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Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
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Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
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Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
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.de José Saramago
in "Os Poemas Possíveis"
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1 comentário:
Pode ouvir o Luis Cília a cantar este poema em
http://www.youtube.com/watch?v=LJf8La6v2Xg
O Saramago dos anos sessenta é um poeta de uma acutilância imperdível
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