sábado, 1 de novembro de 2025

Jaime Nogueira Pinto - O escudo democrático

* Jaime Nogueira Pinto

Colunista do Observador   

Liberalíssimos democratas a defender a proibição das redes sociais, esse tentacular polvo de caótica e amoral informação alternativa, a bem da Democracia e da luta contra o Fascismo?

01 nov. 2025,  

A Comissão Europeia tem comissários para tudo. Mas há um que tem um pelouro mais exigente do que os outros. Trata-se de Michael McGrath, Comissário Europeu para a Democracia, Justiça, Estado de Direito e Protecção do Consumidor.

Ora, dada a dimensão do campo de batalha e não estando o manipulado povo, o desinformado demos, de feição, parece que para proteger a Democracia, o Estado de Direito e o Consumidor, só mesmo instalando um Escudo. Um Escudo Democrático, contra o exército de desinformadores que, processo eleitoral a processo eleitoral, incessantemente trabalha na sombra para transviar o incauto povo europeu.

A fim de sensibilizar as massas para a implementação do dito Escudo, McGrath resolveu então organizar um debate na Comissão Europeia sob o título “A necessidade de um Escudo Democrático Europeu para fortalecer a Democracia, defender a UE da ingerência estrangeira e das ameaças híbridas e proteger os processos eleitorais na União Europeia”.

Assim, no dia 9 de Outubro, depois de desfiar os perigos que ameaçavam o futuro da Democracia na Europa, McGrath passou a tranquilizar as hostes para que não caíssem em desânimo, dando-lhes a boa-nova: graças à contribuição do Parlamento Europeu, dos Estados membros e até de cidadãos anónimos, o Democratic Shield estava pronto a ser “implementado”!

O Escudo Democrático vinha, assim, socorrer a Europa, respondendo ao premente desejo dos cidadãos europeus, conforme expresso em inquérito realizado entre 31 de Março e 26 de Maio deste ano. Para o comissário, as 5 mil respostas ao inquérito (num universo de 400 milhões de eleitores) eram, já de si, um sinal positivo. Uma grande riqueza, a participação entusiástica dos cidadãos da Europa. É certo que, dos 5 mil cidadãos que responderam à consulta, só 79 se mostraram favoráveis à implementação do dito Escudo, mas não seria isso mais uma prova das “ameaças híbridas” e das “ingerências estrangeiras” que andavam no ar?

Em contrapartida, das 94 organizações não-governamentais inquiridas – que, essas sim, estavam no terreno –, só 8 se tinham oposto ao Democratic Shield. Os canais de desinformação, que moram lá para os lados das “redes sociais”, apressaram-se a sugerir que a discrepância talvez se devesse ao facto de a maior parte das ONGs ser financiada pela própria Comissão Europeia… Mas não eram os cidadãos europeus também financiados, e até agraciados, pela Comissão, com comissões, debates, recomendações, subsídios e altos funcionários que permanentemente trabalhavam em sua defesa e em defesa da Democracia?

Independentemente dos inquéritos, o Escudo Democrático impunha-se; até para conter as escolhas eleitorais de povos cada vez mais manipulados e desinformados, que insistiam em ameaçar a Democracia, apesar dos inúmeros avisos da imprensa de referência e das inúmeras recomendações e sanções das inúmeras comissões.

À beira de um ataque de nervos

O Escudo do comissário do povo europeu Michael McGrath é só um exemplo da forma mais organizada e institucional que a reacção sistémica ao “voto do povo” tem vindo a tomar. A prática de recorrer a instrumentos jurídicos para, em nome da Democracia, proibir ou tornar ilegais eleições “que não correram bem” e prevenir as que poderão não correr bem, parece ter-se normalizado. A primeira volta das eleições na Roménia, por exemplo, foi anulada porque o “candidato errado” estava à frente; igualmente esclarecedora, é a tentativa de impôr a Marine Le Pen uma sentença extraordinária por ter como funcionários no Parlamento Europeu alguns dos seus quadros partidários, prática generalizada entre os partidos franceses e europeus.

Também em Portugal – e logo num momento de grandes elogios à actividade jornalística e ao papel da liberdade de pensamento e de escrita no nascimento e consolidação da Democracia – parece haver partidários dos “escudos democráticos”, nomeadamente contra as famigeradas “redes sociais” (como se “as redes sociais” fossem uma realidade unívoca e unilateral, e como se a desinformação, o discurso de ódio e os disparates só por lá andassem). A alternativa, supomos, seria ficarmos unicamente com os chamados jornais de referência e com uma aturada selecção de respeitáveis pivots e comentadores televisivos, capazes de informar democraticamente o povo, com a decência, o rigor, a objectividade, a correcção e a actualidade que a Democracia exige. (No Domingo passado, quando já se sabiam os resultados na Argentina, um dos canais de referência, atido ao wishfull thinking das sondagens e a uma suposta vitória dos peronistas em Bueno Aires, ainda dava Milei a perder as eleições parlamentares na Argentina).

Liberalíssimos democratas a defender a proibição das redes sociais, esse tentacular polvo de caótica e amoral informação alternativa, a bem da Democracia e da luta contra o Fascismo? O mesmo Fascismo instituído pelo Estado Novo, esse “bafiento regime de terror”, que censurava tudo o que era amoral e…alternativo?

Com todo este “ó tempo volta para trás”, só podem estar à beira de um ataque de nervos.

https://observador.pt/opiniao/o-escudo-democratico/ 

António Barreto - Ventura, Salazar e os ciganos



* António Barreto
1 de Novembro de 2025


Proibir cartazes por serem a tradução de “discurso de ódio” é acto tão condenável quanto a utilização desse mesmo discurso. O “discurso de ódio” é uma das grandes idiotias do tempo presente.


Saber se Ventura é ou não fascista é questão relativamente pouco interessante. Nem ele o saberá, talvez. Há hoje, à face da terra, em Portugal e no mundo, outras variedades de simpatias políticas, umas mais interessantes, outras mais perigosas. Saber se ele é racista, colonialista, adepto da supremacia branca, populista, machista, paternalista, integrista ou integralista, eis questões também pouco importantes, mas às quais já se pode prestar alguma atenção, a fim de compreender a pessoa.

Os cartazes de Ventura, tanto o dos ciganos como o do Bangladesh, são de enorme mau gosto, são tolices irremediáveis, mas de enorme eficácia: tinham como objectivo acicatar os piores sentimentos de parte da população e provocar oposição e ameaças de censura. Objectivos alcançados, pelo menos em parte. Esperemos por mais até às próximas eleições. E saibamos resistir ao impulso de algumas pessoas que consiste em censurar e proibir.
 
Uma das expressões favoritas de Ventura, “pôr isto em ordem”, é de uma absoluta infantilidade, é destituída de cultura e pensamento, trata-se de um mero desabafo próprio de quem procura o reflexo condicionado, não a razão nem sequer o sentimento. Deixemo-lo prosseguir nessa via, até cair no ridículo ou até revelar a vacuidade dessa palermice inqualificável. A expressão constitui lugar-comum ou cliché conhecido, tem muitas décadas de existência, não quer dizer nada e quer dizer tudo. Cada pessoa que a ouve percebe-a como quer, dá-lhe o conteúdo que deseja. É uma palavra de ordem que nada implica de conteúdo, nem de política, nem de objectivos, mas apenas alude à entrega do poder a um aventureiro. É retórica usada por todos os candidatos a líderes, verdadeiros ou maquilhados, que apenas pretendem que lhes seja dada confiança sem limites. Trata-se de expressão com equivalentes, igualmente destituídos de conteúdo, tais como “limpeza” e “vassourada”. Que se vêm acrescentar a outra de uso corrente e preferida por Ventura, sem qualquer conteúdo nem sentido, mas de forte capacidade de excitação, que é a “vergonha” que ele exprime e a “falta de vergonha” dos outros. A liberdade de expressão também inclui estes lugares-comuns e estes disparates.
 
Recentemente, Ventura fez nova aquisição teórica e política, para não dizer cultural: a expressão “é preciso um Salazar” ou mesmo “nem três Salazares chegavam”. A tolice é tanta que nem sequer tem graça. É apenas confrangedor, mas tem um mérito: revela as inclinações de Ventura. Veremos como os eleitores lhe pagarão esta confissão.

 
Estas expressões de Ventura, estas provocações de pequeno porte e reduzida inteligência, têm o condão de excitar os seus seguidores: é bom para eles, é alimento para as almas. Mas também têm o efeito de suscitar, junto dos seus adversários, as piores reacções imagináveis, da censura à proibição, passando pelo processo judicial. Punir Ventura porque é racista? Porque diz parvoíces? Proibir Ventura de dizer disparates? Não faz qualquer sentido. Ventura é assim. Pensa e diz coisas estranhas. Não sabemos se pensa, mas pelo menos diz.

 
Proibir e castigar fazem sentido quando se trata de actos, de factos, não de pensamentos ou palavras. Proibir intervenções ou cartazes por serem a tradução de “discurso de ódio” é acto tão condenável quanto o da utilização desse mesmo discurso. O “discurso de ódio” é uma das grandes invenções do tempo presente. Uma das grandes idiotias. O que é exactamente ninguém sabe. Ou antes: cada pessoa sabe, porque cada pessoa define o seu próprio ódio, cada um define os limites que prefere. Daí a encontrar definições gerais e abstractas, limites reais e palpáveis, é uma impossibilidade. Desabafar, criticar ou fazer ironia à custa de um povo ou de uma nacionalidade é “discurso de ódio” conforme quem denuncia e quem pratica: a avaliação do ódio será diferente conforme se trate de americano ou russo, judeu ou palestiniano, africano ou chinês. Não se trata, como é evidente, de terreno sólido para legislar.

