Senso - A Palimpsest
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Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
domingo, 17 de junho de 2012
Senso - A Palimpsest by Alberto Zambenedetti
sábado, 16 de junho de 2012
Fina d'Armada - Beatriz ou O Segredo da Rainha Velha
Este é o romance que narra com rigor histórico a vida fascinante e desconhecida de D. Beatriz, vida entrelaçada com a de Cristóvão Colombo mas que encerra muitos outros enigmas. Que leis e circunstâncias a levaram a ser governadora da Ordem de Cristo (antigos Templários) e herdeira do Infante D. Henrique? Como conseguiu que reis e papas legislassem para si? Que navegadores enviou à descoberta de ilhas a Ocidente, 19 anos antes de Colombo? Como concebeu o primeiro Tratado de Globalização?
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Como segurou o trono a Isabel a Católica? Que estranhas teias a aprisionaram mantendo-a esquecida até hoje?
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Nesta obra, o leitor encontra também uma outra visão dos Descobrimentos Ibéricos, pistas sobre o provável envenenamento de D. Joao II, e um segredo que satisfaz incógnitas de 500 anos sobre as origens de Colombo. Segredo que inclui um documento secreto do Vaticano, da autoria do cardeal Garampi, sobre o Infante de Sagres.
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Fina d’Armada ganhou em 2006 o prémio de investigação Carolina Michaëlis e é autora da obra de referência no âmbito da história dos Descobrimentos, Mulheres Navegantes no Tempo de Vasco da Gama.
MONTALVO E AS CIÊNCIAS DO NOSSO TEMPO
Fina d’Armada. Leituras. Parte XLII. O Segredo da Rainha Velha. «Quem és tu? - perguntou ‘Bastião’, pois não se lembrava de ter visto aquela menina antes, vestida à fidalga, como se fosse mulher grande. - Beatriz - disse a menina, esgueirando-se para detrás de uma oliveira, na tentativa de se esconder e não a descobrirem, enquanto não explorasse mundo»
Morte de D. João II
jdact
«O terreiro dos Paços de Alcáçova tinha sido preparado para a cerimónia. Carpinteiros e costureiros, servidores diversos não tinham tido parança na preparação do espaço onde o Infante seria alevantado como novo Rei.
D. Duarte desceu as escadas. Todos ficaram maravilhados quando o viram sair do Paço para o terreiro arrastando seu manto. Como era alto e forte, era uma figura imponente. Vinha acompanhado de gente nobre, vestida de brocados e opas de veludo. Todos demonstravam alegria. O mestre-sala indicou a D. Duarte a cadeira real, posta sobre um cadafalso alto, que se estendia encostado ao longo do Paço. Estava cercado dos Infantes, seus irmãos, e de outros senhores e oficiais, postos pelo mestre-sala na posição que a cada um pertencia pela importância do título ou do posto. D. Pedro de Meneses, primeiro Capitão de Ceuta, por ser alferes-mor, tomou a bandeira real e a teve à mão direita de Elrei, enrolada na haste, que dali a pouco desfraldaria ao vento. Já se tinha preparado para o pregão que aclamaria o novo Rei, pois D. João I, seu pai, jazia na Sé, desde ontem. Mas as leis de Deus e dos homens determinavam que um reino e um povo não podiam estar sem rei, dois sentimentos se misturavam numa só frase: «morreu o Rei, viva o Rei», «Rei morto, Rei posto». Tristeza e alegria, esperança num novo tempo, temor pelo futuro, no espaço de um dia.
Se à direita se perfilava o conde de Viana com a bandeira real enrolada, à esquerda do cadeirão real via-se uma cadeira baixa. Sobre ela, repousava uma almofada de seda vermelha e ouro, contendo um missal de rica encadernação. Seria sobre ele que o novo soberano prestaria seu juramento.
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Quando todos ocuparam os seus devidos lugares, Dom Álvaro de Abreu, bispo de Évora, proferiu uma alocução pública, que se chamava arenga nesses tempos. Terminada a arenga, o bispo pôs-se de joelhos e dispôs-se a beijar a mão ao homem que por suas palavras consagrara como Rei. Mas D. Duarte não lha quis dar ainda não tinha assimilado que era um homem importante do mundo, a quem um reino inteiro tinha de obedecer e os estrangeiros respeitar. Com quarenta e dois anos feitos, sentia-se um menino sem saber como devia actuar.
