sexta-feira, 9 de março de 2012

Raymond Chandler - A dama do lago (The Lady in the Lake)




ISA PINA


Ano: 1943 (original)  
Tema: romance, mistério
Nome original: The Lady in the Lake

Sinopse: Duas mulheres jovens e bonitas abandonam seus maridos e desaparecem. Philip Marlowe investiga o caso e descobre um cadáver num lago. Um gigolô mal-humorado, tiras inconvenientes, curiosos e corruptos se atravessam no seu caminho. A dama do lago é um dos clássicos da literatura americana, tendo consagrado o gênero noir, onde se destacaram também grandes autores como Dashiell Hammett, David Goodis, Ross Macdonald, entre outros.
*Livro lido para o Desafio Literário 24/12.


Opinião geral:
O que podemos falar sobre um livro de suspense que tem tantas reviravoltas que você nem sabe em mais quem se pode confiar? Não muita coisa, certo? Por isso, se minha resenha deixar a desejar, não fique brava comigo imediatamente. Um dia você ainda pode ler esse livro e certamente vai me agradecer por deixar alguns "detalhes" de fora.
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Phillp Marlowe é um detetive, que é contratado por Derca Kingsley para achar sua mulher, que está desaparecida há certo tempo. Só para avisar, os dois são casados, mas ambos nem se falam mais, sendo que cada um vive sua própria vidinha (cheia de regalias, pois ambos tem bastante dinheiro). A última notícia que teve dela foi um telegrama vindo de El Paso dizendo que se casaria com um de seus amantes, o mulherengo Chris Lavery. Porém, quando o Sr. Kingsley encontra Chris, este diz não ter viajado com sua mulher, o que acaba deixando uma ponta de desconfiança pois, se tivessemesmo viajado com ela, esfregaria na cara, certo? É o que pensa Kingsley.
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E, assim que é contratado, somos apresentados à secretaria de Kingsley, Adrienne Fromsett, morena, bonita, amante - opa, não sabia se podia contar... Brincadeira! :D - e sem aparentemente importância na história. A primeira pessoa que Marlowe visita é Chris, que reafirma a história contada a Kingsley, acabando a visita sem muitas coisas novas. Enquanto fica pensando no seu carro, nota que um senhor, Dr. Almore, fica preocupado com sua presença para, em seguida, chamar um policial valentão, Degarmo, lhe fazer umas perguntinhas. Depois da visita, Marlowe visita a casa do lago que os Kingsley tem, assim conhecendo Bill Chess, um faz-tudo por lá. Sua mulher, Muriel, tinha lhe abandonado e estava quase sempre bêbado (ou assim me pareceu). Depois de conversarem um pouco, vão para a represa/lago e quando Bill mexe uma das pedras - não sei explicar muito bem o que aconteceu - tem a impressão de ver um braço. Humano. Mexe mais um pouco as águas e um corpo boia. O corpo de Muriel... Mas em um estado de decomposição tão grande - pois faz um mês que ela sumiu - que se fosse outra pessoa, ele não saberia dizer. E é depois disso que a história ganha mais aventura. E mais perguntas, como todo boa história de mistério/suspense.
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Marlowe é um personagem sarcástico, metido, inteligente, honesto e real. Ele fala merda, ele se machuca, comete erros. Não é perfeito. E suas respostas, quase sempre na ponta da língua, fazem com que o livro fique ainda melhor de se ler. Digno de 4 estrelas, além de um quase perfeito crime :P

Pontos positivos: o mistério foi, pelo menos a mim, completamente insano! Quero dizer, eu não tinha ideia do(s) assasino(s)! Era muitas opções, muitas teorias! MUITO genial!

Pontos negativos: ainda acho que faltou alguma coisa, alguma química, mas não defini o que. Simplesmente é muito bom, mas não chega a ser ótimo. :/

Personagens favoritos: Phillip Marloweof course.

