10 DE FEVEREIRO DE 2012 - 20H16
A comemoração do bicentenário do escritor vitoriano parou a cidade de Londres neste terça (7) emobilizou até mesmo o príncipe Charles, que reinaugurou o museu Charles Dickens na casa onde o escritor viveu em Londres.Dickens introduziu a crítica social na ficção vitoriana e escreveu uma obra que integra a lista dos 100 romances mais significativos da literatura mundial: Grandes esperanças.
Ele falava a língua do povo. Assim o descreve Claire Tomlins, uma de suas biógrafas, numa referência ao fato de o escritor estar muito vinculado às causas sociais, como a educação e a saúde dos pobres. Sob essa perspectiva, o escritor dedicou-se à abordagem de temas políticos, como a revolução francesa (História de Duas Cidades). "Apesar de priorizar assuntos políticos, Dickens não era nenhum revolucionário", ressalta o professor da universidade de York, John Bowen.
Desde Oliver Twist até David Copperfield, a maioria dos romances de Dickens é ambientada na capital britânica, cidade que o escritor se referia como "sua lanterna mágica". Londres inspirava Dickens porque, em pleno século XIX, a cidade exaltava de maneira clara os desafios e as contradições da era moderna, já que enquanto apareciam as grandes invenções, como a ferrovia, também cresciam as desigualdades entre ricos e os pobres, um dos principais temas explorados pelo escritor.
"Dickens sempre deu atenção aos desfavorecidos, os quais ele sempre retratou com compaixão em sua obra. O escritor não seguia o convencional e guardava sua hostilidade para a classe dominante", indica à Agência Efe o professor da universidade de York. Conforme Bowen, o escritor inglês "sofreu em própria pele o estigma da pobreza", já que aos 12 anos já trabalhava em uma fábrica de betume, enquanto seu pai, um empregado que trabalhou para a Marinha britânica, seguia preso por conta de dívidas. Segundo filho de uma numerosa família de classe média baixa, Dickens teve uma educação irregular devido aos altos e baixos econômicos de seu pai, o John.
Segundo o professor da Universidade de York, Dickens era uma espécie de "reformista compassivo", que pensava que se as pessoas fizessem o bem, a sociedade funcionaria muito melhor. Essa era uma mensagem evidente na maioria de suas obras, como na popular Um Conto de Natal. Este curto romance pode ter mudado a forma como os britânicos comemoram essa data. A celebração, antes mais diversificada, acabou se tornando em um evento familiar e baseado na generosidade, assim como em seu livro.
Em relação à vida pessoal, Dickens foi casado com Catherine Hogarth, filha do diretor de um dos jornais em que trabalhou, e teve dez filhos. Em 1958, após duas décadas de casamento, o romancista se separou de Catherine ao se apaixonar pela jovem atriz Ellen Ternan.
Apesar sua feroz crítica às desigualdades sociais e à hipocrisia das instituições britânicas da época, Dickens, cuja obra nunca deixou de se publicada, jamais perdeu sua popularidade, fato que o consolidou como uma verdadeira instituição nacional do Reino Unido.
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