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segunda-feira, 17 de março de 2025
António Gil - Os líderes políticos actuais do ocidente foram escolhidos num casting
António Rodrigues - “Mulheres” é uma das palavras censuradas pela Administração Trump
EUA
Médicos de Harvard apresentam queixa na justiça pelo desaparecimento de ensaios de um site médico federal. Departamento de Defesa manda militares apagar milhares de fotos e textos.
António Rodrigues
16 de Março de 2025, 17:39
• No final deste artigo, veja a lista de palavras coligida pelo New York Times
Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard apresentaram queixa na justiça na semana passada por causa da decisão da Administração Trump de fazer desaparecer uma série de artigos destinados a investigação médica do site governamental Patient Safety Network. Dizem os médicos que ensaios científicos com palavras como “trans” ou com a sigla LGBTQ foram pura e simplesmente apagados.
A ferramenta online destina-se aos profissionais de saúde e visa partilhar informações sobre erros médicos, diagnósticos erróneos e resultados de tratamentos. No entanto, por mais que a saúde precise de informação para trabalhar, o uso de determinadas palavras, mesmo em documentação científica, choca com as directrizes da Administração Trump no domínio da linguagem.
Há dias o New York Times trazia uma lista de quase 200 palavras proibidas que havia compilado de directivas e emails internos partilhados por membros do Governo. E a palavra “trans” e a sigla LGBTQ figuram nessa lista, junto com "racismo" e "anti-racismo", "diversidade", "igualdade", "discriminação" ou "discriminatório", expressões como "biologicamente feminino" ou "biologicamente masculino", "discurso de ódio", "pessoa que amamenta", "apropriação cultural", etc., etc.
Em declarações à plataforma GBH, Cneleste Royce, professora assistente de obstetrícia, ginecologia e biologia reprodutiva na Faculdade de Medicina de Harvard, mostrava-se chocada pelo desaparecimento súbito de um artigo, escrito há cinco anos, de que tinha sido co-autora. “Não me lembro de nada no artigo que possa ser controverso, para além do facto de se centrar na saúde das mulheres. E, sabe, acho que 'mulheres' é uma das palavras que está a ser censurada nessa lista”, disse.
E Celeste Royce tem toda a razão, a palavra “mulheres” faz parte da lista das palavras censuradas, tal como "fêmea", "fêmeas" e "feminismo". Para o acaso de alguém perguntar, a palavra “homens” ou “macho”, “machos” ou “masculinidade tóxica” não constam da lista ou expressões a silenciar.
"Golfo do México"
Na lista também consta a proibição de utilizar Golfo do México para designar o Golfo… do México. No seu primeiro dia de regresso ao cargo de Presidente, Trump emitiu uma ordem executiva a nomeá-lo Golfo da América, como se a toponímia pudesse variar quando uma pessoa quisesse. Mas, pelos vistos, nestes estranhos tempos em que nos toca viver, isso acontece e a uma velocidade estonteante.
Ainda não pssados dois meses desde que Trump tomou posse e o Departamento de Educação do Luisiana, estado que até agora era banhado pelo Golfo do México, já passou a incluir, desde a passada quarta-feira, no programa para as escolas primárias e secundárias que à costa do estado chegam agora as águas do Golfo da América e não do México.
“O Golfo é um motor de sustentação para o Luisiana – ajuda a alimentar o nosso sector energético e a indústria alimentar e de marisco e sustenta gerações de famílias”, afirmou Cade Brumley, superintendente de Educação do estado, que recomendou a alteração curricular, em declarações disponíveis no site do Departamento de Educação estadual. “A actualização dos nossos padrões académicos garante o alinhamento com a liderança do Presidente Trump e do governador Landry, ao mesmo tempo que reforça a importância do golfo para o futuro do nosso estado.”
É prática comum dos novos governos, nos Estados Unidos e noutros países, estabelecerem directivas sobre os termos da sua comunicação oficial, mas a longa lista de palavras censuradas por esta nova Administração mostra que a guerra contra aquilo a que chamam mentalidade woke assentou arraiais no executivo.
Como refere o New York Times, as palavras e frases listadas “representam uma mudança marcada – e assinalável – no corpus da linguagem utilizada tanto nos corredores do poder do Governo federal como entre os seus funcionários. São um reflexo inequívoco das prioridades desta administração.”
