sexta-feira, 12 de junho de 2015

Frei António das Chagas - A uma Moça Vendendo Camoezas

* Frei António das Chagas

Para a feira vai Luisa
co seu balaio à cabeça,
todo enramado de louro
e cheio de camoezas.

Leva saia de cilício,
também jubão branco leva,
que serve o jubão de branco
onde amor atira as flechas.

Sobre os dedos pendurados
levava os punhos da renda;
tão valentona caminha
que treme o bairro de vê-la.

Lá no meio do Rossio
levanta a voz mui serena
como se aprendera solfa:
- Eu já tenho camoezas!


Frei António das Chagas, in 'Antologia Poética'

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