Apenas se lembrava da pequenez humana. Por isso, em vez de dar a beijar ao bispo, fez-lhe um pedido:
- - Bispo, se vos bem parecesse, eu queria que no fim deste auto de aclamação se queimassem aqui ante mim, uns panos, umas poucas de estopas, como lembrança e comparação que esta glória e pompa do mundo duram pouco e passam mui brevemente.
Mas ao bispo não pareceu bem. E, ao se aperceber da atrapalhação daquele Rei menino de 42 anos, que ainda não tinha acordado para o oficio de Rei, como dissera o seu confessor, segredou-lhe:
- - Parece-me, Senhor, que a memória e conhecimento que disso tendes dispensa por agora outra cerimónia.
O soberano calou-se, como se concordasse, e nada mais disse. Logo a sua primeira vontade, uma expressão da sua intelectualidade filosófica de que tudo é temporário na Terra, foi contrariada pela vontade de um bispo. Apercebeu-se de que entenderiam se ele fosse soldado, matador de infiéis, cruel ou sanguinário, mas nunca entenderiam um Rei intelectual, escritor e poeta.
Começava mal D. Duarte. Primeiro o astrólogo a aconselhá-lo a mudar o horário da cerimónia. Agora o bispo a mandar nele em vez de ele mandar no bispo. E ainda desconhecia que, nesse momento, em Leiria, o irmão D. Pedro, como político maduro e vocacionado para o mando, lhe escrevia uma longa carta com conselhos de administração. D. Duarte ansiava apenas que tudo terminasse depressa. Queria continuar a chorar o pai e adiar a ideia de que era o Rei e todos lhe deviam obedecer agora, até o bispo, pois tinha direito de vida e de morte sobre todos, como se fosse Deus, sem nunca ser julgado. Mas isso era coisa que não queria puxar ali. Agora era hora de obedecer aos ritos.
Felizmente, o conde D. Pedro de Meneses, depois de os reis de armas darem pregões e gritas de silêncio, despregou a bandeira para esvoaçar ao vento, que era apenas uma ligeira brisa. Em voz alta, que o povo de fora das muralhas do Paço ouvia, disposto pelas colinas do castelo, pisando a erva rasteira e abrigando-se à sombra das oliveiras, por três vezes fez o pregão costumado.
«”Real, Real, Real, por Elrei D. Duarte Rei de Portugal”». Após o conde, bradaram os Infantes: «”Real, Real, Real»... O mesmo bradaram os Senhores, os membros das Ordens Militares, alinhados, de cruz identificativa da respectiva Ordem ao peito, e toda a outra gente que estava presente no terreiro. Como um eco, os de fora dos muros do Paço, mas dentro do castelo, repetiam alto o que chegava aos seus ouvidos. Os da cozinha e serviços também ouviram, distantes. Uns choraram outros riam com esperança de tempos melhores.
‘Bastião’ estava encoberto, afastado, ninguém reparava nele, mas também gritou «”Real, Real, Real”».
Seguiu-se o beija-mão, agora D. Duarte não podia escusar-se. Aquele beija-mão era a maneira oficial de o reconhecerem como legítimo e verdadeiro Rei, a aclamação regia-se pelo velho e sagrado rito. Quando já não havia mais bocas para o beija-mão, ao Rei foi permitido retirar-se para seus aposentos.
Graças a Deus e a Santa Maria de Agosto que tudo tinha terminado! Nem pensou que agora vinha o pior a direcção do leme, e muito pior seria se o Mestre Guedelha tivesse razão.
O conde alferes-mor e todos os senhores montaram a cavalo, trazidos pelos servidores, vestidos também de gala, e saíram pelas portas do Paço. Procuraram avançar por meio da multidão que continuava à espera sem saber de quê, apenas o de poder dizer que estivera lá. Alguns conseguiram mesmo ver alguma coisa que teriam para contar a conhecidos e aos netos, passos daquela cerimónia que não era vista há meio século. E muito povo se juntou atrás dos cavalos e foi acompanhando a bandeira despregada por toda a cidade. Nas praças maiores, o cortejo parava e, com a bandeira içada, lançava ao ar em alta voz os pregões, os vivas a Elrei D. Duarte, fazendo esvoaçar a passarada que devia pensar que as gentes daquela terra haviam enlouquecido.
