III
este é o local, o dia, o mês e a hora
o jornal ilustrado aberto em vão.
No flanco esquerdo, o medo é uma espora,
fincada, firme, imperiosa não
espero mais. Porquê esta demora?
Porquê temores, suores? Que vultos são
aqueles além? Quem vive ali? Quem mora
nesta casa sombria? Onde estão
os olhos que espiavam ainda agora?
O medo, a espora, o ansiado coração,
a noite, a longa noite sedutora,
o conchego do amor, a tua mão ...
Era o local, o dia, o mês, a hora .
Cerraram sobre ti os muros da prisão
O Viajante Clandestino
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* Egito Gonçalves
A mentira que fingem
é verdade.
A submissão
corrompe
Não nasceram
ainda
Poderão nascer
mais tarde
tão adultos de aspecto?
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* Egito Gonçalves
Como se mantém
este deserto?
Praças sem vida,
sombras nos passeios,
estores corridos
nas janelas…
Poderiam só palavras
convencer,
abrir varandas,
pálpebras,
descerrar os dentes?
Existe algum segredo
neste magma
capaz de o erguer à dor
de um coração?
egito gonçalves
o fósforo na palha
1970
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