Eu ... Emília Lamy
Eu...
Quando voltar, não quero voltar a ser eu,
não quero ser água nos meus olhos,
não quero ser esta forma de escrever,
não quero a vida interior que é Inverno
sem lugar para repouso,
não quero ser mágoa de gente,
não quero recordar o rosto das palavras sem luz,
não quero ter a noção do tempo
nem tão pouco quero ser a vida inteira de um lugar.
Quando voltar, quero ver de longe o anoitecer
que cruza conversas estranhas,
quero possuir o corpo de um arrepio inclinado de desejo,
quero ser voz sobre o silêncio
em que sobram memórias,
quero ser um dia em que espero não acordar,
ser a superfície em que te guardo,
talvez ser sangue a infiltrar-se na multidão dos homens,
ser o ultimo fim de todos os dias sem fim.
Mila
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