Um Pinto
Foi dar a Lisboa um Pinto
Habitar um aviário
Fizeram dele ministro
Mas não passa dum falsário
G.N.R
Nunca vi na minha vida
De uniforme ou à paisana
Um guarda republicano
Bater num capitalista
Fachos
Franco, Pinochet, Somoza
Salazar o mais matreiro
São todos filhos dilectos
Do fachismo carniceiro
Tempos Mudados
Hoje os tempos estão mudados
Mal vai para quem trabalha
Sai das tuas tamanquinhas
E luta contra a canalha
Habitação
Sobem as rendas de casa
A habitação é um luxo
Mas há quem tenha palácio
Piscina, parque e repuxo
Capital
Mandarins e milionérios
Senhores da Alta Finança
Sempre atamancam a pança
A cavalo nos operários
Gente Nova
Tenho debaixo da língua
O princípio duma trova
Hei-de encontrar uma rima
Dedicada à gente nova
Velhice
Cai-te no bolso um pataco
E dizes que é já reforma
Põem-te dentro dum saco
Atado de qualquer forma
Operação Pirâmide
A operação pirâmide
Não é que lhe fique atrás
Mas falta-lhe qualquer coisa
Para ser a mais capaz
Reforma Agrária
Ó agricultor do Norte
Desde o Minho até à Beira
É tua a Reforma Agrária
Queira o fascista ou não queira
O Norte é irmão do Sul
O Sul é irmão do Norte
Quando os filhos estão unidos
Portugal fica mais forte
Tira as patas do Alentejo
Ó Gê Nê Erre assassina
Que a terra que estás pisando
É terra de Catarina
Comuna
Tu chamaste-me Comuna
Pensando que me ofendias
Com esse nome viveu
Paris os seus melhores dias
Foi no século dezanove
Que houve um governo do Povo
Dão-lhe o nome de Comuna
Aí sim, o Homem Novo
Dum lado o poder coroando
Do outro a ralé inteira
Já se empinam os escravos
Já o Império se arreceia
Só a ferro e fogo posto
A reacção europeia
Venceu o pata descalça
O crime jurou bandeira
Operação Noruega
Faliu o Império das Índias
Numa agitada refrega
mas vamos vingar a raça
Na operação Noruega
O que é preciso é ter 'sprança
Fogo e pólvora nas canelas
Para levar de vencida
A operação Noruega
Já nos chegam dos Magriços
As campanhas de Inglaterra
Somos melhores que o Travolta
O major Cook e Alvega
Já fomos fortes no tinto
Que é o "ginseng" nacional
Precisamos d'outros rumos
Pra reerguer Portugal
Infância, Crueldade
Não se passa uma semana
Sem que venha nos jornais
Criança buscando a morte
Por não querer viver mais
Uma, que leva pancada
Outra, torturas brutais
Menino deficiente
Vivendo c'os animais
Numa escola de Setúbal
Ficou surda uma menina
Tanta pancada lhe dera
A professora malina
E muitos, Portugal fora,
No Ano Internacional.
Quem se lembra das crianças?
Quem vem atalhar o mal?
Discursos, festas, colóquios
Não chegam (nem caridade)
O melhor são as crianças
Disse o poeta, e é verdade
Tudo vai dar ao mesmo
Direitos são para cumprir
Numa sociedade justa
Não há mais mãos a medir
Lembremos Ana Maria
(Todos nós somos culpados)
Quem sempre cala consente
Muitos serão acusados
Quem sempre cala consente
Não digas: - isto é normal
Lembremos Manuel João
Que se enforcou num varal
Seja cada dia um ano
Que um ano não dá pra mais:
Colóquios, festas, sorrisos,
Missas Internacionais
Faz aqui falta uma trova
Duma criança oprimida;
Ela que fale da fome,
Ela que fale da vida
Ela que fale da pomba
Que tem a asa ferida;
Ela que fale da nuvem
Que encobre a terra poluída
São da América Latina
De Ásia e África nascidos
Os que hão-de dizer ao mundo
Que estão cada vez mais vivos
Clique no felino para ver o que sucede. Vá, não tenha medo. Este não arranha.
1 comentário:
Olá Victor, boa noite!
É meu entender, que tudo isto que aqui recordas (ou dás a conhecer) é sempre bom, pois ajuda a relembrar para não deixar cair no olvido.
Cada um luta como sabe e pode e as palavras, são verdadeiramente poderosas.
Bj
Maria Mamede
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