 
Os gestos, os actos, os factos e as acções são uma coisa. As vozes, a palavra, a expressão pública de qualquer crença, o desejo, a vontade, o desprezo ou o insulto são outras coisas. Enquanto não houver acções racistas e violentas, incitamento e organização da violência, agressão a pessoas e vandalização de bens, os desabafos de Ventura e outros não passarão disso mesmo, palavras. Desde que não violem ou atentem realmente, não apenas verbalmente, contra os direitos e a integridade de imigrantes, ou seja de quem for, as palermices de Ventura e outros serão desabafos, desejos de arruaceiros e demagogia barata. Querer “correr” com os estrangeiros e os imigrantes é tão inteligente quanto “correr” com capitalistas, sindicalistas, padres ou militares.

 
Todos têm o direito de não gostar de ciganos, bengaleses, árabes, negros, russos, americanos e até portugueses. Todos têm o direito ao preconceito e a considerar inferiores, estúpidos, perigosos e ameaçadores os outros povos. Mais difícil ainda: todos têm o direito a exprimir publicamente os seus pensamentos, as suas crendices e os seus preconceitos. Tentar censurar, proibir ou controlar a expressão verbal dos seus pensamentos é tão grave quanto cometer actos de agressão ou de violência.

 
Há ainda a questão do insulto. Muitas pessoas pensam que o insulto deve ser controlado, censurado, eventualmente castigado. É uma velha questão. Sem pretender inovar ou ser exaustivo, o importante é distinguir entre insulto e calúnia. A segunda é em geral motivo de processo e condenação. Não se pode acusar alguém de ter praticado ou cometido actos que comprometem a honra, a reputação, a carreira ou a vida privada. Já o insulto é livre. Até ao ponto de prejudicar outrem. Sem isso, o insulto faz parte da liberdade de pensamento e de expressão.

  
As intenções de Ventura e de outros são ou parecem claras: quer ser perseguido, pretende ser proibido de falar, gostaria de ser ilegalizado, espera que alguém o acuse em tribunal, deseja que a polícia o procure e pensa mesmo que alguém, privado ou público, o poderia ameaçar. Anseia ter razões de queixa, com a esperança de ser uma vítima dos que são contra a liberdade de expressão. Ficará encantado se o acusarem de discurso de ódio. Será para ele glorioso o dia em que será acusado e processado por uso da liberdade.

https://www.publico.pt/2025/11/01/opiniao/opiniao/ventura-salazar-ciganos-2152978

domingo, 26 de outubro de 2025

Mona Shomali - O CAPITALISMO ADORA A CONCORRÊNCIA, MAS A NATUREZA TEM OUTRAS IDEIAS

REFLEXÃO



Foto: Mellifera e. V.

 O CAPITALISMO ADORA A CONCORRÊNCIA, MAS A NATUREZA TEM OUTRAS IDEIAS


Mona Shomali, Climática. Trad. O'Lima.

Economistas e líderes empresariais adotam um conceito distorcido da evolução: as corporações e os sistemas sobrevivem, dizem eles, devido a vantagens competitivas, o que os torna superiores e capazes de dominar (ou destruir) sistemas, empresas, pessoas e nações mais fracas. Isso, argumentam, torna os sistemas humanos semelhantes à natureza. Os fracos desaparecem dos ecossistemas, enquanto os fortes persistem: a chamada «sobrevivência do mais apto».

O cientista cujo trabalho inspirou esse termo não concordaria com eles.

Dei aulas a uma aula na New School, em Nova Iorque, sobre a relação entre cultura e meio ambiente. Disse aos meus alunos que os defensores do capitalismo usam a «sobrevivência do mais apto» e uma percepção incorreta da competição no mundo natural para justificar a eliminação das redes de segurança social para as pessoas mais vulneráveis da nossa sociedade, uma justificação implícita, por exemplo, nas ações atuais do atual governo.

Na minha experiência, sempre que alguém questiona se a competição deve ser um valor central — como no capitalismo —, as pessoas costumam dizer: «É natural! Basta olhar para a natureza!».

Mas e se ess defesa do capitalismo como algo natural tiver falhas e a concorrência nunca tiver sido a única forma de «sobreviver» ou ser «apto» num ecossistema? E se aqueles que interpretaram as teorias do naturalista Charles Darwin e as aplicaram às sociedades e economias humanas simplesmente escolheram seletivamente as partes da teoria que pareciam justificar a sua agenda?

Darwinismo social 

Em meados da década de 1850, Darwin começou a observar e estudar como os organismos e as espécies individuais encontram o seu nicho. Quando um animal encontra o seu lugar e função num ecossistema, escreveu ele, esse animal encontrou o seu nicho. Embora as espécies possam competir por um nicho, elas também podem adaptar-se e cooperar por um. Uma espécie é a mais apta quando um número suficiente dos seus membros encontrou um nicho dentro do ecossistema onde vivem. E quando um número suficiente de membros encontrou um nicho, Darwin descreveu esse processo como «a sobrevivência do mais apto».

Nas décadas seguintes à publicação do inovador livro de Darwin, A Origem das Espécies, um grupo de pensadores ocidentais utilizou a sua teoria da seleção natural para tentar explicar a competição feroz e cruel na sociedade humana.

O darwinismo social, tal como definido por eles, argumenta que indivíduos, grupos e povos estão sujeitos às mesmas leis darwinistas da seleção natural que as plantas e os animais. Pensadores ingleses como Herbert Spencer defenderam essa teoria no final do século XIX e início do século XX, e ela continua a ressoar até hoje.

O darwinismo social afirma que as classes altas competiram para serem aptas e venceram o jogo da seleção natural. Ele sugere falsamente que certas classes sociais são superiores e que a desigualdade social e a incapacidade política são um resultado natural da competição.

Não deveria ser surpresa que os pensadores colstas europeus usassem o darwinismo social para racionalizar a pressão por reformas progressistas.

Mas tal justificação baseia-se num mal-entendido e numa deturpação as observações de Darwin, pois ele também assinalou o papel igualmente importante da cooperação nos ecossistemas. A competição e a cooperação são ambas naturais entre todas as espécies.

A cooperação como mutualismo

É essencial não deturpar a dinâmica do ecossistema para justificar uma forma de organizar a sociedade humana.

Segundo o estudo da ecologia, uma relação entre duas espécies que se beneficiam mutuamente da cooperação é conhecida como mutualismo. Essa relação dá a ambas as espécies uma vantagem que, de outra forma, não teriam. O mutualismo é uma cooperação biológica que permite que dois organismos melhorem as suas possibilidades de sucesso e reprodução no ecossistema.

Por exemplo, os golfinhos precisam da ajuda do atum para encontrar os peixes mais pequenos dos quais ambos se alimentam. Os ecologistas chamam a isso caça conjunta. Noutro caso, os pica-bois-de-bico-amarelo comem as carraças do pêlo dos antílopes impala africanos. O pica-bois-de-bico-amarelo beneficia ao ter uma refeição e o antílope beneficia ao ter menos carraças incómodas.

A polinização é outro exemplo: os insetos transportam pólen de uma planta para outra enquanto beneficiam da fonte de alimento do néctar das flores em que pousam. À medida que insetos como abelhas ou borboletas pousam nas flores para se alimentar, também fertilizam as plantas com o pólen nos seus corpos. O pólen é transferido do estame para o estigma, permitindo a produção de flores e frutos. Os insetos que polinizam especificamente as plantas em troca de alimento são conhecidos como insetos benéficos.

A cooperação como adaptação

 Em A Origem das Espécies, Darwin descreveu um processo no qual certas espécies prevaleceram sobre outras porque eram melhores na adaptação. Elas cooperaram com outros organismos ou com fatores não vivos no seu ambiente para poderem sobreviver. Os ecologistas referem-se à adaptação como o processo de mudança ao longo do tempo para um organismo poder estar mais bem preparado para encontrar um nicho e sobreviver no ecossistema. Quando o ecossistema muda ou desaparece rapidamente, a espécie é forçada a considerar uma nova cooperação dentro do novo ecossistema.

As primeiras e mais famosas descrições de adaptação de Darwin foram os seus estudos dos animais das Ilhas Galápagos, no Equador. Depois de observar as aves locais, Darwin notou que os formatos dos bicos dos tentilhões se adaptaram ao longo do tempo para se ajustar aos formatos dos seus alimentos: flores, insetos, sementes e frutas.

Os camelos também se adaptaram com sucesso a um dos ecossistemas mais adversos: o deserto quente e seco. Um camelo pode passar uma semana ou mais sem beber água, o que é mais do que a maioria dos animais consegue aguentar. Os seus corpos também conservam água, pois não suam à medida que a temperatura aumenta. Os camelos também podem passar vários meses sem comer, porque armazenam gordura nas suas bossas. No entanto, se o deserto seco se tornasse repentinamente frio e húmido, um camelo não estaria preparado e teria dificuldade em se adaptar rapidamente.

Alguns animais adaptaram-se aos seus ambientes como proteção contra predadores. Uma excelente maneira de evitar ser comido por um predador é camuflar-se entre a folhagem. Muitos insetos, como o louva-a-deus, evoluíram para se parecerem com as folhas entre as quais vivem.

Ao longo de milhares de anos, as plantas e os animais evoluíram para tolerar perturbações repentinas ou condições persistentes nos seus ambientes locais. Todo o organismo vivo faz parte de uma espécie que descobriu como prosperar apesar das condições flutuantes do ecossistema. Adaptação significa que a espécie precisa de se redesenhar e remodelar para encontrar um novo nicho num ecossistema em mudança. Para sobreviver, a espécie terá que encontrar um novo propósito.

Alterações climáticas: a falta de adaptação

As mudanças rápidas num ecossistema, como as alterações climáticas, são problemáticas e não dão tempo para que os seres humanos, os animais e as plantas se adaptem à mudança nova e repentina no seu ecossistema.