‘Bastião’ não se atrevera a andar pela cidade a dar vivas, as suas pernas não lhe davam asas para esses voos. Ficou fora do Paço, no meio da gente amontoada. Uns queriam ver o Rei morto na Sé, esperavam vez de subir as escadas e ver seu rosto barbeado, pois tinham colocado o corpo num estrado alto, no meio da nave. Outros tinham vindo apenas assistir e ouvir alguma coisa. Era uma festa, um acontecimento. E muitos procuravam ganhar a vida. Aproveitaram aquele momento para montar banca e levantar a tenda, tinha-lhes sido permitido. Eram frades a escrever cartas ditadas para gente que estava na ilha da Madeira, eram ciganas a ler a sina, eram camponesas a vender couves e alfaces, eram ferreiros disponíveis para consertar ferraduras e rodas de carroças, eram taberneiros com pipas de vinho diferente que diziam ser do bom, eram mouros e judeus fazendo negócios e mostrando tecidos importados, eram raparigas procurando namorado, eram mulheres da vida disfarçadas lançando olhos marotos a presumíveis clientes, para terem pão.
No meio da confusão geral, e do cheiro a urina e excrementos de gente e de bichos, ‘Bastião’ reparou numa menina, vestida como princesa, aparentando ter fugido à sua ama, num momento de distracção. Teria aí uns quatro anos, cabelos aos cachos, com olhos que expressavam uma curiosidade do tamanho do mar, tudo olhando, tudo colhendo como informação do mundo.
- Quem és tu? - perguntou ‘Bastião’, pois não se lembrava de ter visto aquela menina antes, vestida à fidalga, como se fosse mulher grande.
- Beatriz - disse a menina, esgueirando-se para detrás de uma oliveira, na tentativa de se esconder e não a descobrirem, enquanto não explorasse mundo.
‘Bastião’ correu atrás dela com a sua perna coxa. Podia ser apanhada e feita refém. Tinha ouvido falar que isso acontecia entre mouros e cristãos. Aparentava ser uma criança importante. Se soubessem da fuga, a ama acabaria por ser despedida. Nisto, aproximou-se uma cigana. ‘Bastião’ ficou com receio que ela raptasse a menina. Ele não teria pernas para ir atrás dela, por isso gritou:
- Teu pai está ali, Beattiz.
Ao falar no pai, ‘Bastião’ pensou afugentar a cigana, mas esta não se moveu. Pelo contrário, aproximou-se ainda mais e pegou na mão da menina. ‘Bastião’ conseguiu chegar a tempo e pegou na outra mão da fidalguinha. Mas, de repente, estacou. A expressão da cigana exprimia espanto, ‘Bastião’ não sabia se era pavor ou admiração. A cigana não retirava os olhos das linhas da mão, olhou uma e depois quis olhar a outra, afastando a mão do rapaz. E proferiu:
- - Não pode ser!
Aí ‘Bastião’, o curioso ‘Bastião’, que lia sempre a sina quando podia, a troco de qualquer coisa que tirava da cozinha sem ninguém ver, ficou quieto e mudo. A menina também olhava a cigana com a curiosidade do tamanho do mar.
- - Serás uma mulher poderosa do mundo.
- - Rainha? - perguntou a menina, com olhos que irradiavam inteligência.
- - Não, mas será como se fosses, pois o teu futuro está enlaçado na vida de reis. Terás mais poder que rainha, decidirás até quem se sentará em tronos.
- Serás senhora de um império, de mistérios e segredos, e mudarás a ordem do mundo. Mas...
A cigana calou-se. Os seus olhos arregalaram-se, os de ‘Bastião’ também.
- - Mas ficarás aprisionada numa maldição... quer dizer, recairá sobre ti a maior maldição do mundo».
In Fina d’Armada, O Segredo da Rainha Velha, Ésquilo, 2008, ISBN 978-989-8092-46-5.