Desde “preconceito” ou “preconceituoso”, passando por “ciências climáticas”, “desfavorecido” ou “património cultural”, até acabar em “nativo americano” ou “multicultural”, o caderno censório da Administração Trump é alargado no léxico, mas transparente na ideologia.
"Enola Gay"
Timothy Noah, num artigo publicado na semana passada na New Republic, confirmava que a lista do New York Times não era exaustiva, tal como os autores do artigo salientavam, lembrando que o secretário da Defesa, Pete Hegseth, havia acrescentado Enola Gay à lista de expressões censuráveis, apagando assim o nome do avião que lançou a primeira bomba atómica (Hiroxima) dos sites oficiais. E com ele, provavelmente, o grande êxito homónimo dos Orchestral Manoeuvers in the Dark.
Hegseth, homem com longo passado de alcoolismo, acusações de assédio sexual e suspeitas de abusos de mulheres, pode até concordar com o bombardeamento de Hiroxima, o que não considera adequado é usar a palavra “gay” no nome do avião. “O lançamento da primeira bomba atómica foi durante muito tempo objecto de controvérsia, mas nunca por ter sido woke”, diz Noah.
De acordo com Associated Press, Hegseth enviou uma directiva às chefias militares a pedir que fossem apagadas pelo menos 26 mil imagens ou textos que constam dos sites oficiais, mas o número pode ascender a 100 mil.
“Referências a um galardoado com a medalha de honra da Segunda Guerra Mundial, ao avião Enola Gay que lançou uma bomba atómica sobre o Japão e às primeiras mulheres a passar o treino de infantaria dos fuzileiros navais estão entre as dezenas de milhares de fotografias e publicações online marcadas para serem eliminadas, à medida que o Departamento da Defesa trabalha para eliminar conteúdos sobre diversidade, igualdade e inclusão”, escreve a agência.
Até palavras aparentemente neutrais como "institucional" fazem parte da lista termos indesejados por esta nova Administração dos EUA. “Todos sabemos que Trump está determinado a destruir todas as instituições governamentais a que consegue deitar a mão, mas proibir a própria palavra eleva as coisas a um nível superior de fanatismo”, conclui Timothy Noah.
https://www.publico.pt/2025/03/16/mundo/noticia/
domingo, 16 de março de 2025
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Jailme Nogueira Pinto - A Europa e a decadência,
Opinião
* Jaime Nogueira Pinto
DN 07 Mar 2025, 00:27
Por vezes a resposta à realidade desagradável é ignorá-la; outras vezes é passar a tratá-la ao modo de Cruzada contra o Mal, o mal absoluto, contra o qual vale tudo; e nessa narrativa alternativa, concentrar tudo o que possa contraditar a realidade, usando argumentos laterais, colaterais, formais, por importantes que sejam, mas fugindo ao cerne da questão.
É este o juízo que me parece mais próprio, vendo o alheado agitar, esbracejar e passarinhar dos líderes europeus para longe do centro da intriga (o almejado fim do conflito Rússia-Ucrânia), perante a nova Administração americana e o seu dilúvio diplomático e executivo.
Em vez de caírem na realidade e nas consequências da realidade, “os europeus”, ou seja, essencialmente o duo Macron-Stamer (a que Merz ameaça juntar-se), continuam em manobras de diversão que, além de inconsequentes, se podem tornar perigosas.
Isto porque a Europa mudou neste último século. A Europa foi o centro do poder e da economia mundial até à Grande Guerra de 1914-1918. E saiu da guerra com os impérios alemão e austro-húngaro vencidos e desfeitos e com o vizinho império otomano também vencido e esfrangalhado.
Entretanto, na Rússia, dera-se uma revolução radical de esquerda, utópica e marxista, que praticava e prometia o genocídio de classe. Uma revolução que, posta em marcha, ameaçava a Europa, onde vários Estados - da Itália fascista ao Portugal da Ditadura Militar - adoptaram soluções autoritárias.
Para vencer a Alemanha, os aliados franco-britânicos tinham trazido os norte-americanos que, com o presidente Wilson, um cruzado da democracia mundial com nostalgias sulistas, quebravam o isolacionismo dos Founding Fathers e de Monroe.