Os animais e as plantas adaptam-se e cooperam, mas este não é um processo rápido, e as mudanças adaptativas dentro de um ecossistema podem levar várias gerações ou séculos. Uma espécie morre se não se adaptar com rapidez suficiente, mas as espécies que demonstrarem maior cooperação e adaptação terão uma enorme vantagem ao enfrentar perturbações e desastres.

Para aprofundar um pouco a ideia de adaptação, eu diria que o nosso fracasso no combate às alterações climáticas está enraizado na nossa incapacidade humana de nos adaptarmos às condições que causam as alterações climáticas. Adaptamo-nos reconhecendo as limitações dos ambientes em que vivemos e planeando em conformidade para não explorar, consumir em excesso e poluir. Se pudéssemos adaptar-nos às limitações do que os nossos ecossistemas podem tolerar — por exemplo, quanto carbono a nossa atmosfera pode tolerar —, teríamos uma melhor chance de sobrevivência.

Competição e falsa escassez

As espécies estão sempre a competir por um nicho, pois lutam pelo mesmo lugar no ecossistema. A competição ocorre quando os organismos lutam pelo mesmo nicho ou por um nicho semelhante, porque não há uma oferta adequada de um recurso limitado na mesma área.

Por exemplo, chitas e leões alimentam-se de presas semelhantes (como impalas). Esses concorrentes também se matam uns aos outros na luta por recursos.

>Quando as espécies lutam por um nicho, dependem da competição. A espécie que vence a competição transmite as suas características físicas às gerações futuras, enquanto a espécie que perde será extinta. A competição «funciona» devido à escassez de recursos.

Como sociedade humana, podemos decidir e organizar-nos para determinar o que fazer quando os recursos são escassos. Temos uma função executiva que nos permite gerir ou compensar a escassez. Eu diria que muitos governos criam uma falsa escassez através das suas prioridades e políticas e das escolhas de que programas cívicos decidem financiar e quais não. Isso praticamente garante «perdedores» nos nossos sistemas sociais.

Reconheco a cooperação humana

Darwin explicou nos seus escritos que os «mais aptos» não são necessariamente os maiores, os mais fortes ou os melhores lutadores do grupo. Ele detalhou como uma espécie pode ser «apta» e sobreviver através da cooperação.

A aplicação incorrecta da teoria de Darwin por parte dos pensadores ocidentais para se concentrarem selectivamente na competição é de grande alcance; o viés darwinista social em relação à competição tem sido usado para justificar a propriedade privada dos recursos do ecossistema em vez da propriedade comunitária. Quando os colonizadores desembarcaram nas Américas, Austrália, Nova Zelândia e África, dividiram as terras indígenas de propriedade comunitária e forçaram a privatização. Na propriedade privada, as pessoas competem para possuir individualmente um bem do qual se pode excluir o uso por outros. Na propriedade comunitária, é necessária adaptação e cooperação para desenvolver uma estrutura de partilha.>

Noutra das minhas palestras, discuti como Elinor Ostrom ganhou um Prémio Nobel de Economia pelo seu trabalho ao opor-se à inevitabilidade da «tragédia dos comuns» e ilustrar que os recursos de propriedade comunal podem ser bem administrados. A autora descreveu estudo de caso após estudo de caso sobre como as instituições culturais indígenas se desenvolveram para gerir a cooperação, ou como ela chamou, ação coletiva, como um desafio direto à ideia de que a privatização é uma parte necessária da modernização e do status quo no mundo ocidental.

Os darwinistas sociais têm negado muitos aspetos e comportamentos da sociedade humana que se baseiam na cooperação, e isso tem tido inúmeras implicações negativas para a humanidade e para o planeta. É importante não negligenciarmos e ignorarmos a existência de uma cooperação bem-sucedida dentro da nossa própria ecologia humana. Com uma compreensão da dinâmica real do ecossistema, em vez de extrapolações tendenciosas e falsas, podemos reivindicar a cooperação.

 

Posted by OLima at domingo, outubro 26, 2025

https://onda7.blogspot.com/2025/10/reflexao_02121545034.html

https://climatica.coop/capitalismo-ama-competencia-pero-naturaleza-otras-ideas/

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

"Que Presidente da República para Portugal? - Contra a tentação presidencialista"

Presidenciais 2026

Costa ajusta contas com Marcelo em prefácio de novo livro: “Legitimidade reforçada do PR em nada tem contribuído para a estabilidade”

Rita Dinis, Jornalista

 “Éramos felizes e não sabíamos”, chegou a dizer Marcelo sobre a coabitação com Costa. No prefácio do livro “Que Presidente da República para Portugal?”, de Vital Moreira, o ex-primeiro-ministro defende como o PR deve ser um mediador e promotor de consensos – coisa que, escreve Costa, Marcelo não foi, a não ser na pandemia

Num sistema de governo parlamentar (e não semipresidencialista) como é o português, o Presidente da República deve ter uma função "essencialmente moderadora", como "garante do regular funcionamento das instituições", deve ser promotor de "acordos de regime", deve ter um "sábio uso da gravitas da palavra" e deve usar a sua "autoridade política para prevenir crises e mobilizar consensos políticos e sociais". Mas não é isso que tem acontecido, conclui o ex-primeiro-ministro e atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, no prefácio do novo livro , com o título "Que Presidente da República para Portugal? - Contra a tentação presidencialista", do constitucionalista Vital Moreira.

Prova disso, escreve, são as dez dissoluções da Assembleia da República que aconteceram nos últimos 25 governos do regime democrático, incluindo em contextos de maioria absoluta, como foi o caso do seu último governo. "Vinte e cinco governos e dez dissoluções da Assembleia da República em 50 anos confirmam que a legitimidade eleitoral reforçada do PR em nada contribuiu para a estabilidade, antes pelo contrário", considera António Costa, lembrando que "todos os presidentes utilizaram no segundo mandato" essa legitimidade reforçada para "confrontar a solução de governo existente, mesmo que dispondo de maioria na AR".

António Costa, recorde-se, viu a Assembleia da República ser dissolvida por duas vezes às mãos de Marcelo Rebelo de Sousa, provocando a queda de dois dos seus governos e a consequente ida a eleições. A primeira aconteceu em outubro de 2021, aquando do chumbo do Orçamento do Estado para 2022, e resultou na maioria absoluta do PS; a segunda aconteceu em novembro de 2023, depois de António Costa ter apresentado a sua demissão como primeiro-ministro na sequência do comunicado da PGR que o visava na investigação judicial da Operação Influencer. Nessa altura, Costa alegou que o PS dispunha de maioria absoluta no Parlamento, pelo que deveria nomear um novo primeiro-ministro, mas Marcelo entendeu que a maioria absoluta do PS estava personalizada na figura de António Costa e, caindo um, caía o outro também. É essa espinha que está entalada: logo na altura, o então líder do PS considerou que tinha faltado "bom senso" ao Presidente .

Depois disso, Marcelo, que foi eleito em 2016 com 52% dos votos, e reeleito em 2021 com uns esmagadores 60%, ainda usaria mais uma vez o poder de dissolução, depois de Luís Montenegro ter visto uma moção de confiança rejeitada pelo Parlamento, na sequência da investigação à empresa familiar de Luís Montenegro, que levou ao reforço da votação do PSD nas urnas.

No prefácio do livro sobre os poderes do Presidente da República da autoria do constitucionalista e ex-deputado do PS Vital Moreira, Costa começa por sublinhar que não está em causa qualquer recuo no modo de eleição direta do Presidente da República, consagrado na Constituição, mas não deixa de realçar que essa forma de eleição direta - que reforça a legitimidade eleitoral do Presidente, na medida em que é eleito com a maioria dos votos dos portugueses - não tem sido sinónimo de estabilidade, nem sequer de acordos de regime ou de prevenção de crises.

Costa até pega no exemplo italiano e alemão, onde o PR é eleito de forma indireta, para dizer que não só não é por isso que aqueles Presidentes têm a autoridade beliscada, como até se verifica que há, naqueles casos, um "reforço do seu papel verdadeiramente moderador".

Segundo o ex-primeiro-ministro, raros foram os Presidentes que conseguiram promover verdadeiros acordos de regime, devendo esse mérito ser concedido aos partidos do regime, PS e PSD. "Os verdadeiros acordos de regime, na política externa, na defesa nacional ou na integração europeia, foram mais fruto da coincidência de posições políticas do PS e PSD, consolidada pela força centrípeta da NATO e da UE, do que da ação de qualquer presidente", escreve, enumerando aquilo que diz terem sido "exceções" a este entendimento.

"A legitimidade conferida pela eleição direta do PR não se traduziu, nos sucessivos mandatos presidenciais, na autoridade política para prevenir crises e mobilizar consensos políticos e sociais. As exceções que confirmam a regra são raras", escreve, dando como "poucos exemplos que a memória regista" os casos de Mário Soares e a sua "magistratura de influência" na mobilização do programa de erradicação das barracas nas áreas metropolitanas; o caso de Jorge Sampaio na defesa da causa de Timor ou até o caso de Cavaco Silva na mediação da crise do "irrevogável" que salvou a coligação de Passos Coelho. Sobre Marcelo Rebelo de Sousa - o Presidente com o qual coabitoudurante a quase totalidade do seu tempo como primeiro-ministro - Costa identifica a sua "valiosa ação pedagógica durante a pandemia da Covid-19". Ou seja, em tudo o resto, Marcelo não soube mediar consensos nem prevenir crises, e o carimbo das três dissoluções ajudam a ilustrá-lo.