Cortesia de Ésquilo/JDACT
Fina d'Armada. A SIGLA DE 'COLOMBO'
A SIGLA DE 'COLOMBO' - “A” DE ANRIQUE E ÚLTIMO REBENTO
Palestra pela Historiadora Fina d'Armada, integrada na Conferência de 23 de Maio de 2009. CUBA - Alentejo
1ª Parte
Gostaria de começar por felicitar a Vila de Cuba por manter viva a chama da nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon, mais conhecido por Colombo. Ao realizar estas conferências, mantém o assunto actual e dá relevo à sua terra.
No romance histórico “O Segredo da Rainha Velha”, desenvolvo, entre outras coisas, uma tese de Colombo português.
Apoiando-me nas entrelinhas da obra de Rui de Pina, “Crónica do Senhor Rei D. Afonso V”, e nos documentos da Torre do Tombo sobre a Infanta D. Beatriz, eu penso que Colombo pode ter sido gerado em Cuba, mas deve ter nascido noutro local. Tal como a rainha D. Leonor conseguiu impedir que o Papa legitimasse um filho ilegítimo do marido D. João II, também a poderosa D. Beatriz nunca permitiria o nascimento dum bastardo que herdasse bens seus. Na altura, ela ainda não tinha filhos.
Suponhamos, então, que o nascimento de Colon teve algo a ver com a fuga do Infante D. Fernando, em 1452, por causa desse incidente Duque de Beja. Talvez a sua amada grávida corresse risco de vida. Colon pode ter nascido no mar Mediterrâneo ou em Nápoles. Nessa cidade, reinava um tio do Infante, irmão de sua mãe, e não tinha herdeiros. D. Fernando queria que esse seu tio o adoptasse, para um dia ser rei de Nápoles, rejeitando a adopção feita pelo Infante D. Henrique. Esse Infante, o 2º homem mais importante do reino, fugiu de Portugal, sem prevenir o rei D. Afonso V, seu irmão, nem o pai adoptivo Infante D. Henrique, porque queria formar uma vida nova. Sozinho? Não creio. Como levou na sua escassa comitiva (com ele eram cinco) Vasco Fernandes de Lucena, um jurisconsulto diplomata que já participara 17 anos antes, em 1435, no concílio de Basileia (1), isso sugere que ele queria anular o seu casamento junto do Vaticano e começar nova vida em nova terra. Colon pode até ter vindo ao mundo no mar Mediterrâneo, dentro do barco do corsário Peroso, corsário italiano que bem podia ser genovês.
Os portugueses de Ceuta, que foram com uma armada atrás do Infante fugitivo, encontraram, segundo Rui de Pina, “uma galé e uma caravela [do Infante], ambas juntas, e a galé era de um Peroso, corsário italiano” (2)
Todavia, se Cristóvão Colon nasceu numa situação de fuga, isso não significa que ele não seja português e que não tenha mantido relações estreitas com os senhores de Cuba. É como naqueles casos em que uma mãe, que vive em determinada terra, vai ter um filho a uma maternidade que fica noutro local e depois há a dúvida de se saber se é natural da terra onde foi gerado ou onde acidentalmente veio a este mundo. A questão da nacionalidade pode não ser linear.
A SIGLA DE CRISTÓVÃO COLON
No entanto, hoje trago aqui uma interpretação da sigla de assinatura de Cristóvão Colon, que iniciei no “Segredo da Rainha Velha” e aqui desenvolvo.
Como se vê, as letras estão colocadas não ao acaso, mas com um aspecto gráfico. Assim, há sete letras dispostas em triângulo, com o vértice para cima, e nove letras na horizontal. Segundo Manuel Freitas: “O triângulo com o vértice para cima simbolizava o fogo e o sexo masculino; com o vértice para baixo, simbolizava a água e o sexo feminino e, pela sua semelhança com a púbis, está muito ligada a motivos de fertilidade (3)
Tal como os menhires, há uma forma anatómica nos triângulos – com o vértice para cima sugerem o membro masculino na pujança da fertilidade. Ora a esse membro dá-se o nome de Colon – apelido do navegador. Ou seja, um triângulo também é um Colon.
Para Pitágoras o triângulo era “o símbolo da sabedoria” e para os Egípcios o emblema da divindade (4)
Posto isto, sete letras dentro dum triângulo de vértice para cima, sugere-nos a sua progenitura masculina. No século XV, praticamente era só esta que contava. O nº 7 também sugere criação divina. Portanto, estas letras devem dizer-nos quais as suas origens, como foi criado por Deus por intermédio da sua progenitura masculina.
