* antónio reis
24
Também eu trago a saudade
nos sentidos
se dissesse que não
era mentira
também eu perdi um cão
casas
rios
Mas hoje
tenho mulher
amigos
e uma saudade mais real
é que me inspira
27
Conheço
entre todas
a jarra que enfeitaste
têm o jeito
com que compões o cabelo
as flores
que tocaste
30
Que semente
procuras
no sal
areia
ou neve
pérola
Não contemples
é gosto
é água salgada
já
ao de leve
32
Olhas tu a chuva
e são linhas de prata
agulhas compridas
picando
a vidraça
Porque
te
debruças
34
Não é o vento
não
são gritos amiga
como eu
tu sabes
o que é uma ferida
mas é bom sentir
a tua mão na minha
porque
queres
mentir
35
Já não fazes
renda
não queres
que
nos fios
o coração se prenda
Fogem os teus dedos
das malhas para as folhas
queres que nos livros
os teus olhos teçam
37
Só pelos joelhos
sentimos as estações
com saudades de água
violeta
com saudades
de árvores
velhas
a nascer
Ah natureza dos sentidos
perdida
e da terra
penso
olhando o trânsito
rápido
da janela
38
Também eu gosto da noite
como vinho
também eu gosto das rosas
e do sal
também eu caminho
sonho
e imagino
sou natural
mas trago nos pés um espinho
o bem
o mal
41
Partem todos
o abandono os leva
um barco
o medo
Quando voltam
para nenhum de nós
é um segredo
43
O mesmo pensamento
a mesma ira
Para que serve a mão
Perde o sentido
o próprio
sofrimento
o coração
a lira
44
Não esqueço os mortos
Não esqueço os heróis
Não esqueço o luto das famílias
todos silenciosos
Denuncio publicamente a nossa cobardia
e quem mente
45
E digo
que são também homens
os traidores
embora os não ame
embora
sobre eles
silêncio
e dores
derrame
46
Aos que perseguem
um conselho
um aviso
pensem
com tempo
no dia do juízo
justo
certo
um espelho
de vidro
47
E
àqueles que chamaram agentes
aos amigos
um pesadelo
em sonho
a febre
o gelo
a nódoa numa ferida
Só depois o despertar
calvos
só depois a honra
perdida
o dia
24
Também eu trago a saudade
nos sentidos
se dissesse que não
era mentira
também eu perdi um cão
casas
rios
Mas hoje
tenho mulher
amigos
e uma saudade mais real
é que me inspira
27
Conheço
entre todas
a jarra que enfeitaste
têm o jeito
com que compões o cabelo
as flores
que tocaste
30
Que semente
procuras
no sal
areia
ou neve
pérola
Não contemples
é gosto
é água salgada
já
ao de leve
32
Olhas tu a chuva
e são linhas de prata
agulhas compridas
picando
a vidraça
Porque
te
debruças
34
Não é o vento
não
são gritos amiga
como eu
tu sabes
o que é uma ferida
mas é bom sentir
a tua mão na minha
porque
queres
mentir
35
Já não fazes
renda
não queres
que
nos fios
o coração se prenda
Fogem os teus dedos
das malhas para as folhas
queres que nos livros
os teus olhos teçam
37
Só pelos joelhos
sentimos as estações
com saudades de água
violeta
com saudades
de árvores
velhas
a nascer
Ah natureza dos sentidos
perdida
e da terra
penso
olhando o trânsito
rápido
da janela
38
Também eu gosto da noite
como vinho
também eu gosto das rosas
e do sal
também eu caminho
sonho
e imagino
sou natural
mas trago nos pés um espinho
o bem
o mal
41
Partem todos
o abandono os leva
um barco
o medo
Quando voltam
para nenhum de nós
é um segredo
43
O mesmo pensamento
a mesma ira
Para que serve a mão
Perde o sentido
o próprio
sofrimento
o coração
a lira
44
Não esqueço os mortos
Não esqueço os heróis
Não esqueço o luto das famílias
todos silenciosos
Denuncio publicamente a nossa cobardia
e quem mente
45
E digo
que são também homens
os traidores
embora os não ame
embora
sobre eles
silêncio
e dores
derrame
46
Aos que perseguem
um conselho
um aviso
pensem
com tempo
no dia do juízo
justo
certo
um espelho
de vidro
47
E
àqueles que chamaram agentes
aos amigos
um pesadelo
em sonho
a febre
o gelo
a nódoa numa ferida
Só depois o despertar
calvos
só depois a honra
perdida
o dia
Sem comentários:
Enviar um comentário