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Passagens favoritas:

1: "- Sim, senhor Marlowe? O Sr. Kinglsey não está, sinto muito.
- Venho a mando dele. Onde podemos conversar?
- Conversar?
- Tenho uma coisa para mostrar-lhe.
- Oh, tem? - Ela lançou-me um olhar desconfiado. Muitos homens provavelmente haviam tentado mostrar-lhe coisas, incluindo águas-fortes. Em outra oportunidade, não me desagradaria fazer uma tentativa também."
pág. 112

2: "Um homem usando o uniforme azul-acinzentado dos guardas da prisão aproximava-se andando ao longo das celas, lendo os números. Parou diante da minha, abriu a porta e me lançou o olhar duro que eles acham que têm de conservar nos rostos para sempre e que significa: 'Sou um tira, irmão, sou durão, olhe onde pisa senão deixo-o de um jeito que vai ter de se arrastar de quatro. Vamos lá, diga a verdade, irmão, vamos lá, e não se esqueça de que somos durões, somos tiras e fazendo o que bem entendemos com pulhas como vocês'."
pág. 155

3: "- Você viu como somos aqui - disse Degarmo. - Simplesmente uma grande família feliz.
- Com sorrisos radiantes nos rostos - disse o sargento do serviço -, os braços abertos dando boas-vindas, e uma pedra em cada mão."
pág. 157

4: "Webber disse em voz baixa:
- Acho que algumas pessoas pensam que somos apenas um bando de corruptos. Creio que pensam que um cara mata a esposa e depois telefona e diz: 'Alô, capitão, tenho um assassinatozinho aqui atravancando meu quarto. Tenho também quinhentos dólares dando sopa'. E aí eu digo: 'Ótimo. Aguente firme que já estou indo com a manta'."
pág. 164


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A Dama do Lago

Lady in the Lake
Estados Unidos, 1947, 103 min., film-noir

Realizador: Robert Montgomery

Argumento: Steve Fisher, baseado no romance de Raymond Chandler

Actores: Robert Montgomery, Audrey Totter, Lloyd Nolan, Tom Tully, Leon Ames

Estreia em Portugal: 29 de Junho 1948 (S. Luiz)

O detective privado Philip Marlowe investiga o desaparecimento de uma mulher.
A Dama do Lago poderia ser mais um entre os muitos exemplos de film noir existentes, mas as suas circunstâncias de produção fazem dele um filme único na história do cinema. Antes de mais, A Dama do Lago revela-nos um Philip Marlowe muito diferente do que estamos habituados, nomeadamente de À Beira do Abismo, um dos grandes film noir da história do cinema. Em segundo lugar, pelo facto de A Dama do Lago ser filmado, na sua maioria, em câmara subjectiva, praticamente uma estreia em filmes de uma major.
O argumento de A Dama do Lago foi escrito pelo próprio Raymond Chandler, sendo a única vez que o escritor escreveu um argumento cinematográfico. No entanto, a versão que Chandler apresentou, com cerca de 175 páginas, revelou-se impossível de filmar e a MGM teve de contratar Steve Fisher para reescrever o argumento. Chandler insistiu que o seu nome fosse creditado como argumentista, mas após ler a versão de Fisher, recusou ver o seu nome associado ao argumento. A principal causa desta atitude foi a exclusão de uma cena crucial do romance original e a opção de Fisher de apresentar o filme em câmara subjectiva.
É precisamente a câmara subjectiva que torna A Dama do Lago um filme único. Tanto para mais que marca a estreia de Robert Montgomery como realizador (à excepção da experiência não creditada no filme Homens para Queimar, em que substituiu o realizador John Ford, que partiu uma perna nas rodagens). Montegomery, que aqui tem seu último filme para a MGM, com quem tinha contracto desde 1929, confessou as dificuldades que sentiu na realização numa entrevista na época, revelando que o filme implicou muitos ensaios, treino e cenários especiais, que consumiram grande parte do orçamento.
De tal forma a câmara subjectiva marca o filme, que o departamento de publicidade da MGM utilizou-o para publicitar o filme, anunciando que era o espectador, em conjunto com Montegomery, que resolvia o crime da história. No entanto, A Dama do Lago é muito mais que a câmara subjectiva e revela-se um interessante film-noir, com excelentes interpretações, nomeadamente as de Jayne Meadows, que interpreta três diferentes personagens, e Audrey Totter, que aqui tem o seu primeiro papel importante.
Como curiosidade refira-se que a ficha técnica inclui a actriz Ellay Mort, a interpretar a personagem Chrystal Kingsby, que não surge no filme. A referência é uma brincadeira, já que a fonética do nome é semelhante à frase francesa “elle est mort” (ela está morta).



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Enviado por  em 22/11/2010
Robert Montgomery's subjective camera experiment, Lady in the Lake (1946). Original music for this trailer was composed by Rudolph G. Kopp, but David Snell scored the movie.

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