quinta-feira, 8 de novembro de 2007

SER DIFERENTE É NORMAL

GRES IMPÉRIO SERRANO - CARNAVAL 2007
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Enredo: Ser diferente é normal: o Império Serrano faz a diferença no carnaval
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Compositores: Arlindo Cruz/Maurição/Aloísio Machado/ Carlos Senna/ João Bosco
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Intérpretes: Maurição, Nilton Sereno, Geraldão e Gustavo Henrique

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EU QUERO VER
O AMOR FLORESCER
SER DIFERENTE É NORMAL
E O IMPÉRIO TAÍ
PRA LEVANTAR SEU ASTRAL
SE LIGA NO MEU CARNAVAL


SERRINHA VEM PEDIR RESPEITO
TEMOS QUE OLHAR DE OUTRO JEITO
QUEM NASCEU DIFERENTE
E VENCEU PRECONCEITO
A GENTE TEM QUE ADMIRAR
HARMONIZAR PRA SER FELIZ
DIFERENÇA SOCIAL, PRA QUÊ?
TÁ NA CARA QUE A BELEZA
ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ
ROMANTISMO IRRADIA ENERGIA PRA VIVER
NESSE MUNDO ONDE TUDO É RELATIVO
MINHA ESCOLA É MEU MOTIVO
MEU MAIOR PRAZER!

A HISTÓRIA DO SAMBA MUDOU
BATERIA DIFERENTE, OLHA O TOQUE DO AGOGÔ
NO PRIMEIRO DESTAQUE E NA COMISSÃO
AS NOVIDADES VERDE-E-BRANCO, MEU IRMÃO

DIFÍCIL
CONVIVER NA ADVERSIDADE
COM ARTE SER EFICIENTE
FAZER DA PINTURA SUA LIBERDADE
FAZER ESCULTURAS USANDO A PAIXÃO
FEITIÇO DE POETA INVADE O CORAÇÃO
DIVINO É O PODER DA CRIAÇÃO
EU PERGUNTO A VOCÊ
SERÁ QUE EXISTE?
LIMITE ENTRE A LOUCURA E A RAZÃO



