sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Antero de Quental ~ O palácio da Ventura



Picasso


Sonho que sou um cavaleiro andante. 

Por desertos, por sóis, por noite escura, 

Paladino do amor, busca anelante 
O palácio encantado da Ventura! 



Mas já desmaio, exausto e vacilante, 

Quebrada a espada já, rota a armadura... 

E eis que súbito o avisto, fulgurante 
Na sua pompa e aérea formosura! 



Com grandes golpes bato à porta e brado: 

Eu sou o Vagabundo, o Deserdado... 

Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais! 



Abrem-se as portas de ouro, com fragor... 

Mas dentro encontro só, cheio de dor, 

Silêncio e escuridão - E nada mais!


Partilhado por Jorgete Teixeira

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