Na Segunda Guerra passou-se algo semelhante; outra vez, contra uma forte corrente isolacionista, liderada pelo então “herói americano” Charles Lindbergh e pelo seu movimento America First, F.D. Roosevelt, depois de os japoneses atacarem Pearl Harbour, conseguiu levar a América para a guerra. E outra vez os americanos - com os russos de Estaline a vir do Leste atrás dos invasores hitlerianos - desembarcaram na Europa e resgataram os Ocidentais, vencidos e ocupados pelos alemães.
Estas “guerras civis europeias” - fosse qual fosse a sua justiça e sentido - além de causarem grandes destruições humanas, materiais e morais, marcaram o fim do mundo eurocêntrico. Na verdade, para ganhar a guerra e lograr o concurso dos seus colonizados no esforço de guerra contra a Alemanha e o Japão, os Aliados tiveram de lhes prometer o autogoverno. Nem de outro modo podia ser. Os impérios ultramarinos iam ser a principal vítima colateral da nova ordem mundial, redigida e fixada na Carta das Nações Unidas. E a Europa vencida, constrita e ocupada, iria avançar com projectos de união aduaneira e económica e até, para algumas elites políticas e tecno-burocráticas, de união e federação, sonhando e copiando o que acontecera nos Estados Unidos.
E face ao perigo comunista, que ocupara uma série de países da Europa Oriental, confiou-se com gratidão no amigo americano, a nova superpotência que, arcando com a defesa comum, libertava aos europeus recursos para, em democracia, construírem o Estado Social.
É isso que, agora, pode estar para acabar: os Estados Unidos não vão abandonar a NATO nos próximos tempos, mas também não parecem dispostos a tolerar o jogo duplo dos que vão a Washington ao beija-mão, mas bloqueiam a paz; dos que falam em rearmamento, mas se encolhem quando se trata dos seus filhos ou do seu dinheiro; dos que mandam os outros fazer peito aos poderosos e depois estender-lhes a mão.
Politólogo e escritor
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
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quinta-feira, 6 de março de 2025
Zelensky na Ucrânia
Saiba quem é Volodymyr Zelensky e a verdadeira história da Guerra da Ucrânia com a Russia.
Durante anos, ele foi aclamado como um herói. Para alguns, ele ainda é. Agora ele está exposto.
Aqui está a história da Ucrânia e de Volodomyr Zelenskyy que você não ouvirá da mídia.
Zelenskyy nunca teve as cartas. Ele não é um líder corajoso dando as cartas. Ele é um homem desesperado, agarrado ao poder em um regime em colapso — apoiado por dinheiro, armas e propaganda ocidentais. E com a Ucrânia perdendo a guerra de relações públicas e a guerra real, ele está em pânico.
A Ucrânia não foi um ator independente nesta guerra. Os verdadeiros corretores de poder estão em Washington, Bruxelas e Londres, jogando seus jogos geopolíticos.
Esta guerra foi planejada para enfraquecer a Rússia. Para entender isso, você precisa entender a história que eles nunca lhe contarão.
Ucrânia e Rússia estão unidas há mais de 1.000 anos. Kiev, a capital da Ucrânia, outrora o coração da Rus de Kiev — o primeiro grande estado eslavo — lançou as bases para a própria Rússia. O próprio nome Ucrânia significa "fronteira" — o que significa a fronteira da Rússia.
Por séculos, foi parte integrante do Império Russo, não uma nação "oprimida". Mesmo durante a era soviética, a Ucrânia não foi ocupada — era central para a URSS. Até o líder soviético Nikita Khrushchev era ucraniano.
Quando a URSS(União Soviética) entrou em colapso, a Ucrânia se tornou independente e Washington interveio — não para ajudar a Ucrânia, mas para armá-la contra a Rússia.
Os EUA e a OTAN mentiram para Gorbachev, prometendo que não se expandiriam "nem um centímetro para o leste". No entanto, a OTAN entrou na Polônia e nos Estados Bálticos.
A Ucrânia era o prêmio máximo da OTAN.
O Ocidente despejou bilhões na Ucrânia, financiando grupos políticos pró-OTAN, ONGs e mídia para fabricar um estado antirrusso.
