domingo, 30 de agosto de 2015

William Faulkner - Quando a literatura reconstrói a realidade

28 de agosto de 2015 - 10h12 


Não são poucos os clássicos da literatura que narram histórias reais, exatamente como estas aconteceram. Mas obra de Faulkner destaca-se justamente por reconstruir a realidade e explorar com profundidade características comportamentais de sua sociedade imaginária. Com personagens complexos, expostos a situações extremas, o escritor desafia os limites da capacidade humana. 

Por Mariana Serafini


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Faulkner recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1950
Faulkner recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1950

Considerado um dos maiores escritores estadunidenses do século 20, Willian Faulkner (1897 – 1962), traz em sua obra os conflitos e as capacidade humanas em seus extremos, sem recontar a realidade. Por meio da técnica chamada de “fluxo de consciência” – muito utilizada por Virgínia Woolf – o autor narrou a decadência do sul dos Estados Unidos, onde nasceu, com personagens fictícios vivendo situações desesperadoras no condado imaginário de Yoknapatawpha. 


Apesar de ter crescido em uma família influente, com avô banqueiro, pai comerciante e diversos parentes destacados na política, Faulkner levou uma vida simples. Chegou a trabalhar como carpinteiro, pintor de paredes e chefe dos Correios. Quando recebeu a notícia de que havia ganhado o Nobel de Literatura, em 1950, estava arando a terra em sua fazenda. Dizia que preferia a companhia de seus amigos caçadores e da gente simples de sua região, às conceituadas rodas literárias. O escritor recebeu ainda dois prêmios Pulitzer – em 1955 pela obra Uma Fábula, e em 1962 por Os Desgarrados –, e dois National Book Awards. 


Pelas características do cenário imaginário Yoknapatawpha, acredita-se que a obra de Faulkner transcorre na região ao extremo norte do estado de Mississippi, área correspondente ao Condado de Lafayette, cuja principal cidade é Oxford, lugar onde o escritor passou boa parte da vida. A narrativa faulkneriana é considerada hermética e desafiadora porque muitas vezes descreve múltiplos pontos de vista simultaneamente e impõe mudanças bruscas de tempo narrativo. 


A escrita complexa, marcada por longos parágrafos compostos de períodos grandes com pontuação irregular, esparsa ou inexistente, intercalados muitas vezes por parênteses e travessões exige uma profunda cumplicidade do leitor com a obra, além de entrega e concentração. Os desgarrados, última obra de Faulkner, é considerado um dos livros menos complexos. A crítica aponta como as melhores produções do autor O Som e a Fúria (1929), Luz em Agosto (1932),Palmeiras Selvagens (1939). 



A obra costuma ser dividida em três períodos, onde o mais importante é este iniciado em 1929 com O Som e a Fúria, quando o autor apresenta narrativas violentas, austeras, cheias de horror, com pitadas de comicidade exacerbada e ironia fina ao evidenciar a decadência da sociedade estadunidense sem detalhar fatos ou períodos históricos marcantes. 


A primeira parte é composta basicamente por contos muito inspirados no século 19. Já a terceira começa em 1940 com A Aldeia, e segue até o fim da vida do autor, com sua última obra, Os Desgarrados, publicado em 1962. Nesta fase Faulkner vislumbra alguma esperança para a condição humana ao narrar episódios de benevolência e evolução no comportamento de personagens submetidos a situações extremas. 



Neste especial sobre os EUA, Prosa, Poesia & Arte traz o primeiro capítulo da obra Luz em AgostoLeia a íntegra no arquivo em PDF.



Para não restar dúvidas sobre a pronúncia do nome pitoresco do condado de Yoknapatawpha, segue um vídeo onde o próprio Faulkner soletra a palavra e "ensina" a forma correta como deve ser dita. Assista. 











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