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Se Borges foi um dos maiores leitores do século XX, talvez Harold Bloom então seja um dos maiores leitores deste incipiente século XXI. E Gênio, sua pequena enciclopédia das maiores mentes criativas da história da literatura, talvez não tenha sido devidamente lido, quase dez anos depois. Harold Bloom escrevia em 2001 (pós-Torres Gêmeas) e falava do alto de seus 71 anos (81 – ele repetiria – era a “idade ideal” para Dante). Como vinha de sua maior obra, Shakespeare: a Invenção do Humano (1998), estava impregnado do teatro do Bardo: comparava Shakespeare a quase todo mundo. Assim, Cervantes fizera o romance equivalente a Shakespeare (Dom Quixote), Tolstoi criara os personagens mais vivos depois de Shakespeare e só Chaucer poderia ser o antecessor à altura de Shakespeare (entre outras comparações). Também: foram décadas lecionando o Bardo, e falando sobre ele, quase diariamente. Assim como Richard Dawkins é considerado o maior representante de Darwin hoje, Harold Bloom talvez seja o maior especialista em... Shakespeare. Mas nem só do Bardo vive o Gênio. Interessante Bloom não incluir gênios vivos (e considerar Saramago um gênio – o que nos deixa meio preocupados). Interessante também que ele, Bloom, um dos maiores estudiosos da religiosidade judaico-cristã, tenha, em tão boa conta, Nietzsche (“o maior pensador moral de todos os tempos”; será mesmo?). Também Freud, que considera, inclusive, um escritor de gênio (#exagero). Bloom agrupa seus gênios a cada capítulo, e o dos alemães ainda tem Thomas Mann (que Borges não tinha em boa conta) e Goethe (o “super-homem” de Nietzsche). 100 gênios é muita coisa, mesmo para Bloom. E ele se sai melhor com aqueles mais próximos de si, como Samuel Johnson (“o primeiro grande crítico”) e Emerson (admiração compartilhada com Nietzsche, e Borges). Seus melhores momentos são os primeiros gênios do livro: além de Shakespeare, Cervantes e Tolstoi, Virgílio, Santo Agostinho e Dante. Em seguida, O Javista (ou o “autor” do Velho Testamento), Sócrates/Platão (esqueceu de Aristóteles?), São Paulo, Dr. Johnson e os nossos alemães de sempre (faltou Schopenhauer). Mais adiante, Kafka, Tchekov (o maior contista), Wilde (“a primeira celebridade”), Emerson (reloaded), Hugo, Baudelaire e Rimbaud (também Valéry). Ainda, Homero, Camões (que desejava Vasco da Gama maior que a Odisseia e a Eneida), Joyce, Stendhal, Pessoa e Fitzgerald. E, para terminar (a nossa seleção da “seleção de Bloom”), Flaubert, Eça, Machado, Borges (de novo), Balzac e Dostoievski. A inclusão do Bruxo do Cosme Velho foi comemorada em prosa e verso por aqui, mas não soa tão empolgante no livro, embora Bloom o considere “o maior escritor de origem africana de todos os tempos” (leia-se: negro). Sua empolgação com Eça é tocante, quase ouvimos as gargalhadas de Bloom com A Relíquia e intuímos que todo o Jorge Amado saiu dali. O que teria pensado Bloom de Nélson Rodrigues? Dizem que recusou Guimarães Rosa, porque não lhe restava mais tempo para lê-lo..
