QUINTA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2011
À BEIRA DO ABISMO
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Creio que terá sido lá pelos 12 anos que vi NO CINEMA "THE BIG SLEEP" ("À Beira do abismo").
Não nasci no tempo da televisão. Já tinha 10 anos quando o pequeno écran começou a entrar pelos cafés e pela casa dos mais abonados. Dava para ver o Eusébio, o Festival da Canção e o Villaret.
Mesmo assim, andei pouco pela televisão. Cresci com cinema. A partir dos 10 na Promotora, cinema de reprise no Largo do Calvário, Lisboa. Ao fim-de-semana e nas férias. Dois filmes pelo preço de um.
Depois fui alargando pela cidade. Muitas vezes sozinho, corri quase todos esses deliciosos cinemas, O "Palhinhas", o Paris, o Chiado-Terrace, o Lys, etc, etc.
Vi de tudo. Filmes americanos dos anos 40 e 50, mexicanos de fazer chorar as pedrinhas da calçada ("La Nobia" foi demais), cow-boys a granel, filmes históricos, de guerra, musicais, de polícias e ladrões, comédias com o Jerry Lewis, o Cantinflas, M. Hulot... Sei lá, sei lá que mais.
Julgo que vi o "THE BIG SLEEP" antes de ter lido o livro.
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Depois li-o várias vezes na vida. A primeira deve ter sido na velha colecção vampiro. Depois, volta e meia, lá vai. Editado vezes sem conta, a última pelo Jornal o Público, não sei se li todas as traduções e todas as edições mas devo ter andado lá perto.
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Chandler seguiu o estilo de Hamett. Ou terá sido o contrário? Fui ver as datas. Primeiro "A relíquia Macabra". Sam Spade. Philip Marlowe é o seu émulo.
No entanto, na minha memória, os dois têm a mesma cara, o mesmo jeito, a mesma forma única de conviver com as sombras do perigo: falo de Humphrey Bogart que mais do que Spade ou Marlowe será sempre para mim o Rick de Casablanca.
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Ambos os autores trabalharam sobre uma figura de detective duro e solitário, cínico e íntegro, senhor do seu nariz, capaz de dizer que não às mais fantásticas loiras platinadas ou às carteiras mais bem recheadas, de conduzir um raciocínio para lá da nossa inteligência envergonhada e de despachar em menos de nada os mais terríveis assassinos.
É o romance negro, modelo de uma América cheia de podres mas também de gente que não precindia dos valores. Uma América onde os gangsters dominavam as ruas e os escritores iriam ser encostados à parede pelos esbirros dessa figura sinistra que foi o Senador McCarthy.
Volto sempre a lê-los com emoção e com a noção de que estes romances trabalham sobre alguma tipicação simplista mas a verdade é que, quando lhes pegamos só os largamos no fim.
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