Em 2004, a CIA apoiou a "Revolução Laranja", anulando uma eleição que favorecia um candidato pró-Rússia.
O verdadeiro golpe veio em 2014.
O presidente democraticamente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukovych, rejeitou um acordo comercial da UE que teria destruído a economia da Ucrânia. Isso era inaceitável para Washington. Então, eles o removeram por meio de uma revolução colorida fabricada.
A chamada "Revolução Maidan" não foi um movimento popular. Foi um golpe apoiado pela CIA, orquestrado por autoridades como Victoria Nuland. Washington era tão descarada que Nuland foi pega em uma ligação vazada, escolhendo a dedo o próximo líder da Ucrânia antes Yanukovych havia partido.
As multidões violentas que tomaram Kiev não eram manifestantes pacíficos. Eram líderes por grupos neonazis como o Batalhão Azov, grupos que celebram abertamente os colaboradores nazistas e usam insígnias das SS.
Esses mesmos grupos recebem agora armas ocidentais.
O regime pós-golpe proibiu então a língua russa, atacando diretamente milhões de ucranianos russófonos no leste.
Foi então que Donbass e Crimeia disseram basta. A Crimeia realizou um referendo — mais de 90% votaram pelo regresso à Rússia. O Donbass também votou pela independência.
O povo do Donbass rejeitou Kiev, mas Kiev não saiu de lá. Em vez disso, iniciaram uma guerra brutal contra o seu próprio povo, bombardeando civis durante oito anos. Onde estava a indignação ocidental? Em lado nenhum!
E o que Zelensky disse? Quem é ele? É um líder orgânico que surgiu do nada ou foi instalado?
O Covert Action noticiou que, em 2020, Zelenskyy se encontrou secretamente com o chefe do MI6, Richard Moore. Porque é que um presidente estrangeiro se reuniu com o principal espião do Reino Unido em vez do seu primeiro-ministro?
Zelenskyy é um ativo do Reino Unido? Segundo os relatos, é protegido pessoalmente pela segurança britânica, e não pela ucraniana. Quando visitou o Vaticano, desprezou o Papa e encontrou-se com um bispo britânico. Adivinha quem mais estava lá? Richard Moore do MI6 novamente! Que coincidência.
Antes da política, Zelenskyy foi comediante e ator, interpretando literalmente o presidente num programa de TV. Depois, com a ajuda das equipes de relações públicas ocidentais, a ficção tornou-se realidade.
A sua campanha foi financiada pelo oligarca Ihor Kolomoisky, dono da maior empresa petrolífera e do banco da Ucrânia.
Uma vez no poder, a prioridade de Zelenskyy não foi combater a corrupção, mas sim garantir que a BlackRock e os bancos ocidentais assumissem o controlo da economia da Ucrânia.
Entretanto, canalizou milhões para contas no estrangeiro e adquiriu uma mansão de 34 milhões de dólares em Miami, bem como um apartamento de várias libras em Londres.
Em 2022, a NATO tinha armado a Ucrânia até aos dentes, e Kiev tinha forças reunidas perto do Donbass.
A Rússia tinha uma escolha: Deixar o Donbass enfrentar a limpeza étnica;
Deixe que a NATO transforme a Ucrânia numa base militar;
Ou, Intervir.
Intervieram, tal como outras nações fariam nessas situações.
A comunicação social relatou “invasão não provocada”. Mas a expansão da NATO, o golpe de 2014, oito anos de guerra no Donbass — esta guerra foi provocada a cada passo.
A Ucrânia foi colocada como um peão.
Com a derrota da Ucrânia, Zelenskyy está abandonado. Donald Trump disse-lhe: “Não tem as cartas.” Ele tem razão. Esta guerra foi planejada. A Ucrânia precisava da intervenção ocidental para vencer e isso significaria que a Terceira Guerra Mundial seria/poderia ser inevitável.
É hora de o mundo acordar para essa realidade.
A guerra na Ucrânia foi provocada deliberadamente pelo Ocidente. Zelenskyy é apenas mais um fantoche – o seu tempo está a esgotar-se... e Trump sabe disso.
A questão é: você vê a verdade agora? Ou você ainda o vê como um herói?
2025 03 06