Quanto às nove letras na horizontal, vem-nos à ideia que se trata do seu nome terreno. O nº 9 é o número de meses duma gravidez. Portanto, o sete é criação divina, o nove, criação terrena.
Assim, os 3 SS do vértice podem não ser iniciais de palavras, mas uma espécie de mensagem ou revelação. Existirá algum significado oculto nos SS?
No Alto Minho, não sei se noutras partes, os SS não são letras, são símbolos.Símbolos de quê? De união, de vida, de fertilidade conjugal. Usam-se nos desenhos de peças em ouro, mesmo antes da nacionalidade. E ainda hoje se compõem.
(Brincos actuais com SS, bambolina e formato de Vénus)
E são:
“Símbolo da união e da fertilidade conjugal, ao qual se junta, por vezes, a noção de força vital, pelo facto do macho e fêmea nadarem sempre em conjunto. O aparecimento sazonal destas aves migratórias, que surgiam no mesmo local e na mesma altura, sempre despertou um certo mistério e possivelmente por isso aparecem de forma bem explícita em antigas arrecadas na vizinha Galiza e nas nossas, em filigranados, forma estilizada de representar os patos a voar.
A mais antiga representação de SS encontrada é uma conta dum colar do tempo Suevo-visigótico. Hoje pertence à Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira.
Conta de brinco ou colar suevo-visigótica com SS (catálogo da exposição do ouro, Museu de Arqueologia, Lisboa, 2007)
Para ir para a Gronelândia, Arquipélago dos Açores, Madeira... Cristóvão Colon teria de contactar com outros marinheiros e muitos deles eram de Viana. Ora, na sigla de Colon, vemos três SSS. E ao lado de cada um deles vemos dois pontos, um de cada lado. Em mais letra alguma, quer do triângulo quer do rectângulo, nós vemos os dois pontos. Para mim, significa igualdade de progenitura.
No meio desses SS, está a letra A. No centro. No coração do triângulo. Todas as outras letras vão dar a esse A. Para mim, significa que tanto de pai como de mãe, Colon descende igualmente de alguém com o nome A. Ora, como na época se dizia Anrique em vez de Henrique, presumo que ele, tanto de pai como de mãe, descenderia do Infante D. “Anrique”.
Mas esse “A” também pode significar outra família, dado que estão lá 3 SS. Como o filho de Colon, Fernando, nos diz que seu pai tinha “sangue real de Jerusalém”, procurei entre as famílias judaicas portuguesas quem teria sangue real. Encontrei a família Abravanel, descendentes do rei David. Palavras de Hernando (5): “sendo os seus antepassados de sangue real de Jerusalém, teve por melhor que seus pais fossem menos conhecidos”. “Fossem menos conhecidos” sugere sangue judaico.
Os Abravaneis foram importantes na corte portuguesa. Um deles foi tesoureiro do rei D. Afonso V. Outro foi conselheiro económico do Duque de Bragança e por isso foi considerado membro da conjura do Duque, tendo ficado sem os bens. Mesmo assim, D. João II não o perseguiu como a outros e Abravanel foi absorvido pela corte de Isabel a Católica, onde prestou relevantes serviços. Depois, quando se tornou a situação difícil para os judeus em Castela, Abravanel fugiu… curiosamente para Nápoles, onde voltou a servir o rei desse estado.
Relativamente às três letras da base do triângulo, XMY, dizem que são Cristo, Maria e José (o Y corresponde ao J que não existia no séc. XV). Talvez signifiquem outra coisa. O certo é que essas três letras continuaram a ser usadas em documentos religiosos. A vidente Lúcia, quando redigiu a terceira parte do Segredo de Fátima, em 1944, começou o texto por J.M.J. E fazia o mesmo nas suas cartas.
Mas se, na sigla de Colon, significarem uma família, as letras não estão dispostas na ordem certa. Uma família compõe-se por pai, mãe e filho. Reparem que está dessa forma, se forem lidas ao contrário, como fazem os judeus. Lidas da esquerda para a direita, como sempre fazemos, temos filho, mãe e pai em último. Uma família absurda por começar pelo filho, mas é essa a versão cristã. Talvez Colon nos quisesse dizer que a sua família era parte cristã e parte judaica, pois no cristianismo o mais importante é Cristo, depois Maria e por fim vem S. José, ao contrário duma família tradicional.
