“Está a respirar-se mal neste país. Este país não é para velhos, nem para novos, nem para os do meio. Estou a pensar emigrar, como sugeriu um ministro qualquer”, afirma ao PÚBLICO, num tom irónico que o leva a dizer que vai “doar” os volumes de poesia que sobraram na livraria ao ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
O que é dizer muito. A Poesia Incompleta tem um fundo de oito a dez mil volumes de e sobre poesia, em mais de 30 línguas, e com mais de 260 editoras, segundo a Lusa. A livraria, que estava aberta ao público desde Novembro de 2008, tinha três salas por onde se espalhava todo este espólio, que incluía raridades e antiguidades.
Mário Guerra partilhou os títulos que foram chegando à livraria ao longo destes quase três anos e meio no blogue onde, nesta segunda-feira, anunciou o fim da linha para a Poesia Incompleta. A curtíssima nota acabava com a possibilidade de abrir num outro espaço: “Amanhã, a PI fechará portas. Espera-se que as reabra em breve, num novo local.”
Questionado pelo PÚBLICO sobre a eventual reabertura, volta a ironizar: “Vamos reabrir no estádio nacional”. O que Mário Guerra enfatiza é que a Poesia Incompleta chega ao fim “sem uma única dívida”. “A Poesia Incompleta fecha sem ninguém poder dizer que temos sequer uma dívida. E isso é óptimo. E raro.”
“Não quero relacionar de maneira nenhuma o fecho da minha livraria com o fecho das outras. A Poesia Incompleta fecha porque tem de fechar”, acrescenta. “Não me queixo de nada. A crise é espiritual.”
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