SINOPSE



Força inovadora do carnaval desde sua fundação, o Império Serrano foi a primeira escola de samba vinculada a um segmento profissional, os trabalhadores do porto do Rio de Janeiro. Nem por isso se tornou um gueto: a diferença era respeitada e havia lugar para todos.
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Jornalistas, funcionários públicos, donas de casa também opinavam e participavam. Por isso surgiu de forma tão forte e impressionante que se sagrou campeã, provocando violenta cisão na entidade representativa das escolas de samba da época, já que as co-irmãs se recusaram a aceitar a vitória da estreante.
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Em sua origem está a luta pela liberdade de opinião e de expressão, que se mantém até hoje.
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No Império Serrano todo mundo é igual, apesar das diferenças, e o orgulho verde-e-branco recebe de braços abertos todos os interessados em trabalhar unidos em prol de um objetivo comum, numa lição de harmonioso convívio. O resultado está aí: sessenta anos de paixão e glória, fazendo a diferença na história do samba.
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Foi fácil? Não. Nunca é fácil harmonizar o que não é igual. A dificuldade que o ser humano tem de conviver com a diferença (seja ela estética, social, religiosa, étnica ou cultural) é o grande mote do romance Notre-Dame de Paris, que elevou o escritor francês Victor Hugo a figura máxima do espírito literário do romantismo, movimento que valorizava o predomínio do conteúdo sobre a forma. Na torre da catedral de Notre-Dame vive isolado o sineiro Quasímodo, um homem de aparência deformada e feições distorcidas, porém sensível às manifestações de beleza, como as diversas festividades que acontecem em torno da catedral gótica. Adotado por uma autoridade religiosa que fez da rigidez seu modo de vida, apaixona-se por uma cigana e enfrenta uma série de peripécias por conta desse amor não correspondido.
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Aceitar e respeitar o outro como ele realmente é nunca foi tarefa simples, na literatura como na vida real.
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Na cidade alemã de Munique do final do século XIX um menino tímido, pouco sociável e bastante indisciplinado entrou cedo para a abominada lista de repetentes na escola. Alfabetizado somente aos nove anos de idade, apresentando raciocínio lento e aparente falta de memória, a dificuldade de aprendizado levou seus professores a crer que sofria algum tipo de retardo mental. Acabou interessando-se pelos emaranhados de números e cálculos da matemática e pela harmonia sublime da música, chegando a dominar o violino. Revelou-se uma mente brilhante e autor de numerosos trabalhos de física teórica; aplicando a teoria quântica à energia radiante, chegou ao conceito de fótons, que lhe valeu o Prêmio Nobel. Formulou a equação que seria a mais célebre do século XX, abrindo os caminhos para a era atômica e esclarecendo a origem da energia solar.
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Conhecida como teoria da relatividade, marcou profundamente a ciência moderna, mas sua importância só foi reconhecida posteriormente, transformando aquele “menino problema”, Albert Einstein, em um dos maiores cientistas de todos os tempos.
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Além de lidar com a diversidade, há de se lidar também com a adversidade...
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A infância marcada por procedimentos médicos e um terrível acidente forjaram uma mulher fisicamente debilitada e deficiente. Foi quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama, na dolorosa convalescença, que Frida Kahlo começou a pintar freneticamente. Sempre pintou a si mesma alegando que “era o assunto que conhecia melhor”. Apaixonadamente passional e extremante vaidosa, cobria-se de jóias, flores e vestidos coloridos, tradicionalmente mexicanos, o que fez dela grande colecionadora de amantes (de ambos os sexos). Frida chocava porque era diferente – e orgulhosa – demais. Embora tenha usado tintas fortes para estampar suas telas e entrado no mundo da vanguarda artística dos surrealistas, dizia que nunca pintou sonhos, pois apenas pintava a própria realidade: uma vida tumultuada por sofrimentos físicos e dramas emocionais.
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Ensinou-nos a pintora mais importante do século XX:
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“ Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?”
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O trabalho dignifica o homem, e um gênio negro mostrou seu valor em verdadeiros tesouros. Vivia do produto de suas mãos e um dia descobriu uma doença que o degenerava lentamente. Como continuaria criando sua arte? Teria que enterrar o dom dentro de si? Absolutamente não. Antônio Francisco Lisboa não abandonou seu ofício.
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Quando as mãos se danificaram por completo, amarrou nelas correias de couro para poder segurar seus instrumentos; com os pés atingidos, foi obrigado a andar de joelhos.
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O povo o apelidou de Aleijadinho. Foi difícil obter o reconhecimento de seu talento, pois também não lhe perdoavam a condição de mestiço e, mesmo celebrado como grande escultor e projetista, a cor mulata ainda mantinha erguidas as barreiras do preconceito.
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Suas imagens sacras, profetas, altares e igrejas permanecem como testemunho do desenvolvimento artístico de Minas Gerais no século do ouro. A quantidade e a maestria de suas realizações levaram o biógrafo francês, Germain Bazin, a chamá-lo de “Michelangelo tropical”.
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A sensibilidade e a competência revertem qualquer quadro que se apresente desfavorável à primeira vista.
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Lesionado no queixo pelo fórceps em seu nascimento, o violonista Noel Rosa encarou sua “diferença” com filosofia bem-humorada e irônica como um bom rapaz folgado. Ela nunca impediu seu feitiço de poeta de arrebatar corações apaixonados.
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Sua música tocou as ruas do Rio de Janeiro e ganhou notoriedade ainda muito jovem, mas combatia o constrangimento que o defeito físico lhe causava evitando grandes reuniões sociais e buscando refúgio em bares, botequins e cabarés. Captou e, acima de tudo, criticou as transformações de uma época de transição urbana carioca legitimando seu papel de cronista do samba.
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A modernidade da eletricidade, gramofones, rádios, apitos de fábricas e chaminés compunham um novo cotidiano e um modo de vida “diferente”.
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O talento é realmente soberano, invencível e aleatório: bafeja inclusive os que não se enquadram adequadamente em padrões estabelecidos. Se ele não discrimina, por que discriminar?
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Do manicômio para a liberdade criativa, o estranho mundo de Arthur Bispo de Rosário revelou um mestre das artes plásticas brasileiras com reconhecimento internacional. Seus divinos trabalhos multicoloridos consagraram seu delírio intelectual ao registrar para o Criador o universo ao seu redor. E se “de perto ninguém é normal”, no carnaval se abre o sanatório geral da sociedade, pois nos dias de folia as diferenças se diluem e se igualam como na marcha carnavalesca Exuberante da “verdadeira encarnação da alma musical brasileira”, o louco Ernesto Nazaré:
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“ (...) À folia! À folia!
Ao baile, TODOS
Neste brincar sem fim
À folia! À folia!
TODOS pulando assim (...)”
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Jack Vasconcelos
Carnavalesco
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