Na Sagrada Família Cristã, o filho Jesus não é natural, é adoptivo, como todos sabem. Reparemos agora na sigla. O X de Cristo dirige-se obliquamente para A do centro, tal como na outra esquina o Y de José. Pode bem significar que seu pai era um filho adoptivo de A. Sua mãe, mesmo em linha recta com esse A, pode querer dizer que descende também de A, desta vez directamente.
Com esta análise, defendi no meu romance a tese que os pais de Colon seriam um filho adoptivo de Henrique (no caso o Infante D. Fernando). Quanto a sua mãe, seria a filha natural do Infante D. Henrique, pois, segundo li nos livros de Manuel Rosa, existe um documento nos Arquivos do Vaticano em que o Infante de Sagres faz um pedido ao Papa para a sua filha natural.(6)
Desta forma, como não tenho a certeza, transmiti sob a forma de romance que Cristóvão Colon, gerado em Cuba e nascido talvez no Mediterrâneo, ou em qualquer terra das suas margens, poderia ter tido como pai o filho adoptivo de Anrique, ou seja o Duque de Beja, e eventualmente gerado por uma mãe, filha natural de Anrique e de uma mulher da família Abravanel. Naturalmente que o Infante D. Fernando, futuro Duque de Beja, teria contacto com a ignorada filha do seu pai adoptivo e com os nobres Abravaneis (até tinham brasão) que circulavam pela corte.
(continua ...)
(1) Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube, vol. XI, 1996, entrada Lucena, Vasco Fernandes
(3) Manuel Rodrigues de Freitas, “Ouro”, in Cadernos Vianenses, tomo 32, Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2002: 186.
(4) Fina d'Armada, O Segredo de Fátima e Nostradamus, Ésquilo, 2004: 50.
(5) 1º capítulo de Historie del S. D. Fernando Colon, cit. por Manuel Rosa, “O Mistério Colombo Revelado”, Ésquilo, 2006: 476.
(6) “O Rev. Dr. Maurício dos Santos viu um verbeto do Cardeal Garampi que refere o pedido do Infante ao Papa a favor de sua filha natural” - Manuel Rosa, Colombo Português, Ésquilo, 2009: 305.
Posted by Amigos da Cuba at Quinta-feira, Julho 02, 2009
2ª Parte - O ÚLTIMO REBENTO DE HENRIQUE
Relativamente às letras da base, na sigla de Colon parecem indicar o seu nome – Cristóvão Fernandes. Quanto ao Zarco, que muitos defendem, gostaria de não me meter nisso para já. Por um lado, não consegui até agora encontrar uma filha ou neta de Zarco que encaixasse na história. Por outro, Zarco era uma alcunha que significava “olhos claros, azuis ou verdes, quase brancos”. Essa era a cor dos olhos de Cristóvão Colon e do rei D. Manuel I. Além disso, Manuel Luciano da Silva defende que Zarco em grego significa Colon.
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«Se consultarmos o dicionário judaico, verificamos que existem as palavras “Zakhar” que quer dizer “órgão masculino” e “Zarkor” que significa “projectar” ou “ejacular”. É por isso que “Zarkor” tem o mesmo significado que Colon em grego» (1)
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Mas antes de voltarmos a estas 9 letras, lembremos que intérpretes dos livros de D. Tivisco dizem que Colon foi “o último rebento de Henrique”. Tem-se interpretado como descendente de Henrique, sobretudo através do seu filho adoptivo Infante D. Fernando. Mas se pensarmos bem, Colon nunca podia ter sido o último rebento de ninguém, porque teve irmãos mais novos, filhos e descendentes que chegaram ao nosso século. Então, se não era último rebento de sangue, é último rebento de quê?
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Não tenho dúvidas que se trata de Henrique, o Navegador. Ora, em que qualidade Colon seria último? Os Descobrimentos foram iniciados por Henrique, mas Colon não foi o último descobridor. As Antilhas foram achadas em 1492 e, depois disso, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia e Pedro Álvares Cabral o Brasil. Sem falar em Timor, na Terra Nova, nos caminhos para a China e Japão... A única diferença é que Colombo descobriu no tempo dos reis católicos e D. João II e, as outras descobertas aconteceram no reinado dos reis católicos e D. Manuel I. Portanto, o que difere é D. João II e D. Manuel I.
