o livro "Só" de António Nobre.
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É uma viagem de grande significado histórico e feita de raridades bibliográficas aquela que, a partir de hoje, terá lugar na Biblioteca Pública Municipal do Porto, em S. Lázaro, em cujo edifício trabalhou o bibliotecário e historiador Alexandre Herculano.
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Por entre raridades, códices e manuscritos da Idade Média da "livraria de mão" do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, considerada uma das principais livrarias medievais portuguesas, o visitante é levado a descobrir preciosidades únicas e de incalculável valor patrimonial. Numa das vitrinas estão duas bíblias do século XVIII, mais à frente, um saltério do século XIV (livro de salmos utilizado no culto divino), logo a seguir, manuscritos musicais com coreografias para dança e bailado. "Todas as peças têm um enorme valor artístico", lembra Isabel Santos, directora da biblioteca.
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Em cada passo do percurso a curiosidade aumenta. Na mesma sala iluminada pela história, o olhar fixa-se em mais raridades como, por exemplo, no manuscrito do livro "Só", de António Nobre e, ao lado, na lista de endereços dos amigos do poeta (Gomes Leal, Raul Brandão, Eça de Queirós, Júlio de Matose Oliveira Monteiro) a par de alguns objectos pessoais. No mesmo corredor, uma pausa longa para admirar um dos muitos desenhos da fabulosa colecção de edifícios do Porto de 1833, do arquitecto Joaquim Villanova.
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A meio da viagem lá está o "Diário da Viagem de Vasco da Gama à Índia", 80 páginas, espécie de roteiro do caminho marítimo para o Oriente. "É uma raridade. O livro já esteve em Berlim, por ocasião da exposição Novos Mundos e só saiu de Portugal a título excepcional. Só o valor do seguro rondou oito milhões de euros. É documento único", diz, com orgulho,Isabel Santos.
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Existem outros motivos de interesse nesta exposição singular, como por exemplo, "A Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto (1614), o Foral da Cidade do Porto (1517), cujo exemplar pertenceu ao antigo bispo do Porto, D. José Magalhães Avelar, mais livros impressos no Porto, em 1497, pelo impressor Rodrigo Álvares, sem esquecer "A Gazeta", considerado o primeiro periódico português produzido entre 1641 e 1647.
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Antes de ultrapassar a porta de saída, a luz direccionada da vitrina exibe duas preciosas edições de "Os Lusíadas", de Camões, uma das quais, profusamente ilustrada por Emílio Biel e ainda, uma série de desenhos oitocentistas com referências à Foz do Douro. "A exposição divulga, apenas, uma parte dos fundos bibliográficos. O mais difícil não foi expor, antes, seleccionar as preciosidades" conclui.
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A exposição intitula-se "Tesouros da Biblioteca" e insere-se nas comemorações dos 175 anos da instituição. Entretanto, nos claustros, o visitante terá oportunidade de admirar diversas reproduções de iluminuras e códices medievais das várias colecções, bem como imagens de gente ilustre das letras portuenses, como Herculano, António Cruz e Sampaio Bruno.
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Para proporcionar o conhecimento e estudo dos tesouros expostos, os responsáveis da Biblioteca Pública Municipal do Portoorganizaram um calendários de visitas para vários públicos. A mostra poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 14 e as 19,.30 horas até 12 de Dezembro.
http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=1031410&page=-1
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Por entre raridades, códices e manuscritos da Idade Média da "livraria de mão" do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, considerada uma das principais livrarias medievais portuguesas, o visitante é levado a descobrir preciosidades únicas e de incalculável valor patrimonial. Numa das vitrinas estão duas bíblias do século XVIII, mais à frente, um saltério do século XIV (livro de salmos utilizado no culto divino), logo a seguir, manuscritos musicais com coreografias para dança e bailado. "Todas as peças têm um enorme valor artístico", lembra Isabel Santos, directora da biblioteca.
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Em cada passo do percurso a curiosidade aumenta. Na mesma sala iluminada pela história, o olhar fixa-se em mais raridades como, por exemplo, no manuscrito do livro "Só", de António Nobre e, ao lado, na lista de endereços dos amigos do poeta (Gomes Leal, Raul Brandão, Eça de Queirós, Júlio de Matose Oliveira Monteiro) a par de alguns objectos pessoais. No mesmo corredor, uma pausa longa para admirar um dos muitos desenhos da fabulosa colecção de edifícios do Porto de 1833, do arquitecto Joaquim Villanova.
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A meio da viagem lá está o "Diário da Viagem de Vasco da Gama à Índia", 80 páginas, espécie de roteiro do caminho marítimo para o Oriente. "É uma raridade. O livro já esteve em Berlim, por ocasião da exposição Novos Mundos e só saiu de Portugal a título excepcional. Só o valor do seguro rondou oito milhões de euros. É documento único", diz, com orgulho,Isabel Santos.
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Existem outros motivos de interesse nesta exposição singular, como por exemplo, "A Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto (1614), o Foral da Cidade do Porto (1517), cujo exemplar pertenceu ao antigo bispo do Porto, D. José Magalhães Avelar, mais livros impressos no Porto, em 1497, pelo impressor Rodrigo Álvares, sem esquecer "A Gazeta", considerado o primeiro periódico português produzido entre 1641 e 1647.
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Antes de ultrapassar a porta de saída, a luz direccionada da vitrina exibe duas preciosas edições de "Os Lusíadas", de Camões, uma das quais, profusamente ilustrada por Emílio Biel e ainda, uma série de desenhos oitocentistas com referências à Foz do Douro. "A exposição divulga, apenas, uma parte dos fundos bibliográficos. O mais difícil não foi expor, antes, seleccionar as preciosidades" conclui.
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A exposição intitula-se "Tesouros da Biblioteca" e insere-se nas comemorações dos 175 anos da instituição. Entretanto, nos claustros, o visitante terá oportunidade de admirar diversas reproduções de iluminuras e códices medievais das várias colecções, bem como imagens de gente ilustre das letras portuenses, como Herculano, António Cruz e Sampaio Bruno.
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Para proporcionar o conhecimento e estudo dos tesouros expostos, os responsáveis da Biblioteca Pública Municipal do Portoorganizaram um calendários de visitas para vários públicos. A mostra poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 14 e as 19,.30 horas até 12 de Dezembro.
http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=1031410&page=-1