Banda desenhada
Jornal do Vaticano diz que Tintim é um «herói católico»
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O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano’, dedica as páginas centrais da edição de hoje e uma chamada de capa para Tintin, personagem de banda desenhada a quem a Santa Sé chama de «herói católico».
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O repórter criado em 1929 pelo belga Georges Prosper Remi (1907-1983), conhecido por Hergé, «é um cavaleiro ocidental dos tempos modernos e um coração sem mácula», defende o escritor francês Dennis Tillinac no “Dictionnaire amoreux du catholicisme”, em entrada que o jornal reproduz integralmente.
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De acordo com o autor, Tintin não é um católico que possa ser identificado como tal, uma vez que nunca reza perante a ameaça da morte e nunca aparece numa igreja.
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Apenas em duas ocasiões, escreveu o articulista, se lhe escapa um «Deus o tenha» quando é informado da morte de um vilão japonês, em “O Lótus Azul", e de dois piratas de alto mar, em “O tesouro de Rackham, o Vermelho”.
«Apesar disso, Tintin é um herói do catolicismo, impregnado dos ideais dos escuteiros, que tiveram grande importância na formação de Hergé como demonstram as suas primeiras histórias», refere Tillinac.
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Antonio Carriero alude aos «valores profundos» do personagem, que o criador aprendeu «através de uma educação católica e do escutismo: lealdade, fraternidade, amizade e disponibilidade para os mais débeis e necessitados».
«Tintin é um herói sobrenatural que se move em cenários realistas (…). As pessoas que lhe são próximas caem em tentações - o whisky, para o capitão Haddock, os ossos, para o cão Milu, a ciência aplicada para Girassol. Mas corrigem-se no momento certo e enchem-se de coragem».
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Tillinac considera que a personagem trazida para Portugal pelo padre Abel Varzim é o «anjo guardião dos valores cristãos que o Ocidente constantemente renega ou ridiculariza».
O sacerdote português que conhecia Hergé e se correspondia com ele convenceu os responsáveis da revista juvenil “O Papagaio” a publicar as histórias, tornando-se Portugal, no ano de 1936, o primeiro país não francófono a reproduzir as aventuras de Tintin.
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O padre Varzim tinha estudado na Universidade de Lovaina, na Bélgica, e feito amizade com o padre Norbert Walez, diretor do diário católico “Le Vingtième Siècle”, em cujo suplemento juvenil, “Le Petit Vingtième”, foram publicadas as primeiras aventuras de Tintin.
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“O Papagaio” era dirigido por Adolfo Simões Müller, grande admirador de Hergé, que decidiu colorir as aventuras de Tintin sem pedir permissão ao autor, fazendo assim uma estreia mundial. Hergé não protestou e até gostou de ver os seus desenhos coloridos, criticando apenas a paginação, que tinha sido remontada.
Diário de Notícias / SNPC
© SNPC | 08.11.11
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