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Voltemos de novo às 9 letras na horizontal. Vemos lá Cristóvão Ferens mais o ponto e o traço que dizem significar Colon, ou seja, membro.
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Curiosamente, o ponto e traço de Colon, no fim da assinatura, é parecido com o ponto e traço no fim da assinatura do Infante D. Henrique que assinava assim: IDA./ (Infante Dom Anrique).
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Os pontos e traços das assinaturas de Colombo e de Anrique, significam que ambos eram membros. Se Cristovão FERENS significa os que vão por Cristo, então talvez Colombo fosse o último rebento da ideia original daqueles que iam descobrir tendo como objectivos o cristianismo do Espírito Santo e o espírito de descoberta. Neste sentido, Colon pode ter sido o último rebento da missão iniciada por Henrique em 1420. Por outras palavras, Cristóvão Colon pode ter sido o último templário. O último descobridor que encerrou a missão esotérica da Ordem de Cristo.
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E então Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral não iam sobre as águas transportando a ideia de Cristo? Na verdade, não. Com D. Manuel I, Cristo passou a ser Jesus. A ideia que prevalecia era a conquista, a obtenção de tributos dos régulos africanos, uma cristianização à força, não era uma ideia templária. Segundo Zurara, o Infante D. Henrique alimentava já a intenção de chegar à Índia por mar, mas não era uma ideia de conquista e de guerra como D. Manuel entregava aos capitães nos seus regimentos.
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Ora, dentro da perspectiva de levar uma mensagem templária, D. Henrique foi o primeiro, Colombo o último.
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Escreveu ele: «Do novo céu e terra que dizia Nosso Senhor por São João no Apocalipse, depois de dito pela boca de Isaías, me fez mensageiro e me mostrou aquelas partes» (2)
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Ele considerava-se o anunciado duma profecia.Temos então que esta ideia de “último rebento” nos leva a colocar Colombo em Tomar, terra que espalhou pelo mundo o culto do Espírito Santo. E por ser o último templário, teria de estar imbuído de secretismo da Ordem de Cristo. Teria de ser um alto senhor português.
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Se fosse filho secreto do Infante D. Fernando, só podia ter aparecido à luz em Portugal, após 1470, quando seu pai morreu e, como não podia ser mais perfilhado, deixou de correr risco de vida. Nos seus textos, ele chegou a escrever que há 14 anos que tentava demover o rei para a descoberta das Índias antes de ir para Castela. Como foi em 1484, menos 14 anos dá 1470. Terá sido a partir de então que entrou nos segredos da Ordem de Cristo. E também nos segredos da Ordem de Santiago, dirigida após 1472 por D. João II, tendo-se tornado marido duma “comendadeira” dessa Ordem.
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Convém relembrar que, como filho do Infante D. Fernando, seria 3º primo de Isabel a Católica, pois ambos tinham uns bisavós comuns – os reis D. João I e D. Filipa de Lencastre, que era ruiva como Colon e como a mãe da Católica.
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Quanto ao facto de ele provir duma filha natural de Anrique, isso justificaria o secretismo do seu nascimento, durante mais de 500 anos. D. Henrique ainda hoje é um mito, como cavaleiro puro, que procurava o Santo Graal, e morreu virgem segundo Zurara.
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Enfim, com Anrique ou sem Anrique, como “último rebento” dum projecto templário ou com sangue real de Jerusalém, a saga misteriosa de Cristóvão Colon continua.
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(1) Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, Cristóvão Colon [Colombo] era Português, Quidnovi, 2006:123.
(2) Cit. por Manuel Rosa, O Mistério Colombo Revelado, Ésquilo, 2006: 531.
