quarta-feira, 2 de abril de 2025

Tiago Franco - TRÊS HORAS DE ROMANCE |

 * Tiago Franco

Esta administracão americana junta à ignorância, e falta de chá já agora, uma falta de inteligência processual que chega a ser arrepiante.

Não há propriamente uma grande novidade nisto de anexar territórios. Toda a minha vida vi este "business as usual" mas os métodos eram mais graciosos. Havia sempre uma razão moral para meter a pata em território alheio.

Ou iam levar camiões de democracia ou derrubar um ditador que fazia mal ao seu povo. Não se dizia à boca cheia que o interesse era sacar petróleo.

E quando o tema não era pilhar recursos mas sim criar governos amigos, também se fazia tudo com algum "glamour". Patrocinavam-se uns "Contras", escolhia-se a dedo um presidente, interferia-se com a democracia sem grande alarido. Eram bons tempos, cheios de histórias secretas, conspiracões em bailes de gala, recepcões a embaixadores ou desembarques de mercenários em baías vigiadas.

Todo o império tem a sua, ou as suas, Bielorrússias. A arte está na forma que usam para nos convencerem da anexacão. Agora, vir um bronho com a melhor alcunha de sempre (Mango Mussolini), dizer repetidas vezes na televisão que "temos que ter aquilo porque há navios chineses e russos por todo o lado"...epá...corta todo o romance e encanto da espionagem e da política externa.

Nós sabemos que é por isso que queres aquilo. Nós sabemos a história da guerra aos recursos naturais....mas mente, pá! Mente! Dá algum charme a esta coisa de se anexar território alheio.

Uma coisa é perceber no início do século 20 que o Hawai dá jeito para encaixar umas bases. Anexa-se e ninguém se queixa. Nem havia instagram nessa altura. Tudo bem.

Mas hoje em dia, com a velocidade a que a informacão se espalha, francamente, é deprimento ver o facho encartado a visitar um território sem ser convidado e, de forma improvisada, a fazer uma conferência de imprensa na base militar onde se dirigia às maravilhosas pessoas da Gronelândia e às lindíssimas paisagens, quanto desancava os dinamarqueses.

JD...tu conheces alguma pessoa na Gronelândia? Viste alguma paisagem nas 3h que passaste na base? Sinceramente fico desiludido porque os EUA habituaram-nos com espectáculos muito melhores e bem mais ensaidados. Estes gajos são muito amadores, nem chegam a actores de fimes B. São o Stevan Seagel numa sequela que pedia Denzel Washington.

Dito isto...tenho dúvidas técnicas. Se de facto os americanos se abarbatarem com a Gronelândia:

1 - A Nato mete as botas no terreno para correr com eles de lá, cumprindo o artigo 5?

2 - A Ursula vai cobrar-nos mais impostos para apoiar a Gronelândia for as long as it takes?

3 - Os Dinamarqueses vão passar a terroristas na lista do FBI?

4 - A UE vai impôr sancões económicas a Washington?

5 - Os refugiados dinamarqueses também vão para o Ruanda (para onde eles mandam os que lá chegam) ou fazemos uma vaquinha para os acomodar em Alicante?

Esta história da Grônelandia promete ser apaixonante, tanto na parte da narrativa histórica como na das anexacões democráticas. É certo como o destino que os chineses ainda vão ser os culpados disto. Bem vistas as coisas, ainda só passaram dois meses do Donald. Dois mesitos.

Eu já só quero que me expliquem isto com o papel da conta à frente. Retencões na fonte, IVA, IRC, IRS, taxa do audiovisual, imposto nos combustíveis...não importa. Digam-me só quanto é que nos vão sacar para mais esta e tudo bem, seguimos cantando e rindo, a pagar.

2025 04 02

https://www.facebook.com/tiago.franco.735

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