segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Literatura e Cinema Policiais

EDMUND CRISPIN?

Com um humor ao melhor estilo britânico, Edmund Crispin tornou-se conhecido por cruzar mistério e aventura nos seus policiais, sem nunca perder a ironia. A série de nove novelas protagonizada por Gervase Fen é, aliás, considerada uma das mais originais dentro do género policial, em grande parte devido ao nonsense do autor. Para o escritor americano Anthony Boucher, pode reconhecer-se no estilo de Edmund Crispin a influência de autores tão diferentes como John Dickson Carr, Michael Innes e M.R. James.



Novelista americano, Dashiell Hammett também escreveu argumentos para cinema. The Maltese Falcon é o livro mais conhecido de Hammett – e também o mais filmado. Em 1941, a adaptação do realizador americano John Huston surpreendeu o público: além de ter o lendário Humphrey Bogart como protagonista, o filme foi um dos mais importantes para a reinvenção do género noir.



Compararam-na a Ellery Queen, mas também a Buster Keaton ou a Chuck Jones, o criador de Bugs Bunny. Em meados dos anos 40, os seus livros vendiam, nos Estados Unidos, pouco menos do que os de Agatha Christie. Meio século decorrido sobre a sua morte — morreu em 1957, aos 49 anos —, é difícil, mesmo nos Estados Unidos, encontrar edições recentes das suas obras. Em Portugal, saíram apenas meia dúzia de títulos, todos eles esgotados há décadas.



Estudioso de Rudyard Kipling, biógrafo de Thomas Hardy, autor de numerosos ensaios académicos, John Innes Mackintosh Stewart escreveu ainda uma ambiciosa série de cinco romances — A Staircase in Surrey —, cuja acção se desenrola num imaginário colégio da Universidade de Oxford. No entanto, é hoje provavelmente mais conhecido pelas novelas policiais protagonizadas pelo inspector Appleby, que assinou com o pseudónimo Michael Innes.



Famosa pelos seus thrillers psicológicos, Mary Patricia Plangman Highsmith nasceu a 19 de Janeiro de 1921 em Fort Worth, no Texas (EUA). Pouco depois do seu nascimento, os pais divorciaram-se e, quando tinha três anos, a mãe, Mary, casou-se com Stanley Highsmith. Patricia cresceu em Nova Iorque a ouvir a mãe contar repetidamente como tinha tentado abortar a sua gravidez e, até aos dez anos, pensou que Stanley era o seu verdadeiro pai.



The Roman Hat Mystery (1929) assinala a estreia literária de Ellery Queen, quer como autor, quer como protagonista dos policiais assinados com o seu nome. Pseudónimo colectivo da dupla de primos americanos Frederic Dannay (1905-1982) e Manfred B. Lee (1905-1971), Ellery Queen enquanto personagem é o inteligente filho do inspector de polícia nova-iorquino Richard Queen, com quem forma uma magnífica dupla na resolução dos crimes mais invulgares. Enquanto o pai se encarrega de descobrir todos os indícios para solucionar os casos, Ellery (que também aqui assume a figura de escritor de novelas policiais) usa o seu poder de dedução para decifrar as diferentes pistas. A dupla tornou-se tão popular que Dannay e Lee acabaram por escrever 33 romances policiais e algumas histórias mais pequenas, todas elas protagonizadas pela admirável equipa “pai/filho”.



O ficcionista britânico Anthony Berkeley Cox é um dos nomes fundamentais da chamada idade de ouro do policial, centrada no período que vai do final da Primeira Guerra até ao início da Segunda. Foi um dos fundadores do célebre Detection Club londrino, uma associação de escritores de novelas policiais, cujos membros se obrigavam a respeitar, nos seus livros, um conjunto de regras, designadamente a de nunca sonegarem ao leitor uma pista crucial para a resolução do enigma em causa.



Dorothy Leigh Sayers nasceu em Oxford, Reino Unido, a 13 de Junho de 1893. O pai era o director de uma escola católica. Graduou-se em 1915 em Literaturas Modernas, na Universidade Somerville, Oxford. Não gostava da rotina da vida académica, por isso juntou-se à editora Blackwell, trabalhou com o amigo Eric Whelpton na L'École des Roches na Normandia, entre 1922 e 1931, e foi copywriter numa empresa de publicidade em Londres.



Nicholas Blake, pseudónimo do poeta Cecil Day-Lewis, nasceu em 1904 em Ballintubber, na Irlanda. O seu apelido é hoje conhecido em todo o mundo, mas graças ao seu filho, o actor Daniel Day-Lewis. No entanto, Cecil foi um autor muito prestigiado no seu tempo, tendo mesmo sido nomeado poeta laureado, um título outorgado pela Coroa britânica.



