Maria Silvestre deixou um novo comentário na sua mensagem "Mértola - na rota islâmica (2)":
OS VIAJANTES da noite murmuram o teu nome
E as areias do deserto derramam sobre quem te pisa
O perfume do almíscar.
E na formosura da invocação sabemos da beleza do invocado
Como pelo verdor das margens se pressente o rio.
(Não nasceu em Mértlola, mas é um dos maiores poetas do Al-Andaluz. Desculpa se é a despropósito, não resisti comentar.)
IBN SARA
.
Da minha viagem a Santarém, quero mostrar-vos ainda o belo capitel, do século XII, de que falava em A Xantarim e a Ibn Bassam.A ideia foi-me suscitada pela contemporaneidade e semelhança temática do poema de Ibn al-Milh, de Silves, que aqui transcrevi no passado dia 3 de Dezembro, e o poema que pretendo transcrever hoje, de:bn Sara, de Santarém (séc. XII)
.Da minha viagem a Santarém, quero mostrar-vos ainda o belo capitel, do século XII, de que falava em A Xantarim e a Ibn Bassam.A ideia foi-me suscitada pela contemporaneidade e semelhança temática do poema de Ibn al-Milh, de Silves, que aqui transcrevi no passado dia 3 de Dezembro, e o poema que pretendo transcrever hoje, de:bn Sara, de Santarém (séc. XII)
A Brisa e a Chuva
Buscas consolo no sopro do vento?
Em sua aragem há perfume e almíscar
Que até ti vem, ataviado de aromas,
Fiel mensageiro da tua doce amada.
ar prova os trajes das nuvens
E escolhe um manto negro.
Uma nuvem prenhe de chuva
Acena ao jardim, saúda-o
Vertendo lágrimas nas risonhas flores.
A Terra apressa a nuvem
Para que lhe acabe o manto.
E a nuvem com uma mão
Entretece fios da chuva
Entretece fios da chuva
E com a outra vai-o enfeitando
Com um bordado a flores.
.
-.
ALVES, Adalberto
.
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987
.
.
.
posted by António Baeta 00:27
posted by António Baeta 00:27
.___________________
Quarta-feira, Dezembro 03, 2003
Ibn Al-Milh, de Silves
- Ibn al-Milh (*)
O JARDIM brinca com a brisa
Que, dir-se-ia, ser sua emissária
No chamamento à festa da alvorada.
Está ébrio, preso de seus ternos ramos,
E quando os doces pássaros o cantam
Ele vai repetindo essa canção.
Não faltam flores, estratégicos espias
com seus olhos vigiando namorados.
E se destacam na folhagem verde
como luz brilhando sobre as trevas.
ALVES, Adalberto
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987
(*) Ibn al-Milh viveu em Silves no período da taifa dos abádidas, na sequência da queda do califado omíada. Filho de um poeta da corte de Al-Mu'tadid (pai de Al-Mu'tamid), teve sempre grande apego à sua Silves natal, nunca a trocando pela vida palaciana de Sevilha, apesar das insistências de Ibn 'Ammar.
(Nota do apostador)
(Nota do apostador)
.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário