Os putos
.* Ary dos Santos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
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ouvir Os Putos - interpretação de Carlos do Carmo e não só
cujo editor diz [serem] «Poemas do meu Mundo que ardem vivos em meu olhar que no coração escavam bem fundo e que não o deixam pulsar...»
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Clique na imagem, retirada de Poemas de Amor e Dor
um blog com uma apresentação animada e agradável.
3 comentários:
Amigo, Os Putos andam muito por aí.Sugiro que vejas a nova versão em http://beezzblog.blogspot.com/
Abraço, grande!
Um belo poema a que nos habituou Ary dos Santos, que tão bem interpretado pelo Grande Carlos do Carmo. Sugiro, no entanto que visite o meu espaço, onde há um "cover" desse fado revisto nesta nossa actualidade.
Um Poeta nunca morre...
Abraços do Beezz
Ari, retratou com génio as cenas do quotidiano e pdemos continuar a "ver" ou a "ouver", (como diz uma Amigo professor de Teatro e Poeta, Fernando Peixoto), as suas risadas e palavras pelas vielas e calçadas.
Bj
Maria Mamede
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