quinta-feira, 10 de abril de 2025

Carlos Gonçalves - «Sondagens» para «martelar» eleições

* Carlos Gonçalves

As son­da­gens elei­to­rais podem no má­ximo prever ten­dên­cias, num mo­mento es­pe­cí­fico e no in­ter­valo da margem de erro; se a in­qui­rição for fiável, com mé­todo ale­a­tório e es­tra­ti­fi­cação ge­o­grá­fica, so­cial, etária, de gé­nero e voto an­te­rior, de di­mensão ade­quada, abs­tenção e dis­tri­buição de in­de­cisos con­forme à re­a­li­dade e tra­ta­mento me­diá­tico ri­go­roso(!).

Como estas «re­gras» estão «mar­te­ladas», não sur­pre­ende que o Ex­presso «ex­plique» agora a di­fi­cul­dade de amos­tras re­pre­sen­ta­tivas e son­da­gens claras e limpas; com isto pro­cura bran­quear-se, mas não in­forma que a SIC-Ex­presso in­siste num mo­delo con­ver­gente com a ma­ni­pu­lação elei­toral e o des­cré­dito da de­mo­cracia.

Hoje é muito im­pro­vável que uma son­dagem elei­toral seja ri­go­rosa e me­di­a­ti­zada com isenção. As em­presas da área – Pi­ta­gó­rica, Axi­mage, Eu­ro­son­dagem, In­ter­campus, etc., com ne­gó­cios de cerca de 100 mi­lhões de euros em 2024 – são de­pen­dentes dos bancos e mul­ti­na­ci­o­nais, que também co­mandam o poder po­lí­tico, os «es­tudos de mer­cado» e ne­gó­cios com os grupos eco­nó­mico-me­diá­ticos (três uni­ver­si­dades tentam a isenção no mer­cado, mas é di­fícil).

Está claro que a Eu­ro­son­dagem tra­balha para o PS e a Pi­ta­gó­rica para o PSD, as ou­tras em­presas é mais con­forme a «en­co­menda».

É evi­dente que as son­da­gens in­flu­en­ciam de forma de­ter­mi­nante o voto de muitos ci­da­dãos e são factor de sub­versão da de­mo­cracia. Em tempos, até San­tana Lopes es­creveu que «as son­da­gens são uma per­versão do sis­tema po­lí­tico». Um res­pon­sável da Pi­ta­gó­rica re­co­nheceu que os nú­meros da CDU «podem in­di­ciar uma li­geira dis­torção da amostra» – é óbvio e in­trín­seco ao ne­gócio.

Quem de­ter­mina as «son­da­gens» e a sua me­di­a­ti­zação são os grandes in­te­resses, o ob­jec­tivo é a mis­ti­fi­cação, agora é: «CDU a descer», «ou­tros a re­cu­perar e subir», «PS e PSD em em­pate téc­nico», «bi­po­la­ri­zação à vista», «PSD ul­tra­passa PS», «PS passa PSD», «PR vai exigir acordo para um go­verno do que ficar à frente».

Vale tudo nas «son­da­gens», nas mis­ti­fi­ca­ções e na sua me­di­a­ti­zação, «mar­te­lada» cen­tenas de vezes para de­so­ri­entar os tra­ba­lha­dores, o povo e a sua luta, para vencer por exaustão e levar a que votem contra os seus in­te­resses, para per­pe­tuar a po­lí­tica de di­reita e travar o avanço do PCP e da CDU.

É ur­gente es­cla­recer e lutar.

https://www.avante.pt/pt/2680/opiniao/179214/%C2%ABSondagens%C2%BB-para-%C2%ABmartelar%C2%BB-elei%C3%A7%C3%B5es.htm

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