segunda-feira, 7 de julho de 2008

Novas escravidões


(Um prostíbulo medieval in http://www.sewerhistory.org)




Courbet - “l’origine du monde”





5 DE JULHO DE 2008 - 18h42



por Eduardo Bomfim*

Nesta quarta-feira, dois de julho, o jornal Gazeta de Alagoas publicou extensa reportagem sobre o falecimento misterioso de uma jovem alagoana na Espanha. Luciene Maria da Silva vivia como garota de programa em uma boate, descreve a repórter Clarissa Veiga.


Trata-se da morte de uma brasileira vítima da servidão sexual. São centenas, ou milhares, de mulheres de todos os estados da federação que são cooptadas por traficantes da rotas internacionais da prostituição.


Informa a grande mídia global e nativa que os governos da comunidade européia resolveram adotar medidas drásticas em relação aos imigrantes da América Latina, que são usados como mão de obra aviltada e clandestina na velha Europa.


Eles deveriam usar o mesmo rigor policial contra aqueles que em suas terras revivem a vergonha que mancha a História dessas nações, a escravidão oficial.


Sim, porque a maior parte dos castelos, dos museus, do fausto, do ouro e da prata que cobrem os castelos e monumentos que adornam e encantam o velho continente provêm do sangue e suor dos africanos, dos asiáticos, etc.


Foram extraídos do chicote no lombo daqueles que nem eram considerados seres humanos, mas objetos, assim como as coisas ou utensílios pessoais. Ou resultado dos saques das riquezas dos povos indígenas americanos.


Porque cada gesto da nobreza, os modos de fidalguia, os lenços de seda, os punhos de renda, as especiarias, a elegância da aristocracia, todas essas coisas custaram centenas de milhares de vidas.


Os atuais governantes europeus deveriam se preocupar em criar leis rigorosas contra todos os que enriquecessem através do crime doloso da exploração internacional de escravas do sexo e dos imigrantes não regularizados.


Eles são submetidos a condições humilhantes e degradantes de trabalho, ao arrepio da legislação, desprovidos de cidadania sem o reconhecimento das suas nacionalidades.


Cabe às autoridades brasileiras intensificarem a vigilância e a repressão contra os que se utilizam do hediondo enriquecimento através do trabalho escravo, agora sob a bandeira impune da globalização.


Não será menor a desonra de uma nação ao não proteger as suas filhas, as Lucienes, dos exploradores internacionais do sexo, da nova fórmula de escravidão em pleno século 21.




*Eduardo Bomfim, Advogado


* Opiniões aqui expressas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
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in Vermelho 2008.07.07
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imagem da responsabilidade de Victor Nogueira
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