O escândalo por amor no séc. XX
"Doida não e não!" é o modo de Manuela Gonzaga fazer justiça a uma mulher que trocou o luxo pela paixão
Publicado em 2009-03-03
LILIANA CARVALHO LOPES
Está nas livrarias desde 20 de Fevereiro o sétimo livro de Manuela Gonzaga. "Doida não e não!" é a segunda biografia da escritora e será apresentado no dia 10, no Palácio de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Maria Adelaide Coelho da Cunha, herdeira do fundador e co-proprietário do "Diário de Notícias", foi declarada louca e presa num manicómio pela sua ousadia. A 13 de Novembro de 1918, uma mulher rica, de 48 anos, troca a família e toda uma vida de riqueza e bem-estar pelo motorista, de 26, para viver o verdadeiro amor.
Desta vez, não foi a escritora que partiu em busca da história, porque ela caiu-lhe no colo, se assim se pode dizer. "Um dia fui fazer um artigo sobre o palácio de São Vicente e os actuais donos tinham feito pesquisa sobre os anteriores inquilinos e recolhido uma data de documentação. A senhora já tinha lido livros meus e como estava muito interessada na Maria Adelaide e achava que não lhe tinha sido feita justiça, disse que me facultava a documentação que tinha, se eu quisesse. Eu, que não estava nada interessada em fazer uma biografia, porque estou com saudades de romances, mas conhecia um pouco da história (já tinha lido dois livros da Maria Adelaide), não consegui recusar", contou a escritora, ao JN.
No entanto, o que muita gente não sabe é que, a novidade deste livro, é a revelação do que aconteceu depois da libertação do motorista, Manuel Claro. Depois de obter ajuda de Carlos Poiares, um amigo advogado "apaixonado por Maria Adelaide", e de ser contactada por leitores do artigo sobre o palácio, a escritora embarcou definitivamente na investigação. "Fui contactada por Elisa Seara Cardoso Peres, filha dos donos do extinto "Comércio do Porto", que me disse que gostou do artigo, mas que havia um hiato. Disse-me saber o resto da história e que tinha conhecido a Maria Adelaide. Aí, eu já estava completamente apanhada e fui encontrar-me com ela no Porto, onde fui apresentada a uma lenda da arqueologia, Manuela Delgado, que também conheceu a Maria Adelaide e a um sobrinho-bisneto do Manuel Claro", explicou.
A estas pessoas, juntaram-se ainda personalidades de renome do século XX (ver caixa).
O livro é a continuação da apaixonada e cuidada incursão pela História que a romancista, jornalista e investigadora tem vindo a desenvolver. Não sendo uma biografia pura e dura (inicia aos 48 anos), "há no desenrolar do livro alguma referência ao que foi a infância, porque esta mulher não chega aos 48 anos com esta liberdade se não tivesse uma educação privilegiada, os pais, a ligação aos jornais, as viagens que fez, a cultura que tinha", esclareceu.
Quanto a expectativas, a escritora não arrisca. "Não gosto de pensar nesses termos. Neste momento as minhas expectativas foram atingidas: consegui completar este livro e estou tranquila", rematou.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1158498&page=-1
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