Se Borges foi um dos maiores leitores do século XX, talvez Harold Bloom então seja um dos maiores leitores deste incipiente século XXI. E Gênio, sua pequena enciclopédia das maiores mentes criativas da história da literatura, talvez não tenha sido devidamente lido, quase dez anos depois. Harold Bloom escrevia em 2001 (pós-Torres Gêmeas) e falava do alto de seus 71 anos (81 – ele repetiria – era a “idade ideal” para Dante). Como vinha de sua maior obra, Shakespeare: a Invenção do Humano (1998), estava impregnado do teatro do Bardo: comparava Shakespeare a quase todo mundo. Assim, Cervantes fizera o romance equivalente a Shakespeare (Dom Quixote), Tolstoi criara os personagens mais vivos depois de Shakespeare e só Chaucer poderia ser o antecessor à altura de Shakespeare (entre outras comparações). Também: foram décadas lecionando o Bardo, e falando sobre ele, quase diariamente. Assim como Richard Dawkins é considerado o maior representante de Darwin hoje, Harold Bloom talvez seja o maior especialista em... Shakespeare. Mas nem só do Bardo vive o Gênio. Interessante Bloom não incluir gênios vivos (e considerar Saramago um gênio – o que nos deixa meio preocupados). Interessante também que ele, Bloom, um dos maiores estudiosos da religiosidade judaico-cristã, tenha, em tão boa conta, Nietzsche (“o maior pensador moral de todos os tempos”; será mesmo?). Também Freud, que considera, inclusive, um escritor de gênio (#exagero). Bloom agrupa seus gênios a cada capítulo, e o dos alemães ainda tem Thomas Mann (que Borges não tinha em boa conta) e Goethe (o “super-homem” de Nietzsche). 100 gênios é muita coisa, mesmo para Bloom. E ele se sai melhor com aqueles mais próximos de si, como Samuel Johnson (“o primeiro grande crítico”) e Emerson (admiração compartilhada com Nietzsche, e Borges). Seus melhores momentos são os primeiros gênios do livro: além de Shakespeare, Cervantes e Tolstoi, Virgílio, Santo Agostinho e Dante. Em seguida, O Javista (ou o “autor” do Velho Testamento), Sócrates/Platão (esqueceu de Aristóteles?), São Paulo, Dr. Johnson e os nossos alemães de sempre (faltou Schopenhauer). Mais adiante, Kafka, Tchekov (o maior contista), Wilde (“a primeira celebridade”), Emerson (reloaded), Hugo, Baudelaire e Rimbaud (também Valéry). Ainda, Homero, Camões (que desejava Vasco da Gama maior que a Odisseia e a Eneida), Joyce, Stendhal, Pessoa e Fitzgerald. E, para terminar (a nossa seleção da “seleção de Bloom”), Flaubert, Eça, Machado, Borges (de novo), Balzac e Dostoievski. A inclusão do Bruxo do Cosme Velho foi comemorada em prosa e verso por aqui, mas não soa tão empolgante no livro, embora Bloom o considere “o maior escritor de origem africana de todos os tempos” (leia-se: negro). Sua empolgação com Eça é tocante, quase ouvimos as gargalhadas de Bloom com A Relíquia e intuímos que todo o Jorge Amado saiu dali. O que teria pensado Bloom de Nélson Rodrigues? Dizem que recusou Guimarães Rosa, porque não lhe restava mais tempo para lê-lo..
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ISBN: 8573025107 ISBN-13: 9788573025101 Livro em português Brochura 1ª Edição - 2003
| O que é um gênio? A resposta a esta pergunta pode enveredar por inúmeros e complexos significados. Para organizar esta antologia, que reúne 100 nomes essenciais da literatura mundial de todos os tempos, o crítico americano Harold Bloom lançou mão de uma definição estritamente pessoal do conceito de genialidade. Para ele, fundamentalmente, consciência é o que define o gênio. Com a escrita sensível de um leitor apaixonado e a argúcia crítica de estudioso erudito, Harold Bloom leva o leitor a uma fascinante viagem pelo mundo da literatura, contemplando-nos com visões originais de textos consagrados. Desde a Bíblia até Sócrates, passando pelos feitos transcendentais de Shakespeare e Dante, até chegar a Machado de Assis, Faulkner e Hemingway, Bloom atravessa séculos, apontando insuspeitas analogias entre os gênios por ele selecionados, as surpreendentes influências que se estabeleceram ao longo do tempo. |
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Sobre o autor:
BLOOM, HAROLD
Harold Bloom nasceu em Nova York, em 1930. É professor das universidades de Yale e de Nova York. Em 1999, recebeu a "Medalha de Ouro em Crítica Literária", da Academia Norte-Americana de Artes e Letras, da qual é membro desde 1990. Entre tantos outros prêmios recebidos, destaca-se o "MacArthur Prize Fellowship". É autor de mais de vinte livros, dentre eles: "Presságios do milênio", "O cânone ocidental", "Shakespeare: a invenção do humano", "Como e por que ler".
BLOOM, HAROLD
Harold Bloom nasceu em Nova York, em 1930. É professor das universidades de Yale e de Nova York. Em 1999, recebeu a "Medalha de Ouro em Crítica Literária", da Academia Norte-Americana de Artes e Letras, da qual é membro desde 1990. Entre tantos outros prêmios recebidos, destaca-se o "MacArthur Prize Fellowship". É autor de mais de vinte livros, dentre eles: "Presságios do milênio", "O cânone ocidental", "Shakespeare: a invenção do humano", "Como e por que ler".
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