Dissolução só com maioria alternativa

No livro, Vital Moreira, também autor do blogue Causa Nossa, que tem sido muito crítico dos mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa, defende duas propostas de alteração constitucional que vão no sentido de conferir maior centralidade ao Parlamento num sistema de governo que é parlamentar: uma delas é a necessidade de o programa de Governo ser votado e aprovado na Assembleia da República (atualmente só tem de ser discutide e a votação só ocorre se algum partido o propuser); a outra é a consagração da figura da moção de censura construtiva, há muito defendida por António Costa.

A combinação destas duas alterações, no entender de Costa, "reforçaria de modo inequívoco o parlamento como fonte da legitimidade do governo, que perante si responde politicamente". Por outras palavras, o ex-primeiro-ministro lembra que o Governo responde perante o Parlamento e não perante o Presidente da República.

Segundo Costa, estas alterações são sobretudo necessárias num contexto em que a crescente fragmentação parlamentar faz com que seja cada vez mais difícil haver maiorias absolutas de um só partido (o governo que encabeçou em 2022/2023 era uma raridade ao nível europeu), e num contexto em que facilmente se formam aquilo a que Costa chama de "maiorias artificiais".

"A criação de maiorias artificiais por via de mudanças no sistema eleitoral é altamente penalizador da representatividade democrática. É, por isso, necessário incentivar o diálogo parlamentar, uma cultura de compromisso que assegure o necessário apoio parlamentar para a execução de um programa de governo", escreve, defendendo que o programa de governo ganhe aqui uma nova centralidade no momento de o PR decidir a dissolução da Assembleia da República "por proposta do primeiro-ministro".

Paralelamente, com a figura da moção de censura construtiva, defendida por Vital Moreira e secundada por António Costa, o derrube do governo via Parlamento só passaria a ser possível "mediante a designação por maioria de um novo primeiro-ministro acompanhado do respetivo programa de governo". Ou seja, o derrube do governo por parte dos partidos com representação parlamentar só passaria a ser possível se esses mesmos partidos tivessem uma solução alternativa. Isto evitaria "os riscos de um parlamentarismo disfuncional" e evitaria as situações de impasse em que o Governo cai por falta de apoio parlamentar, mas, não havendo alternativa naquele quadro parlamentar, é preciso convocar novas eleições.

Neste sentido, Vital Moreira defende também que a Assembleia da República deve ser dissolvida quando é incapaz de fazer aprovar um programa de governo e quando não é capaz de aprovar um Orçamento do Estado - coisa que, na prática, aconteceu sob a batuta de Marcelo, mas que, a menos de três meses das eleições presidenciais, não é o entendimento partilhado por todos os candidatos. Sobre o Orçamento do Estado e o seu papel, Costa sugere uma "dessacralização" do Orçamento tal como a que Luís Montenegro fez com a proposta para 2026: em vez de ser visto como uma espécie de moção anual de confiança ou censura ao Governo, deve ser um "mero instrumento de execução obrigatória dos atos legislativos vigentes", derivado da lei de enquadramento orçamental.

Ainda sobre Marcelo Rebelo de Sousa e o entendimento que fez - e faz - do seu mandato presidencial, António Costa deixa a dúvida: terá Marcelo abdicado do "sábio uso da gravitas da palavra", como sucessivamente lhe apontou Vital Moreira, por ser esse o seu entendimento da função presidencial, ou terá sido por causa das circunstâncias do "novo ecossistema comunicacional" dominado pelo peso das redes sociais? "Poderá um PR diretamente eleito pelos cidadãos regressar ao sábio uso da gravitas da palavra, ou o novo ecossistema comunicacional desenhou um novo espaço público onde tal não é possível?", questiona.

E deixa ainda outra pergunta no ar, à atenção dos candidatos presidenciais que concorrem para a sucessão de Marcelo: Como é possível compatibilizar a "omnipresença" do PR com um sistema em que é ao governo que cabe a direção política do país, e onde o governo responde "perante a AR e não perante o PR"? É a pergunta para um milhão de euros que Costa e Marcelo parecem não ter sabido responder nos últimos oito anos e que António Costa deixa agora ao próximo Presidente da República - para refletir.

https://expresso.pt/politica/eleicoes/presidenciais/

sábado, 11 de outubro de 2025

Flávio Almada - Reflexão “Erradicar a Cova da Moura”


Militarizar as subjetividades significa implodir todos os vínculos possíveis de solidariedade, pois estamos numa guerra de todos contra todos. A candidata da coligação PSD/CDS à Câmara da Amadora, Suzana Garcia, acompanhada pelo dirigente do PSD e ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, durante uma visita à Cova da Moura, na Amadora, 1 de Setembro de 2025 (fotografia de José Sena Goulão/Lusa)

Reflexão “Erradicar a Cova da Moura”: entre o léxico do genocídio e a militarização das subjectividades

No passado dia 25 de agosto de 2025, a candidata à Câmara Municipal da Amadora Suzana Garcia afirmou já ter um programa elaborado com o Ministério das Infraestruturas para a “erradicação da Cova da Moura”. Para além de “vou mesmo erradicar aquilo tudo”, a higiene urbana que considerou na sua linguagem – “um dos piores cancros da cidade” – também faz parte das prioridades da candidata, apoiada pelo PSD, CDS, PPM, RIR e MPT.

No dia seguinte, o Ministério das Infraestruturas e Habitação desmentiu a candidata do PSD, negando a existência de qualquer acordo relativamente à  “erradicação” da Cova da Moura.

No entanto, Miguel Pinto Luz, o ministro que desmentiu Susana Garcia, marcou presença na campanha eleitoral desta candidata no dia 1 de Setembro. Uma visita que era para ser na Cova da Moura, mas não saiu do parque de estacionamento, localizado fora do bairro, junto ao Polidesportivo.

Seguindo, antes mesmo da candidata Susana Garcia, o partido fascista Chega espalhou diversos outdoors em toda a Amadora, apresentando a imagem do seu candidato à Câmara Municipal, Rui Paulo Sousa, ao lado de André Ventura.

A maioria desses outdoors está localizada nas entradas dos bairros habitados maioritariamente por pessoas racializadas, empobrecidas e economicamente mais vulneráveis, ostentando a seguinte inscrição: “vamos limpar a Amadora“. 

Em sequência, Rui Paulo Sousa expressou a mesma opinião, com a seguinte declaração na sua página do Facebook: “Vamos limpar a Amadora da bandidagem, da violência gratuita e devolver o município aos Amadorenses de bem!”.

Perante tudo isto, propomo-nos aqui fazer algumas considerações.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que não existem “barracas” no bairro Alto da Cova da Moura. Isto revela, já em si, que o teor da linguagem utilizada procura ludibriar a mente milhares de pessoas que vivem atarefadas, na batalha pela sobrevivência e a dos seus filhos que desconhecem a Cova da Moura.

É preciso também dizer, pelo que sabemos à data [1 de Setembro], que não houve nunca nenhuma conversa entre a Suzana Garcia e os moradores da Cova da Moura, o que revela o hábito do paternalismo racista de quem se sente no direito de decidir o futuro de milhares de pessoas, sem que estas tenham uma única palavra a dizer sobre as suas vidas.

Tanto Suzana Garcia, como Rui Paulo Sousa deram grandes dentadas aos discursos coloniais dos séculos passados, conjugando romantismo nacionalista com visões teleológicas da história,  prognosticadoras da realização dos destinos da nação e da raça, sob a incumbência de um suposto trabalho sacrificial de salvar e expiar os males do “indígena”.

Expressões como “limpar a Amadora” ou “erradicação da Cova da Moura” revelam com notável clareza como a linguagem zoológica está presente, geralmente, no discurso da direita e da extrema-direita, relativamente aos imigrantes, pessoas racializadas e pobres, inserindo-se naquilo que Frantz Fanon chamou de “vocabulário colonial”.

São discursos higienistas que associam a Cova da Moura, os bairros empobrecidos e racializados aos corpos patogénicos. Só faltava recomendar abertamente a pulverização de antiparasitários e outros químicos para extirpar os vetores das doenças.

Em segundo lugar, embora possa parecer estranho (e em verdade não deveria ser), mas insinuar “limpar Amadora” e/ou “vou mesmo erradicar aquilo tudo” indiciam que os efeitos do genocídio em curso na Palestina já se fazem sentir em Portugal, quando olhamos para a carga semântica das expressões e dos léxicos supracitados.

Quanto a nós, essas expressões ecoam com “limpar Gaza”, pronunciado pelo fascista e narcisista Donald Trump, ou “Gaza deve ser terraplenado”, dito pelo fascista ministro israelita Bezalel Smotrich e outros nazi-sionistas de Israel que neste preciso momento prosseguem com o genocídio, em livestream, sobre o povo palestiniano.

Importa enfatizar que Susana Garcia fez um vídeo intitulado “Vamos erradicar a Cova da Moura” onde aparece a conduzir um buldózer, numa sequência de imagens das casas da Cova da Moura, afirmando: “estou aqui para arrasar com o clandestino […]

Esse vídeo remeteu-nos para o genocídio que está em curso na Palestina, conduzido pelo macabro estado de Israel, com a cumplicidade do Governo português.

Em Gaza, para quem não sabe ou finge não saber, os buldózeres foram transformados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) num instrumento de destruição em massa. Em particular, os D9s, fornecidos pela empresa norte-americana Caterpilar, foram blindados e equipados com metralhadoras e espingardas. E inclusive houve ofertas de emprego aos condutores de buldózeres para a demolição de Gaza e cujo valor oscilava entre 800 e 1000 euros, por dia.  

O nazi-sionista Rabbi Avrahma Zarbiv, da Brigada Givati das Forças de Defesa de Israel, por exemplo, tornou-se numa celebridade quando admitiu numa entrevista para uma televisão israelita que, como condutor de um D9, demoliu 50 edifícios por semana em Gaza, entre os quais hospitais, escolas, casas particulares, centros de ajuda humanitária e outras infraestruturas da Palestina.

