quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Cachimbo da Paz (1)






Gabriel O Pensador - Cachimbo da Paz


A criminalidade toma conta da cidade
A sociedade põe a culpa nas autoridades
O cacique oficial viajou pro Pantanal
Porque aqui a violência tá demais
E lá encontrou um velho índio que usava um fio dental
E fumava um cachimbo da paz
O presidente deu um tapa no cachimbo e na hora
De voltar pra capital ficou com preguiça
Trocou seu paletó pelo fio dental e nomeou
O velho índio pra ministro da justiça

E o novo ministro chegando na cidade,
Achou aquela tribo violenta demais
Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades
E chamou a TV e os jornais

E disse: "Índio chegou trazendo novidade
Índio trouxe cachimbo da paz

Maresia, sente a maresia
maresia, uuu...

Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça

Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta
Dizem que é do bom
Dizem que não presta
Querem proibir, querem liberar
E a polêmica chegou até o congresso

Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência
Porque não é Hollywood mas é o sucesso
O cachimbo da paz deixou o povo mais tranqüilo
Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos
E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva
E prometeu voltar com uma tonelada

Só que quando ele voltou "sujou"!!!
A polícia federal preparou uma cilada
"O cachimbo da paz foi proibido,
entra na caçamba, vagabundo!
Vamô pra DP! Ê êê! Índio tá fudido porque lá o pau
Vai comer!"

Maresia, sente a maresia
maresia, uuu...

Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça

Na delegacia só tinha viciado e delinquente
Cada um com um vício e um caso diferente
Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar porque ele
Não vendia pinga fiado
E um senhor bebeu uísque demais, acordou com um
travestí
E assassinou o coitado
Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta
E ela foi sequestrada

Era tanta ocorrência, tanta violência que o índio
Não tava entendendo nada
Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento
E acendeu um "da paz" pra relaxar
Mas quando foi dar um tapinha
Levou um tapão violento e um chute naquele lugar

Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um
Acidente provocado por excesso de cerveja:
Uma jovem que bebeu demais atropelou
Um padre e os noivos na porta da igreja
E pro índio nada mais faz sentido
Com tantas drogas porque só o seu cachimbo é
proibido?

Maresia, sente a maresia
maresia, uuu...

Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça

Na penitenciária o "índio fora da lei"
Conheceu os criminosos de verdade
Entrando, saindo e voltando cada vez mais
Perigosos pra sociedade, aí, cumpádi, tá rolando
Um sorteio na prisão pra reduzir a super lotação
Todo mês alguns presos tem que ser executados
E o índio dessa vez foi um dos sorteados
E tentou acalmar os outros presos:

"Peraí..., vamô
Fumar um cachimbinho da paz"
Eles começaram a rir e espancaram o velho índio
Até não poder mais
E antes de morrer ele pensou:
"Essa tribo é atrasada demais...
Eles querem acabar com a violência,
mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz"

E o cachimbo do índio continuava proibido mas se você
quer
Comprar é mais fácil que pão
Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que
mataram
O velho índio na prisão

Maresia, sente a maresia
maresia, uuu...

Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça

Maresia, sente a maresia
maresia, uuu...

Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Sente a marisia
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Sente a marisia, acende, puxa, prende, passa, uuu...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
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Principal : Instrumentos - Cachimbo da paz
Jamie Sams
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Desde o momento em que a Grande Mulher Novilha de Búfalo Branco apareceu à Nação Sioux, o Cachimbo vem sendo considerado uma Cura Sagrada, partilhada entre os Irmãos e Irmãs da América Nativa. Trata-se de uma forma de oração, que nos permite falar a verdade e curar relacionamentos feridos ou rompidos.
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Nós recebemos o Cachimbo para poder enviar nossas preces e manifestar nossa gratidão ao Grande Mistério e para simbolizar a Paz entre todas as Nações, Tribos e Clãs. O fornilho do Cachimbo representa o aspecto feminino de todas as coisas vivas e o tubo é o símbolo do aspecto masculino em todas as formas de vida. O simples ato de colocar o tubo no fornilho simboliza união, criação e fertilidade.
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Quando o Cachimbo está abastecido, cada pitada de Tabaco é abençoada, assim como cada ramo de Nossos Parentes é convidado a entrar no Cachimbo na forma de espírito para poder ser honrado e fumado. Honramos a Mãe Terra, o Pai Céu, o Avô Sol, a Avó Lua, as Quatro Direções, o Povo-em-pé (árvores), O Povo de Pedra, os seres de asas, os seres de barbatanas, os de quatro patas (animais), os rastejantes (insetos) a Grande Nação das Estrelas, Os irmãos e Irmãos do Céu, os povos subterrâneos, os seres do Trovão, os Quatro Espíritos principais (Ar, Terra, Água e Fogo) e todos os seres de Duas Pernas da família humana.
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Ao fumar o Cachimbo, é de suprema importância que cada pitada de tabaco colocada no fornilho seja fumada. Cada floco de tabaco assumiu um espírito em seu corpo e é honrado como sendo a essência de Todos os Nossos Parentes em sua forma. Se o fogo, que é parte da Eterna Chama da Vida, não toca nem incendeia o tabaco, o espírito que está lá dentro não pode ser libertado em fumaça. Se a fumaça não é aspirada pelo corpo, os espíritos de Nossos Parentes e de nossos Ancestrais não podem entrar em comunhão conosco. Esvaziar um fornilho que não foi totalmente fumado é cometer um grave erro e desonra os espíritos que vieram fumar conosco. O uso irresponsável do Cachimbo Sagrado pode prejudicar a boa vontade dos espíritos em vir nos assistir na nossa busca de unidade.
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A fumaça que sai do Cachimbo representa prece visualizada e nos lembra do espírito presente em todas as coisas. Compreendemos que toda a vida provém do Grande Mistério e retornará a essa fonte original. Graças a essa compreensão. Graças a essa compreensão, sabemos que estamos todos juntos seguindo o mesmo trajeto, caminhando juntos em cada parte do Elo Sagrado ou da Roda da Vida.
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Toda vez que partilhamos o mesmo Cachimbo descobrimos a união com Todos os Nossos Parentes. A essência de toda criatura viva penetra em nós quando a fumamos e passamos a carregar seus espíritos dentro de nossos corpos. Somos lembrados de que a harmonia é alcançada através da união sagrada com todos os seres que nos cercam. Nunca pensamos que o espírito de qualquer forma de vida possa estar fora de nós mesmos, já que através do Cachimbo pedimos a eles que entrem em nosso Ser e dividam nosso próprio Espaço Sagrado e nossa experiência de vida.
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Os aspectos do ensinamento do Cachimbo que simbolizam a Paz são multifacetados. No mundo moderno muitas vezes olhamos para a paz como ausência de guerra, mas a Paz representa muito mais do que isto, dentro do nosso modo nativo de pensar. A paz é um modo de agir, saber, criar, ouvir, falar e viver. Em todas as circunstâncias a paz vem do interior de nosso próprio Ser. Essa paz resulta do equilíbrio de reconhecer e honrar as polaridades macho/fêmea, ensino/aprendizagem, humildade/orgulho e todos os outros aspectos do viver em harmonia. Não é algo que possa ser pesado, exceto pelo nosso próprio Ser. Se tivesse que haver uma medida, ela seria determinada pela capacidade do coração de permanecer aberto, sereno e livre de receios.

Nota: (Extraído de Cartas do Caminho Sagrado – de Jamie Sams.)
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