O silêncio está sempre aqui e em toda a parte;
ouvimo-lo por vezes com maior nitidez:
paira uma bruma pelos prados, a porta do celeiro está aberta,
um tordo-pisco canta ao longe e uma
borboleta branca não pára de esvoaçar
em torno do ramo de um ulmeiro que
balança ao de leve com o poente em fundo.
O crepúsculo despoja tudo de rosto ou caligrafia,
sobra apenas a diferença entre luz e escuro --
não há senão a própria noite estival
e um velho relógio de bolso começa de repente
a fazer tiquetaque sobre a secretária,
muito alto.
Jaan Kaplinski, versão de Vasco Gato
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