Foram essas razões que levaram a organização The Hind Rajab Foundation (HRF) a pedir a sua prisão imediata por violações graves da Convenção de Genebra de 1949 e do Estatuto de Roma de 1998.

Ademais, o atual genocídio na Palestiniana configura-se (para a história do presente e a memória da geração futura) como o primeiro genocídio em livestream. Isto é, vê-se em direto e em qualquer parte do globo na televisão, nos jornais, nos telemóveis, o que demonstra que o mundo está submetido a um experimento: a industrialização da chacina, a espetacularização da violência sanguinária, o genocídio difundido ao vivo e cuja indignação, salvo raras exceções, deixa muito a desejar.

Numa entrevista no Sumud Podcast, a psiquiatra e psicanalista palestiniana Samah Jabr disse o seguinte: “o que está a acontecer na Palestina e o facto de ser televisionado, o facto de a lei internacional e os direitos humanos não conseguirem parar esta carnificina, está a abalar a crença de muitas pessoas à volta do mundo na humanidade. Isto é traumatizante para além das fronteiras da Palestina ocupada. Não apenas na violência, no silêncio, no choque, na cumplicidade internacional – não diria da comunidade internacional, mas na cumplicidade essencialmente do Ocidente, na cumplicidade dos Estados Unidos, dos Britânicos e no silêncio de muitos países europeus e africanos. O facto de os instrumentos que foram criados para prevenir as atrocidades humanas e o genocídio não se aplicarem aos palestinianos e tornaram-se disfuncionais, isto está a abalar o sistema de crença de muitos grupos vulnerabilizados em todo o mundo”.

Samah Jabr alerta-nos que a naturalização da violência absoluta, despersonalização do povo palestiniano, cujo níveis de ilegalidades e indiferençaseriam inaceitáveis em outra situação, terá a  longo prazo os seus efeitos nefastos.

E podemos dizer que já o sentimos por essas bandas em coisas que apenas os fascistas segredavam baixinho nos seus grupelhos, nas caixas de comentários de internet, mas que hoje são ditas como se fossem normais, inclusive com direito a entrevista no horário nobre da televisão.

Em terceiro lugar, essas duas campanhas fazem parte do projecto neoliberal segundo o qual é preciso fazer uma cruzada de um nós, que invoca o espectro da raça (com todos os seus delírios e fantasias que vêm no pacote), contra eles, instalando o medo, a desconfiança e, consequentemente, “a militarização das subjectividades”.

A militarização da subjetividade tem como objetivo principal “naturalizar a paranoia como modo geral de socialização. Ou seja, construir subjetividades a partir de narrativas de complô dos mais improváveis, das lutas contínuas contra inimigos sempre inesperados, de preservação de fronteiras, dos riscos de contágio e de contato. O que por sua vez pede um modelo de personalidade rígida, fixa, como uma ‘tipologia’.

Trata-se de uma tática que reforça o individualismo inculcado na sociedade, estimulando o princípio salva-se quem puder, cada um faz por si, cada um sabe de si, do qual as indústrias culturais nos acostumaram.

Militarizar as subjetividades significa também implodir todos os vínculos possíveis de solidariedade, pois estamos numa guerra de todos contra todos, que pode inclusive receber nomes como “empreendedorismo”.

Isto acontece porque estamos perante uma crise do capital que exigiria que houvesse uma transformação profunda das condições que geram essas múltiplas crises sistémicas – políticas, ecológicas, económicas, sociais e até de ideias.

Com efeito, como escreveu Vladimir Safatle a propósito do fascismo, a gestão dos problemas “consiste em dizer, nas entrelinhas: não há́ como gerir mais as crises do sistema capitalista a partir do próprio sistema capitalista. No entanto, como não há́ outra alternativa possível, o que resta é salvar uma parte da sociedade e deixar o resto perecer, expulsar o resto de nossas fronteiras, deixá-los na mais absoluta miséria, submete-los a máxima espoliação através do aumento exponencial da violência policial, da precariedade de suas vidas.

Essa política identitária procura inculcar ou/e mobilizar o imaginário racista e classista, que remonta à época colonial, oleada pela atual maquinaria neoliberal.

 

E, com efeito inventar ou/e reatualizar a figura de um inimigo interno, neste caso a Cova a Moura, historicamente criminalizado, para ser usado como bode expiatório, ao qual é atribuído a paternidade dos problemas sociais.

Isto é, camufla-se, portanto, os verdadeiros motivos das frustrações das pessoas da Amadora que trabalham, arduamente, mas que estão cada vez mais empobrecidas, sufocadas pelo aumento estrondoso das rendas e dos bens essenciais de alimentação, culpabilizando outros pobres.

Em quarto lugar, “erradicar a Cova da Moura”,  tal como Suzana Garcia propala, é uma operação que esconde os verdadeiros propósitos e interesses: realizar o antigo desejo das imobiliárias que há décadas cobiçam os terrenos da Cova da Moura.

Pois, os terrenos da Cova a Moura são valiosos devido à localização – perto do centro da cidade – com vias de rápido acesso às autoestradas para sul e norte do país, existência de transportes próximos (autocarros, comboios e metro com a estação da Reboleira), aeroporto, praias, sem esquecer a sua bela vista.

Uma vez que a turistificação, a colonização do espaço pelo capital, transformou Lisboa numa cidade-hotel, expulsando quem não tem dinheiro para as periferias das periferias, a Cova da Moura tornou-se ainda mais apetecível às classes médias e às empresas imobiliárias.

E aos olhos da Susana Garcia e dos seus avatares políticos, os moradores da Cova da Moura serão meros objetos e espetadores da “erradicação”. Ela está redondamente enganada.

Para fechar, aproveitamos para lembrar que a Suzana Garcia terá de mostrar onde há barracas na Cova da Moura. Essa distorção do real só comprova que ela não conhece sequer o lugar sobre o qual fala e quer governar.

https://lisboaparapessoas.pt/2025/10/08/erradicar-cova-da-moura/

sábado, 4 de outubro de 2025

Discurso do presidente Donald Trump na 80ª Assembleia Geral da ONU

Discurso do presidente Donald Trump na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos  (23.set.2025).

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Muito obrigado. Agradeço muito. E eu não me importo de fazer um discurso sem um teleprompter, porque o teleprompter não está funcionando. Estou muito feliz de estar aqui com vocês mesmo assim. Então, eu vou falar mais do meu coração e eu posso dizer que quem este está agora cuidando do teleprompter, tá? Vai ter um problemão aí para vocês. Olá, senhora primeira dama. Muito obrigado, muito obrigado por estarem aqui na senhor presidente que em teoria teria de aparecer em frente ao presidente dos Estados Unidos e não está funcionando. Vamos ver como vai ser o discurso. Passaram desde que eu estive aqui nessa salão e falei de um mundo sobre um mundo próspero e paz no meu primeiro mandato. Desde então, as armas da guerra destruíram a paz que eu criei em dois continentes. Uma era de calma e estabilidade deu caminho a uma de grandes crises das maiores do nosso tempo. E aqui nos Estados Unidos, 4 anos de fraqueza, falta de lei, radicalismo durante o último governo trouxeram, levaram a nossa nação a uma série de desastres repetidos. Há um ano, o nosso país estava em um grande problema, mas hoje, apenas em 8 meses do meu governo, nós somos o país mais quente do mundo. E não há nenhum país nem próximo disso. Os Estados Unidos são abençoados com a economia mais forte, as fronteiras mais fortes, a força militar mais forte, as amizades mais fortes e o espírito mais forte do que qualquer outra nação na face da Terra. É de fato a era de ouro dos Estados Unidos. Nós estamos revertendo rapidamente a calamidade econômica que herdamos do governo anterior, incluindo um aumento de preços desastroso e uma inflação recorde, como nunca tivemos antes. Sob minha liderança, os custos de energia estão caindo, os preços da gasolina estão caindo, os preços dos alimentos também, e do financiamento imobiliário. A inflação foi combatida. A única coisa que está subindo é o mercado de ações. Na verdade, batemos um recorde no mercado de ações 48 vezes nesse período. O crescimento está aumentando, a manufatura está aumentando e o mercado de ações, como eu disse, está indo melhor do que qualquer outra forma. Os trabalhadores estão tendo aumentos de salários numa velocidade maior do que nos últimos 60 anos. Nos 4 anos do presidente Biden, nós tivemos menos de 1 trilhão de dólares em novos investimentos nos Estados Unidos. Nos 8 meses do meu governo, nós já asseguramos compromissos e já pagamos 17 trilhões de dólares. Pense nisso.