Posted by Amigos da Cuba at Sexta-feira, Julho 03, 2009
D. Beatriz dominou o período áureo da história de Portugal. Casada com D. Fernando, filho adoptivo do infante D. Henrique, foi sogra de D. João II e mãe de D. Manuel I. O Papa outorgou-lhe oficialmente a governação da Ordem de Cristo e o seu poder foi imenso, mas há um segredo que a perseguiu…
Este é o romance que narra com rigor histórico a vida fascinante e desconhecida de D. Beatriz, vida entrelaçada com a de Cristóvão Colombo mas que encerra muitos outros enigmas. Que leis e circunstâncias a levaram a ser governadora da Ordem de Cristo (antigos Templários) e herdeira do Infante D. Henrique? Como conseguiu que reis e papas legislassem para si? Que navegadores enviou à descoberta de ilhas a Ocidente, 19 anos antes de Colombo? Como concebeu o primeiro Tratado de Globalização? Como segurou o trono a Isabel a Católica? Que estranhas teias a aprisionaram mantendo-a esquecida até hoje?
Nesta obra, o leitor encontra também uma outra visão dos Descobrimentos Ibéricos, pistas sobre o provável envenenamento de D. Joao II, e um segredo que satisfaz incógnitas de 500 anos sobre as origens de Colombo. Segredo que inclui um documento secreto do Vaticano, da autoria do cardeal Garampi, sobre o Infante de Sagres.
Autora:
É historiadora e mestre em «Estudos sobre as Mulheres» pela Universidade Aberta de Lisboa. Começou a publicar aos 16 anos e tem na actualidade cerca de mil artigos publicados na imprensa nacional e estrangeira. É autora de sete obras individuais e co-autora de 28.
Para além da poesia e ficção, faz investigação nas áreas da História Local, História das Mulheres e História dos Descobrimentos. De 1977 até 1980, o Instituto Nacional de Investigação Científica concedeu-lhe uma bolsa que lhe permitiu pesquisar os na altura arquivos secretos de Fátima, vindo a tornar-se a investigadora mais reputada, a nível científico, no estudo do fenómeno das aparições de 1917.
A sua obra publicada com a chancela da Ésquilo, Mulheres Navegantes no Tempo de Vasco da Gama, de grande originalidade, recebeu o Prémio «Mulher Investigação Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 2005». Também com o selo da Ésquilo, publicou O Segredo de Fátima e Nostradamus e 135917 – La Clave de Fátima, esta última pela Ésquilo Espanha.
É, sem dúvida, uma das pesquisadoras e escritoras mais originais e prestigiadas da actualidade.
#1 Sebastião Barata 28-04-2010 19:19
Não conhecia esta autora e este livro foi para mim uma agradável surpresa! É pena que certas editoras nã.o tenham as estruturas promocionais que outras têm, porque muitos livros acabam por não ter a divulgação que merecem.
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É um romance histórico muito interessante sobre a vida e a obra de D. Beatriz, nora de D. Duarte, sogra de D. João II e mãe de D. Manuel I, continuadora do infante D. Henrique na gesta dos descobrimentos, que nunca foi rainha, mas teve mais poder do que os reis. Conseguiu o que, aparentemente, seria impossível: apesar de ser mulher, foi-lhe concedido pelo Papa Xisto IV “o governo e a administração das coisas temporais” da Ordem de Cristo. Foi a arquitecta do Tratado de Alcáçovas, que visava acabar de vez com as guerras que vinham desde o tempo de D. João I e que consagrou uma primeira partilha das descobertas entre Portugal e Castela.
Como diz a autora no início da nota prévia, “duma maneira geral, este romance histórico conta uma história verídica”. Todas as personagens são reais, à excepção de Bastião, uma curiosa personagem, que é amigo de infância de Beatriz e a acompanha até à morte, tornando-se o seu confidente. Porém, apesar de ser um livro quase de história, tem uma trama romanesca que prende a atenção do leitor do princípio até ao fim. A linguagem é simples, sem termos rebuscados. As próprias citações de documentos da época são adaptadas à fala actual. Descreve muito bem a luta pelo poder em Portugal dentro e fora de fronteiras, desde o tempo de Nuno Álvares Pereira até ao reinado de D. Manuel I, começando pelas disputas entre D. Henrique e D. Pedro, passando pela fratricida batalha de Alfarrobeira e terminando no provável envenenamento de D. João II.
É um livro que recomendo a quem queira conhecer mais da nossa história, especialmente sobre os primórdios da época gloriosa dos Descobrimentos marítimos e dos seus obreiros.
E o segredo que dá nome ao livro?! Que segredo “cabeludo” levou tanta gente a calar-se até à morte? Esse não conto. Leiam o livro...
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