Como o próprio nome sugere, o livro narra as opiniões dos árabes sobre as Cruzadas e, sobretudo, sobre os cruzados - os "Franj" (Francos), como eles os chamavam -, tidos como crueis, selvagens, ignorantes e culturalmente atrasados.
Combinando História e Literatura, Maalouf simula uma autobiografia (mas baseada na história real) de Hasan al-Wazzan, um embaixador árabe que, no ano de 1518, em viagem de peregrinação à Meca, foi capturado por piratas sicilianos e entregue ao grande papa da Renascença, Leão X.
Das primeiras invasões, no Século XI, até a derrocada geral das Cruzadas, no Século XIII, o livro constrói uma narrativa inversa àquela que é corrente no mundo ocidental, percorrendo uma longa galeria de figuras humanas famosas, descrevendo os principais fatos belicosos, e exibindo situações pitorescas de um cenário histórico onde os cristãos são vistos como "bárbaros", desconhecedores das regras mais elementares de honra, dignidade e ética social. (Wikipedia)
Les Croisades vues par les Arabes
Les Croisades vues par les Arabes est le premier essai écrit par Amin Maalouf. Il a été publié pour la première
fois en1983. Il est traduit en plusieurs langues.
Comme son nom l'indique, le livre raconte le point de
vue des Arabes sur les Croisés et
les croisades, entre 1096 et 1291.
Il raconte les pillages et les massacres perpétrés par les Franjs.
On y voit les contrastes de l'époque entre Orient et Occident. Il apporte en plus une réflexion sur
l'inversion de la domination de l'Orient sur l'Occident ces derniers siècles à
cause des croisades, et malgré la victoire arabe. L'une des causes avancées par
l'auteur est la capacité des occidentaux à s'organiser sur place autour de la
notion de droit pour établir des règles efficaces de dévolution du pouvoir.
Amin Maalouf s'inspire des historiens et des
chroniqueurs arabes de l'époque (en particulier Ibn al-Qalanisi, Oussama Ibn Mounqidh, Ibn Jubair et Ibn al-Athîr). Il a donné une nouvelle image des
croisades en Occident.
Ouvrages similaires
- Arab Historians of the
Crusades (1969), Francesco
Gabrieli
- The Templars & the
Assassins: The Militia of Heaven, James
Wasserman : fournit de nombreux détails sur les arrangements
politiques explicites comme implicites entre Arabes et Croisés, et montre
l'important niveau de communications entre les deux camps.
- Way of Sufi Chivalry (Al-Sulami) et Book of Spiritual
Chivalry (Sabzawari) permettent de connaître l'état d'esprit
insufflé aux guerriers musulmans. Ces deux livres furent écrits comme
guides de motivation des troupes à l'usage des émirs, etformatent en
quelque sorte la description des vertus arabes citées plus tard par les
historiens que recense Amin Maalouf. Leur lecture confirme (comme celle
de La Guerre des Gaules écrit plusieurs siècles
auparavant) que la propagande de
guerre existe à chaque époque.[
(Wikipedia)
Les Croisades vues par les Arabes
Ouvrages similaires
Agosto 31, 2009 — Cristina Alves
Ao contrário de outros livros de Amin Maalouf como O Périplo de Baldassare,As cruzadas vistas pelos árabes não é um romance histórico ou ficcional – antes um relato puro e duro das várias invasões com o objectivo de conquistar Jerusalém em nome do Papa, entre os séculos XI e XIII.
Em As Cruzadas Vistas Pelos Árabes é-nos apresentada uma visão algo diferente das que estamos acostumados, a dos invadidos por um povo que consideram bárbaro quando comparado científica e culturalmente. Os europeus são descritos como bárbaros, porcos, incultos e sem honra, o que face aos relatos não se pode negar totalmente:
Thabet respondeu: “Trouxeram à minha presença um cavaleiro que tinha um abcesso na perna e uma mulher que sofria de consumpção. Pus um emplastro ao cavaleiro; o tumor abriu e melhorou. À mulher, receitei uma dieta para lhe baixar a temperatura.” Mas chegou então um médico franco e disse: “Este homem não sabe tratar deles !” E, dirigindo-se ao cavaleiro, perguntou-lhe: “O que preferes, viver com uma só perna ou morrer com as duas?” Tendo o paciente respondido que antes queria viver com uma só perna, o médico ordenou: “Tragam-me um cavaleiro robusto com um machado bem afiado”. Vi chegar logo o cavaleiro e o machado. O médico franco assentou a perna sobre um cepo de madeira, dizendo ao recém-chegado :”Dá uma boa machadada para a cortar de lado a lado!” Sob o meu olhar, o homem desferiu na perna um primeiro golpe, depois, como ela ainda estava presa, bateu-lhe uma segunda vez. A medula da perna esguichou e o ferido morreu no mesmo instante. Quanto à mulher, o médico granco examinou-a e disse: “tem em cima da cabeça um demónio que se apaixonou por ela. Cortem-lhe o cabelo!”. Cortaram-lho. A mulher recomeçou então a comer os seus alimentos com alho e mostarda, o que agravou a consumpção. “Nesse caso, é porque o diabo entrou na cabeça”, afirmou o médico deles. E, pegando numa navalha, fez-lhe uma incisão em forma de cruz, deixou à mostra o osso da cabeça e esfregou-o com sal. A mulher morreu ali mesmo.
Escandalizado com a ignorância dos ocidentais, o certo é que Ussama ainda o fica mais com os seus costumes “Os Franj, exclama ele, não têm o sentido da honra! Se um deles sai à rua com a esposa e encontra outro homem, este toma a mão da mulher, puxa-a para o lado a fim de lhe falar, enquanto o marido se afastada aguardando que ela acabe a conversa. Se a coisa dura demasiado tempo, deixa-a com o seu interlocutor e vai-se embora !” E o emir sente-se perturbado: “Reparai nesta contradição. Tal gente não tem ciúmes nem sentido de honra, quando afinal tem tanta coragem! A coragem não provém no entanto senão do sentido da honra e do desprezo que está mal!”.
Chacina após chacina, os Franj (como são conhecidos os europeus invasores) ganham terreno graças às disputas religiosas e familiares na região. Cada cidade tem o seu governador e os sultões raramente são os chefes militares o que dá azo a traições e revoltas. Ao invés de se unirem contra a ameaça comum, cada cidade acaba por lutar praticamente sozinha e nem aquelas que se entregam são por vezes poupadas ao massacre.
O sentido de honra dos Franj é realmente peculiar e facilmente se desconsidera a palavra dada a um árabe por ser de outra religião. Com uma medicina baseada em superstições e uma escassa higiene, só pelo poder dos números é que os Franj conseguem conquistar e manter os territórios – mas não eternamente.
Ainda que As Cruzadas Vistas pelos Árabes seja um ensaio e não um romance, é um livro que aconselho a todos os que apreciam história ou ficção história, em que, para além dos relatos de Amin Maalouf se encontram passagens escritas por alguns dos cronistas da época.
http://acrisalves.wordpress.com/2009/08/31/as-cruzadas-vistas-pelos-arabes-amin-maalouf/
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