Quatro anos, pouco mais de 1 trilhão. E agora já temos 17 trilhões investidos nos Estados Unidos, vindos de todas as partes do mundo. Nós implementamos o maior corte de impostos na história americana e o maior corte de regulamentos nos Estados Unidos, na história americana. Muitas das pessoas aqui nessa sala estão investindo nos Estados Unidos e estão fazendo investimentos incríveis apenas em 8 meses. No meu primeiro mandato, nós construímos a maior economia da história do mundo e agora estamos construindo a mesma coisa novamente. Na verdade, ela é ainda maior e ainda melhor. Os números ultrapassam o meu recorde do primeiro mandato. Na fronteira sul, nós conseguimos acabar, repelir a invasão colossal e nos últimos 4 meses o número de imigrantes ilegais entrando em nosso país foi zero. É difícil de acreditar porque se olharmos para o que acontecia há um ano atrás, havia milhões e milhões de pessoas entrando, deixando prisões em situações de saúde mental, traficantes de droga de todo o mundo. Eles vinham de toda parte do mundo e entravam o nosso país com essa política ridícula de fronteiras abertas do governo Biden. A nossa mensagem é muito simples: você vem ilegalmente aos Estados Unidos, você será preso ou volta para o lugar de onde veio ou algo pior do que isso. Você sabe o que eu quero dizer? Quero agradecer o país de El Salvador pelo serviço muito bem sucedido e profissional que eles têm feito. É o receber e colocar na prisão muitos dos criminosos que entraram em nosso país e que estavam aqui por causa do governo anterior. E eles foram tirados, não temos escolha. E outros países também não têm escolha, porque eles vivem a mesma situação com a imigração que está destruindo seus países. E é preciso fazer algo. Os Estados Unidos são respeitados novamente no palco global como nunca antes. Passamos, por exemplo, há 4 anos atrás, nós éramos motivo de risada em todo o mundo. No na cúpula da OTAN em junho, praticamente todos os membros da OTAN foram momentaneamente se cumprimentar ao aumentar os gastos de defesa sob meu pedido de 2% para 5% do PIB, tornando a nossa aliança muito mais forte e poderosa do que antes. Em maio, eu visitei meus parceiros e amigos no Oriente Médio e reconstruí nossas parcerias no Golfo. E valorizei nossos relacionamentos com a Arábia Saudita, com o Qatar, com os Emirados Árabes Unidos e outros países.

Meu governo negociou um acordo comercial histórico atrás de outro, incluindo com o Reino Unido, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Indonésia e Filipinas, Malásia e muitos outros. Num período de 7 meses, eu acabei com sete guerras que não tinham fim, como diziam. Diziam que essas guerras não tinham solução. Duas delas já aconteciam há 31 anos, uma há 36 anos, uma há 28 anos. Eu encerrei sete guerras. E elas estavam acontecendo em todos os casos, com milhares de pessoas sendo mortas, incluindo no Camboja, Tailândia, Kosovo e Sérvia, Congo e Ruanda, Paquistão e Índia, Israel e Irã, Egito e Etiópia, e a Armênia e Azerbaijão. Nenhum outro presidente ou primeiro-ministro ou nenhum outro país fez algo próximo disso. E eu fiz isso em apenas 7 meses. Isso nunca havia acontecido antes. Eu tenho muita honra de ter feito isso. É terrível que eu tenha feito isso ao invés das Nações Unidas terem feito isso. E, infelizmente, em todos os casos, as Nações Unidas nem tentaram ajudar. Eu encerrei sete guerras lidando com os líderes de cada um deles e com todos esses países. E eles não receberam nenhum telefonema da Organização das Nações Unidas oferecendo ajuda para fazer um acordo. Quando eu subi aquela escada rolante, a primeira dama estava ali do meu lado. Nós estávamos lindos naquele dia. E o teleprompter não funciona. Tá vendo? Algumas coisas que eu tenho da ONU: uma escada rolante que não funciona e um teleprompter que não funciona. Tá vendo? Obrigado. Bom, voltou. Obrigado. Bom, acho que eu vou continuar assim que é mais fácil. Muito obrigado. Eu não pensei nisso na época porque eu estava ocupado salvando milhões de vidas. Esse é o custo de acabar com essas guerras. Mas eu percebi que as Nações Unidas não estavam ali para eles. Eles não estavam lá. Eu pensei que durante essas negociações, que não são fáceis, qual é o propósito da Organização das Nações Unidas que tem um potencial imenso, mas não está à altura desse potencial. Ela não está à altura desse potencial. Pela maior parte do tempo, pelo menos agora, ela parece ter palavras vazias e seguir uma carta apenas com palavras vazias. Elas não resolvem uma guerra.

A única coisa que resolve uma guerra é a ação. E depois de eu encerrar essas guerras e também de negociar os Acordos de Abraão — sobre os quais o nosso país não recebeu nenhum crédito — todo mundo fala que eu deveria receber o Prêmio Nobel da Paz por cada uma dessas conquistas. Mas para mim a maior conquista, o maior prêmio serão os filhos e filhas daqueles que viverão com seus mães e pais. Porque milhões de pessoas não serão mais mortas em guerras sem fim. O que importa não é ganhar prêmios, é salvar vidas. Nós salvamos milhões e milhões de vidas com essas sete guerras e estamos trabalhando com outras. Por muitos anos eu fui um desenvolvedor imobiliário em Nova York, conhecido como Donald J. Trump. Eu apostei na renovação, na reconstrução desse prédio, desse complexo das Nações Unidas. Eu me lembro bem que na época iria custar 500 milhões de dólares e eu pensei em trabalhar nesse piso de mármore, no que eu daria o melhor possível… mas eles ofereceram plástico, foram em outra direção e acabou sendo algo muito mais caro. Foi feito um produto inferior e eu percebi que eles estavam construindo com conceitos tão errados e tão caros que o projeto era uma fortuna. No fim eu estava certo. Eles gastaram entre 4 bilhões de dólares nessa reforma e não têm solos de mármore que eu havia prometido. Olhando para a construção e o estado daquela escada rolante, acho que o trabalho ainda não acabou — o trabalho que deveria ter acabado anos atrás. O projeto foi tão corrompido que me pediram para falar ao Congresso sobre o desperdício imenso de dinheiro. No fim custou mais do que 5 bilhões. Infelizmente, muitas coisas nas Nações Unidas estão acontecendo assim, mas em escala muito maior. É muito triste ver se a ONU consegue gerir ou ter um papel de gestão ou de ajuda. A liderança e amizade dos Estados Unidos é o que pode trazer um mundo mais próspero, um mundo no qual seremos muito mais felizes. Mas para chegar lá, nós devemos rejeitar as abordagens falhas do passado e confrontar as maiores ameaças da nossa história. Não há perigo maior ao nosso planeta do que as armas de destruição mais poderosas já feitas pelo homem. No meu primeiro mandato, eu trabalhei em um acordo para conter essas armas. Minha posição é muito simples: o mundo não pode patrocinar o terror e não pode permitir que o Irã possua essa arma mais perigosa que existe.

Eu então falei com aquele líder supremo, fizemos uma oferta generosa, ofereci cooperação em troca de uma suspensão do programa nuclear iraniano. A resposta do regime continua sendo uma ameaça aos vizinhos. Muitos dos ex-militares iranianos não estão mais conosco. Três meses atrás, com a nossa operação Martelo da Meia-Noite, usamos sete bombardeiros B-2 que derrubaram 14 bombas de 30.000 libras. Nenhum outro país tinha equipamento para fazer o que fizemos com as maiores armas da Terra. Nós odiamos usá-las, mas foi algo que há 22 anos as pessoas tentavam parar: o programa nuclear iraniano. Nós acabamos com a capacidade do país. Foi a guerra de 12 dias, como chamaram, entre Israel e Irã. Os dois lados concordaram que não iriam mais lutar, como todos sabem. Eu estou bastante comprometido em buscar o cessar-fogo em Gaza. Nós vamos conseguir isso. Infelizmente, o Hamas continua rejeitando as ofertas para fazer a paz. Não podemos esquecer do 7 de outubro. Reconhecer o estado palestino é encorajar o conflito contínuo. Seria uma recompensa para os terroristas do Hamas por suas atrocidades. Eles se recusam a devolver os reféns. Ao invés de desistir e ceder ao Hamas, nós temos uma mensagem clara: libertem os reféns agora. Libertem os reféns agora. Unimos aqui: nós temos que parar a guerra em Gaza. Devemos parar imediatamente. Precisamos negociar a paz, trazer os reféns de volta. Queremos todos de volta, não queremos dois ou quatro. Eu estive com Steve Wkof e Marco Rubio e nos envolvemos nisso. Estamos muito envolvidos. Não queremos dois reféns de volta, ou três, ou um. Queremos todos, inclusive os corpos dos 38 mortos de volta a seus familiares. Queremos rapidamente. Eu tenho trabalhado de forma incansável para parar os assassinatos na Ucrânia. Das sete guerras que eu parei, achei que essa seria a mais fácil por causa do meu relacionamento com o presidente Putin. Sempre foi muito bom. Eu achei que seria mais fácil. Mas numa guerra você nunca sabe o que vai acontecer. Há muitas surpresas boas e ruins.

Todo mundo achou que a Rússia ganharia essa guerra em três dias. E não foi assim. Seria só um conflito pequeno e já dura 3 anos e meio. E os assassinatos vão de 5 a 7 mil jovens soldados mortos toda semana. E outros ainda são mortos quando drones e foguetes são lançados. É uma guerra que nunca deveria ter começado se eu fosse presidente. Isso mostra como a liderança ruim pode prejudicar um país. A única questão de vidas que teríamos salvo. Tantas mortes desnecessárias. A China e a Índia acabam financiando, estão ajudando essa guerra por continuarem comprando o petróleo russo. Mas sem nenhuma desculpa, mesmo países da OTAN não cortaram os seus suprimentos de energia russa. E os produtos de energia russa, como vocês sabem, eu descobri isso duas semanas atrás. Eu não estava feliz. Pensem nisso: eles estão financiando a guerra contra eles próprios. Vocês já sabiam disso? Se a Rússia não conseguir fazer um acordo para financiar a guerra, os Estados Unidos estão preparados para impor isso. Nós temos uma rodada muito forte de tarifas que podem acabar com esse banho de sangue, acredito, rapidamente. Mas para que essas tarifas sejam eficazes, as nações europeias — vocês reunidos aqui — devem se juntar a nós em adotar as mesmas medidas. Vocês estão mais perto deles. Nós temos um oceano entre nós. Vocês estão lá. A Europa tem de se levantar, tem de trazer a sua posição para isso. Eles estão comprando petróleo e gás da Rússia enquanto estão lutando contra a Rússia. É vergonhoso. E eu acho que é vergonhoso que eu tenha descoberto isso. Então, eu acho que estou pronto para discutir isso hoje com as nações europeias que estão reunidas aqui. Eu acho que eles não vão ficar muito felizes de me ouvir nisso, mas enfim, é a maneira. Eu falo o que vem à minha cabeça, eu falo a verdade. Eu quero reduzir a ameaça de armas nos dias de hoje. Então eu estou também falando de como podemos acabar com o desenvolvimento de armas biológicas.

