domingo, 4 de dezembro de 2011

Poesia respigada d'outros tempos mas não só ?

III
Este é o local, o dia, o mês e a hora
O jornal ilustrado aberto em vão.
No flanco esquerdo, o medo é uma espora,
fincada, firme, imperiosa Não
espero mais. Porquê esta demora?
Porquê temores, suores? Que vultos são
aqueles além? Quem vive ali? Quem mora
nesta casa sombria? Onde estão
os olhos que espiavam ainda agora?
O medo, a espora, o ansiado coração,
a noite, a longa noite sedutora,
o conchego do amor, a tua mão ...
Era o local, o dia, o mês, a hora .
Cerraram sobre ti os muros da prisão

(Daniel Filipe)
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A mentira que fingem
é verdade.

A submissão
 corrompe
Não nasceram
ainda
Poderão nascer
mais tarde
tão adultos de aspecto?

(Egipto Gonçalves)
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Como se mantém
este deserto?
Praças sem vida
sombras nos passeios,
estores corridos
nas janelas ...
Poderiam só palavras
convencer?

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Paisagem

42.
E  nós
os conformados
que fazemos

compramos livros
gravatas

ou separados
morremos

(António Reis)
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O Impossível Carinho

Escuta, eu não quero contar-te do meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias da tua infância
.
.
Manuel Bandeira

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