«QUANDO E O QUE SERVIR EM VELÓRIO DE DEFUNTO
(Resposta de Dona Flor a pergunta de uma aluna)
Nem por ser desordenado dia de lamentação, tristeza e choro, nem por isso se deve deixar o velório correr em brancas nuvens. Se a Dona da casa, em soluços e em desmaio, fora de si, envolta em dor, ou morta no caixão, se ela não puder, um parente ou pessoa amiga se encarrega então de atender à sentinela pois não se vai largar no alvéu, sem de comer nem de beber, os coitados noite adentro solidários; por vezes sendo inverno e frio.
Para que uma sentinela se anime e realmente honre o defunto a presidi-la e lhe faça leve a primeira e confusa noite de sua morte, é necessário atendê-la com solicitude, cuidando-lhe da moral e do apetite.
Quando e o quê oferecer?
Pois a noite inteira, do começo ao fim. Café é indispensável e o tempo todo, café pequeno, é claro. Café completo, com leite, pão, manteiga, queijo, uns biscoitinhos, alguns bolos de aipim ou carimã, fatias de cuscuz com ovos estrelados, isso, só de manhã e para quem atravessou ali a madrugada.
O melhor é manter a água na chaleira para não faltar café; sempre está chegando gente. Bolachas e biscoitos acompanham o cafezinho; uma vez por outra uma bandeja com salgados, podendo ser sanduíches de queijo, presunto, mortadela, coisas simples pois de consumição já basta e sobra com o defunto.
Se o velório, porém, for de categoria, dessas sentinelas de dinheiro a rodo, então se uma xícara de chocolate à meia noite, grosso e quente, ou uma canja gorda de galinha. E, para completar, bolinhos de bacalhau, frigideira, croquetes em geral, doces variados, frutas secas.
Para beber, em sendo casa rica, além do café, pode haver cerveja ou vinho, um copo e tão somente para acompanhar a canja e a frigideira. Jamais champanha, não se considera de bom-tom.Seja velório rico, seja pobre, exige-se, porém, constante e necessária, a boa cachacinha; tudo pode faltar, mesmo café, só ela é indispensável; sem seu conforto não há velório que se preze. Velório sem cachaça é desconsideração ao falecido, significa indiferença e desamor.»
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O romance Dona Flor e Seus Dois Maridos, publicado em 1966 por Jorge Amado, é um retrato rico da vida de Salvador da Bahia, do seu quotidiano, fé e sabores.
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GRAVURA - Dona Flor
e o cochilo de Teodoro, de Murilo Ribeiro para Leilão de Arte Contra a Fome (2017)
Obras de 13 artistas, como Justino Marinho, Chico Mazzoni, Menelaw Sete, Roney George, J. Cunha e Murilo Ribeiro, serão leiloadas, hoje, em evento para convidados, na Casa do Sol, estúdio de Verão da Rede Bahia. O Leilão de Arte contra a Fome terá renda revertida integralmente para a Campanha Carnaval Sem Fome.
http://www2.correio24horas.com.br/detalhe/coluna-vip/noticia/vip-13-artistas-participam-de-leilao-com-renda-revertida-para-campanha-carnaval-sem-fome/?cHash=1e9bde775462aaa66d59e757d1d14f7f
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