E armas biológicas, armas nucleares são horrorosas. Nós vamos incluir as armas nucleares também nessa discussão. Queremos o fim do desenvolvimento de armas nucleares. Nós sabemos, elas são tão poderosas que nunca podemos usá-las. Se usarmos alguma vez, o mundo literalmente pode acabar. Não haverá Nações Unidas para falarmos a respeito. Há poucos anos atrás, nós vivemos a experiência devastadora da pandemia global. E apesar dessa catástrofe mundial, muitos países continuaram com pesquisas muito arriscadas em armas biológicas e patógenos feitos pelo homem que são terrivelmente perigosos. Estou anunciando hoje que meu governo vai liderar um esforço internacional para produzir uma convenção de armas biológicas. Nós estamos trabalhando com líderes no mundo e com pioneiros no sistema de verificação de inteligência artificial. Nesse sentido, esperamos que a ONU possa ter um papel construtivo e que também esteja trabalhando nesses projetos iniciais com IA. Ela pode ser muito boa, porque muitas pessoas estão dizendo que pode ser uma das melhores coisas já feitas, mas ela também pode ser perigosa. Então, nós temos de dar um bom uso, um uso incrível. E esse é um exemplo de bom uso da inteligência artificial. A ONU não só não está resolvendo os problemas que deveria, como está criando novos problemas para resolver. O melhor exemplo é a questão política do nosso tempo, que é a imigração descontrolada. Ela está fora de controle. Nossos países estão sendo arruinados. A ONU está financiando um ataque aos países ocidentais e suas fronteiras. Em 2024, a ONU financiou 370 milhões em assistência financeira para apoiar cerca de 6.000 migrantes viajando aos Estados Unidos. Pensem nisso: a ONU está apoiando pessoas que estão entrando ilegalmente nos Estados Unidos. Ela também está fornecendo comida, abrigo, transporte, cartões de débito para imigrantes ilegais.

Dá para acreditar nisso? Nessas pessoas que infiltram o nosso país pela fronteira sul. Milhões de pessoas chegaram na fronteira sul, milhões e milhões, 25 milhões ao longo de 4 anos por causa da incompetência do governo Biden. E agora eles pararam. Eles não estão vindo mais porque sabem que não vão conseguir. Mas sabe, é algo totalmente inaceitável que a ONU, que deveria parar com essas invasões, as financie. Nos Estados Unidos, nós rejeitamos a ideia desse número imenso de pessoas vindo de países estrangeiros, viajando metade do mundo, cruzando nossas fronteiras, violando nossa soberania, causando crimes sem controle e acabando com a nossa rede de segurança. Nós asseguramos que os Estados Unidos pertencem aos americanos e encorajamos todos os países a se posicionarem em defesa de seus cidadãos. Eu não vou falar nomes, mas eu vejo. Eu poderia citar cada um de vocês. Seus países estão sendo destruídos. A Europa está em sérios problemas. Está sendo invadida por uma força de imigrantes ilegais como nunca antes. Imigrantes ilegais estão entrando na Europa. Ninguém está fazendo nada para mudar isso. É insustentável. Porque eles escolheram ser politicamente corretos e não há nada de bom nisso. Em Londres, por exemplo, têm um prefeito terrível, horroroso, e a cidade mudou tanto. E agora eles querem ter a Sharia, a lei islâmica. Mas é um país diferente, não dá para fazer isso. A imigração e as ideias suicidas de energia vão ser a morte da Europa Ocidental. É algo que não pode ser sustentado. Para manter um mundo bonito, cada país deve ter o direito de controlar suas fronteiras. Como fazemos agora: limitar o número de imigrantes entrando no nosso país e pagando para que recebam de volta em seus países. Nosso país foi construído com sangue, suor e lágrimas, e muito dinheiro foi feito nesse país. Agora ele está sendo arruinado.

Povos orgulhosos deveriam ter o direito de proteger suas comunidades, suas sociedades, de serem sobrecarregadas por pessoas que nunca viram antes, com costumes diferentes, com religiões diferentes. Migrantes que violaram leis, que usam pedidos de asilo falsos ou que pedem status de refugiado por razões ilegítimas são enviados de volta para casa imediatamente. Nós sempre temos um coração grande para pessoas que estão lutando e temos compaixão, mas temos de resolver o problema do nosso país, não criar problemas. Estamos ajudando várias pessoas que não conseguiram voltar. De acordo com o Conselho da Europa, em 2024, quase 50% dos presidiários nas prisões alemãs eram estrangeiros. Na Áustria, o número é 53% nas prisões. Na Grécia, 54%. Na Suíça, 72%. Quando as suas prisões estão tão lotadas com aqueles que se dizem asilados, que se dizem pessoas bondosas, e eles retribuem a bondade com crime, é a falha desse experimento das fronteiras abertas. Nós precisamos acabar com isso. Nos Estados Unidos, nós tivemos uma ação firme para fechar, acabar com a imigração sem controle. Assim começamos a prender e deportar todos que cruzavam a fronteira e retirar os imigrantes ilegais dos Estados Unidos. Eles pararam de vir. Eles não estão vindo mais. Nós estamos recebendo muito crédito por isso, porque eles não estão vindo mais. Foi um ato humanitário para todos envolvidos. Porque nas viagens milhares de pessoas morriam, as mulheres eram estupradas, apanhavam. Era uma viagem muito longa, terrível. Era o tráfico humano horroroso acontecendo na região. E o que fizemos foi uma vitória, porque nós salvamos tantas vidas de pessoas que não conseguiriam terminar essa jornada. Esse caminho está lotado de mortos. Há corpos em todo o caminho, na floresta, nas estradas. Eles passam por áreas tão quentes que não conseguiam nem respirar. São áreas tão quentes que você sufoca. Corpos por toda parte. Mas eles não estão vindo mais. Estamos, portanto, salvando um número tremendo de vidas. Minha equipe fez um trabalho fantástico e eu tenho muito orgulho de dizer isso.

Nós tivemos o melhor número de pesquisas que já tivemos e acho que parte disso vem por causa da fronteira. As políticas de Joe Biden na economia favoreciam assassinos de gangues, traficantes de pessoas, traficantes de crianças, cartéis de drogas e prisioneiros do mundo todo. O governo anterior perdeu 300.000 crianças que foram traficadas para dentro dos Estados Unidos sob o governo Biden. Muitas foram estupradas, exploradas, abusadas e vendidas. Vendidas. A mídia das fake news não fala, não escreve sobre isso. Muitas crianças desapareceram ou morreram. Nós encontramos muitas dessas crianças e as devolvemos aos seus pais. Nós perguntamos de onde vinham. Eles diziam o país, ou então nós descobríamos e mandávamos de volta. As mães corriam para as portas de casa chorando, sem acreditar que estavam recebendo de volta seus filhos. Fizemos isso com quase 35.000 até agora. Qualquer sistema que resulta no tráfico massivo de crianças é maldoso em sua raiz. No entanto, é exatamente isso que essa migração globalista tem feito. Nos Estados Unidos, um governo Trump está trabalhando e continuará trabalhando para rastrear quem são esses vilões. Assim como devolvemos essas 35.000 crianças — talvez mais — ainda há mais de 300.000 que estão perdidas ou mortas aqui. Nós queremos encontrá-las também. Eu designei também medidas para proteger nossos cidadãos dos cartéis de drogas. As pessoas não colocam mais grandes cargas de drogas em barcos. Viram o que aconteceu com as embarcações da Venezuela e não querem mais. Nós virtualmente paramos a chegada de drogas pelo oceano. Essas drogas matam pessoas. Centenas de milhares de pessoas foram designadas como membros de cartéis e agora como organizações terroristas internacionais. Incluindo as piores do mundo, como a MS-13, o Trem de Arágua da Venezuela. Essas organizações torturam, mutilam e assassinam.

Eles são inimigos da humanidade. Por essa razão, nós começamos a usar o poder das forças militares dos Estados Unidos para destruir os terroristas da Venezuela e as redes de traficantes lideradas por Nicolás Maduro. Nós vamos acabar com a existência de vocês. É o que estamos fazendo. Não temos escolha. Não acredito que perdemos 300.000 pessoas no ano passado para as drogas, especialmente fentanil. A energia é uma área em que os Estados Unidos estão indo maravilhosamente bem, como nunca antes. Nós acabamos com aqueles chamados renováveis — falsamente chamados de renováveis — porque são uma piada. Elas não funcionam, são caras, não são fortes o suficiente para indústrias. As eólicas não funcionam, são patéticas e caras. Precisam ser reconstruídas o tempo todo, enferrujam e estragam. É a energia mais cara já inventada. E na verdade não é energia. Nós deveríamos fazer dinheiro com energia, não perder dinheiro. Mas com isso se perde. Os governos precisam subsidiar, e você não pode sustentar subsídios grandes assim. Muitas dessas turbinas são construídas na China. Nós demos à China muito crédito. Eles fizeram essas fazendas eólicas. Eles construíram, mas sabe o quê? Agora eles usam carvão, usam gás, usam quase tudo, porque não gostam da eólica. A Alemanha, eu dou muito crédito à Alemanha, mas ela entrou nessa agenda verde. Eles estavam seguindo esse caminho da energia verde, mas acabaram indo terrivelmente, tanto na imigração quanto na energia. Eles estavam falindo. E agora, com a nova liderança que entrou, estão de volta com combustíveis fósseis e com nuclear, que é bom, seguro quando feito de forma adequada. Eles voltaram ao que eram, abriram novas empresas, nova produção de energia. E estão indo bem. Eu acho que vou dar muito crédito à Alemanha por isso, porque o que eles faziam era um desastre.