Rex Todhunter Stout nasceu em 1886, no estado norte-americano do Indiana. Era o sexto de nove filhos de um casal de quacres, que se mudou para o Kansas logo após o seu nascimento. Aos nove anos, foi reconhecido como um meninoprodígio em Matemática. Frequentou a Universidade do Kansas, que abandonou para se inscrever na Marinha, tendo servido como oficial junto do Presidente Theodore Roosevelt. Deixou a Marinha em 1908 e começou a ganhar a vida escrevendo artigos para a imprensa e trabalhando como guia turístico e contabilista. Mas o que lhe garantiu a independência financeira e lhe permitiu dedicar-se em exclusivo à escrita foi a invenção de um sistema bancário adaptado às escolas, instalado em 400 cidades dos Estados Unidos.



Filho de um advogado e congressista democrata da Pensilvânia, John Dickson Carr nasceu nos Estados Unidos, em 1906. Ainda adolescente, trabalhou como jornalista, cobrindo eventos desportivos e casos de tribunal. Fez estudos liceais e superiores no seu país de origem, que depois prosseguiu em Paris, na Sorbonne. O herói das suas primeiras novelas é um chefe de polícia parisiense, Henri Bencolin.



Nasceu em 1859, em Edimburgo, na Escócia. Descendente de uma família católica, Arthur Conan Doyle teve uma educação tradicional. A sua mãe, Mary Foley, cujos antepassados entroncavam na linhagem dos Plantagenetas, era apaixonada por livros. Já o seu pai acabaria por se tornar alcoólico e teve de ser internado num asilo.

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Infrações às leis do Romance Policial

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Em termos da sua estrutura narrativa - crime, investigação e revelação do malfeitor - Balada da Praia dos Cães pode ser qualificado como um romance policial. Contudo, se virmos bem, o enredo da obra contem muitos entorses às 'regras' do género, que embrora tenha sofrido muitas transgressões ao longo da sua história, ainda acarreta para o leitor um 'horizonte de expectativas' muito forte. John G. Cawelti tem argumentado em favor dum 'padrão'(1) geral dentro do género, a partir do qual o leitor consciente ou inconscientemente mede as divergências encontradas (e sem o qual não se podia qualificá-lo de 'gênero'). Em sumo, quando depara com um romance policial, o leitor imagina logo certas 'direções' narrativas. Ao ver de perto, estas expectativas são todas frustradas na Balada da Praia dos Cães. Nisso nos podemos qualificar o romance de "anti-policial", na terminologia de Stefano Tani (2), uma obra que subverte de prósito as expectativas que o leitor traz ao romance detectivesco. Para enumerar: primeiro, não há propriamente uma cena de revelação, de clímax. Para dar um exemplo maior: nos sabemos quem matou o major practicamente desde o início das investigações, assim como sabe o investigador. Mena é apreendida logo e a identidade dos outros é óbvio, a sua captura uma questão de tempo só num país tão policiado quanto Portugal. Esta ausência de nem mistério, nem suspense viola flagrantamente as chamadas 'leis' do género. No entanto, durante as suas investigações Santana declara «no tresler é que está a leitura». E é isso, na ausência das trâmites normais do romance policial, que o livro encoraja, implicitamente, o leitor a fazer em relação à vida e investigação de Elias Santana. Esta táctica coloca o romance dentro da subcategoria que Tani chama de 'anti-policial inovativo'(3), romances que não escondem a solução ao crime até o fim, de maneira a dirigir a atenção do leitor para o ambiente do livro e as suas implicações sociais e existenciais e que acabam em situaçõs de manifesta injustiça como maneira de criticar o status quo retratado. O leitor apreende este ambiente no decorrer das investiga¸˜o de Elias, utilisando um protector do regime para dar corpo os efeitos que este estrutura politíca produz nos seus cidadões. Balada da Praia dos Cães evidˆncia a este efeito, traços de que Cawelti (3) define como o variante procedural do romance polcial. Neste tipo do género o foco remete para o processo de elucidação empreitada pelo investigador. Isto põo o ônus da narrativa nas vidas (cotidianas, por natureza) das personagens e no que Simas (4) denomina a "paisagem" do romance.

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(1) John G. Cawelti (1976) "Adventure, Mystery amd Romance: Formula Stories as Art"

(2) Stefano Tani (1984) The Doomed Detective: The Conribution of the Detective Novel to the Postmodern American and Italian Narrative Carbondale and Edwardsville: Southern llinois University Press (3) Op. cit. (4) Mónica Simas, “A Ética das Imagens da Cidade em Cardoso Pires” A Ética das Imagens da Cidade em Cardoso Pires 18/08/2003


de Infracções às Leis do Romance Policial - A Balada da Praia dos Cães

in José Cardoso Pires e a Balada da Praia dos Cães
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Ver também:

A ESTRUTURA DO ROMANCE POLICIAL: uma introdução


Cine Nero

Film Noir ou Cinema Policial

2 comentários:

De Amor e de Terra disse...

Dos Policiais que li (muitos),ficaram-me na memória os de Agatha Christie; li de outros autores, mas os dela têm resistido um pouco mais ...
E continuo a gostar muito deste tipo de literatura.


Maria Mamede

Belisa disse...

Olá

"Literatura e cinema policiais"
apaixonantes pela aventura e mistério que nos oferecem.

beijos estrelados