Lembram? Eles estavam virando totalmente verdes, e o verde acabou falindo. É isso que representa. Não é politicamente correto. Eu sou criticado por dizer isso, mas é a verdade. Quanto ao crime, nós estamos diminuindo o crime em Washington, a capital do país. Washington DC era a capital do crime dos Estados Unidos. Agora, depois de 12 dias, é uma cidade segura. As pessoas podem sair para jantar, podem ir a restaurantes com suas esposas, andar na calçada no meio da rua. Minha equipe fez um trabalho fantástico. Nós chamamos a Guarda Nacional, que assumiu a tarefa. Eles não são politicamente corretos, mas deram conta do negócio. Washington agora é uma cidade totalmente segura novamente. Eu convido vocês a jantarem comigo em um restaurante local. Podemos andar até lá, não precisamos ir de carro blindado. Falando de petróleo e gás, no Mar do Norte, eu conheço bem. Aberdeen era a capital do petróleo da Europa. O Mar do Norte tem uma força tremenda de petróleo, ainda não explorada. Eu disse ao primeiro-ministro que era um imenso ativo econômico para o Reino Unido. Eu espero que ele tenha ouvido, porque falei três dias seguidos sobre o petróleo do Mar do Norte. É uma área linda que não pode ser estragada com turbinas eólicas ou plantas solares. O diretor do Programa Ambiental da ONU previu uma catástrofe global por mudança climática, como um holocausto nuclear. Em 1989 disseram que em uma década as nações sumiriam do mapa. E aqui estamos. O aquecimento global não aconteceu. Costumava ser o resfriamento global, depois o aquecimento global, depois a mudança climática. Mudança climática é o maior golpe já feito contra a humanidade.

Não importa se o mundo está esquentando ou esfriando. Todas essas previsões da ONU estavam erradas. Foram feitas por gente burra. E os destinos dos países foram decididos por isso. Isso acabou levando países a entrarem nesse golpe do verde, por exemplo. Tem uma campanha que diz: “O Trump estava certo sobre tudo”. Tem até um boné sobre isso. Eu não quero me gabar muito, mas é verdade. Eu tenho estado certo sobre tudo. Estou falando isso porque é algo que vocês precisam ouvir. A energia verde é um golpe. O seu país vai falir. Se vocês não impedirem, vocês vão fazer com que seus países falhem. Eu sou presidente dos Estados Unidos, mas eu me preocupo com a Europa. Eu amo a Europa, eu amo os europeus. Eu odiaria ver a Europa arrasada pela energia e pela imigração. Esse monstro de duas caudas destrói tudo. Vocês querem ser politicamente corretos e estão destruindo sua herança. Vocês devem assumir o controle, imediatamente, acabar com o desastre da imigração e da catástrofe da energia falsa, antes que seja tarde. A pegada de carbono é uma grande mentira feita por pessoas com más intenções. Está levando à destruição. Essa pegada de carbono era algo importante. Anos atrás, quando Obama estava aqui, ele falou disso. Ele entrou no Air Force One, um imenso Boeing 747, e voava de Washington para o Havaí para jogar golfe. Ele falava sobre pegada de carbono nesse avião lindo. Isso é um golpe. Então, a Europa conseguiu reduzir sua pegada de carbono em 37%. Parabéns, Europa. Ótimo trabalho. Isso custou empregos, muitas empresas fecharam, mas vocês reduziram em 37%. Todo esse sacrifício não fez diferença porque houve um crescimento de 54% nas emissões, muito vindo da China e arredores. A China e países vizinhos produzem mais CO₂ do que todas as nações desenvolvidas juntas.

Todos os países estão trabalhando com essa pegada de carbono. Isso é besteira. Aliás, é pura besteira. Nos EUA ainda temos ambientalistas radicais. Eles querem fechar fábricas, querem que tudo pare. Não querem mais gado, querem matar o gado. Mas nós temos uma fronteira, um formato. Nós temos o ar mais limpo que já tivemos. O problema é que outros países, como a China, poluem e esse ar vem até nós. O mesmo com o lixo: a Ásia joga no oceano, e em duas semanas chega em Los Angeles. Temos muito lixo em Los Angeles, em São Francisco, e multam pessoas por jogar um cigarro na praia. Loucura. O efeito principal dessas políticas de energia verde não é ajudar o meio ambiente, mas redistribuir atividade industrial e econômica. Vai para países que poluem mais e quebram regras, e eles ficam ricos. As contas de eletricidade na Europa são quatro ou cinco vezes mais altas que na China. Três vezes mais que nos EUA. Nos EUA nossas contas estão baixando. Os preços da gasolina estão caindo. Eu sempre digo: drill, baby, drill. Vamos perfurar. É isso que estamos fazendo. Como resultado, era incomum ver ar-condicionado nesses países, e agora querem, mas não dá pelo custo da energia. Nos EUA temos cerca de 1.300 mortes por calor por ano. Na Europa são mais de 100.000, até 175.000 por ano. Isso não é a Europa que eu amo e conheço. E tudo em nome de parar o aquecimento global falso. Por isso, nos EUA eu saí do Acordo de Paris falso. Os EUA pagavam muito mais do que qualquer outro país. A China não precisava pagar nada até 2030. A Rússia recebeu metas fáceis. Nós teríamos que pagar 1 trilhão de dólares. Eu disse: “Isso é outro golpe”. Os EUA estão sendo explorados há muitos anos. Isso não vai mais acontecer. Então, eu comecei uma produção maciça de energia e assinei decretos presidenciais para buscar petróleo.

Mas nem precisamos buscar muito, porque temos mais petróleo do que qualquer outro país no mundo. E se acrescentarmos carvão, temos mais do que qualquer um. Eu chamo de carvão lindo e limpo. Estamos prontos para fornecer energia barata para outros países, se precisarem. Estamos exportando com orgulho energia para o mundo. Agora somos o maior exportador. Queremos comércio robusto com todas as nações, mas justo e recíproco. O mesmo vale para o clima: os países que seguem regras quebram, os que não seguem se dão bem. É por isso que os EUA estão aplicando tarifas a outros países. No meu governo usamos tarifas como defesa. No meu primeiro mandato entraram centenas de bilhões em tarifas. Tivemos a menor inflação. Agora temos inflação baixa de novo e centenas de bilhões entrando no país. Vamos usar tarifas para defender nossa soberania e segurança, contra países que tiraram vantagem dos EUA por décadas. Incluindo governos corruptos e incompetentes. O Brasil agora tem tarifas imensas em resposta aos seus esforços de censura, repressão, corrupção e perseguição política. Eu não tenho problema em dizer isso. Eu encontrei o líder do Brasil, conversamos por 30 segundos. Concordamos em nos encontrar na próxima semana. Ele parece um homem agradável. Eu gosto dele, ele gosta de mim. Tivemos uma excelente química. Isso é um bom sinal. No passado, o Brasil tarifou os EUA de forma injusta. E por isso nós também aplicamos tarifas de volta. Como presidente, eu defendo a soberania e os direitos dos cidadãos americanos. Eu lamento dizer que o Brasil está indo mal e continuará indo mal. Eles só irão bem se trabalharem conosco. Sem a gente, eles vão falhar, como outros falharam. É verdade.

No próximo ano, os EUA vão celebrar 250 anos da nossa gloriosa independência. Um testamento do poder duradouro da liberdade americana e do espírito americano. Também receberemos a Copa da FIFA e os Jogos Olímpicos depois. Será uma grande celebração da liberdade e da conquista humana. E juntos veremos os milagres que começaram em 4 de julho de 1776, quando fundamos a luz para todas as nações. Eu disse que os EUA, em honra desse aniversário, esperam que outros países se inspirem no nosso exemplo. Juntem-se a nós para defender a liberdade de discurso, a liberdade de expressão e a liberdade de religião. Hoje, a religião mais perseguida no planeta é o cristianismo. Vamos assegurar nossa soberania e saudar as qualidades que tornam nossa nação tão especial. Para encerrar, quero repetir: a imigração e o alto custo da energia renovável estão destruindo grande parte do nosso mundo livre. Precisamos de fronteiras fortes e fontes tradicionais de energia se quisermos ser grandes novamente. Toda nação neste salão tem uma rica cultura, uma herança nobre que a torna única. De Londres a Lima, de Roma a Atenas, de Paris a Tóquio, de Amsterdã a Nova York — estamos sobre os ombros de heróis e titãs que construíram nossas nações. Eles desafiaram batalhas, cruzaram desertos, atravessaram oceanos e planícies. Foram soldados, trabalhadores, exploradores. Construíram cidades, transformaram vilas em metrópoles, tribos em reinos, ideias em indústrias. Nós somos campeões desse povo e não devemos nunca desistir. Seus valores moldam nossa identidade, sua visão molda nosso destino magnífico. Agora nós temos a tarefa de proteger as nossas nações, que eles defenderam com sangue, suor e vida. Vamos preservar esse direito sagrado do nosso povo: proteger fronteiras, assegurar segurança, preservar tradições e lutar pelos sonhos e pela liberdade.

Vamos pensar em uma visão bonita de mundo. Vamos trabalhar juntos para construir um planeta mais bonito, mais brilhante, de paz, mais rico e melhor do que antes. Isso pode acontecer. Vai acontecer. Eu espero que possamos começar agora. Vamos tornar nossos países melhores, mais seguros e mais bonitos. Vamos cuidar do nosso povo. Muito obrigado. Que Deus abençoe todas as nações.

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