Hoje é um dia muito importante para a monarquia portuguesa. Tendo em conta que não existe monarquia portuguesa é um dia normal. Mas vai acontecer um casamento real. A filha do Dr. D. Duarte vai casar-se com um senhor genérico e o país vai parar para se emocionar com esta história de amor. Se são jovens monárquicos, no final deste post encontrarão um cupão de uma lavandaria para poderem levar as vossas calças caqui. Vão ficar manchadas de tanta emoção.
Não é todos os dias que uma princesa encontra o seu príncipe encantado. E este príncipe encantado em concreto é excelente porque é uma figura aspiracional. A Disney vendeu-nos a ideia de que os príncipes encantados eram rapazes garbosos capazes de acordar princesas moribundas com beijos não consentidos. Mas um príncipe encantado também pode ser o Dr. Pequeno Saul se tivesse estudado direito na Católica.
Os casamentos reais sempre foram excelentes negócios para manter a meritocracia genética. Um rei era um homem de sucesso, com tanto sucesso que os seus genes eram vertidos para as gerações seguintes. Por isso tinham de manter a meritocracia nos genes, para que esta não se diluísse em genes sem mérito.
Também se ofereciam princesas espanholas a Habsburgos com aquele queixo saliente aprimorado por consanguinidade para manter a paz e garantir negócios. Fundindo dois tipos de meritocracia genética, a meritocracia do poder e a meritocracia dos negócios. Os príncipes e os infantes eram criptomoedas que as famílias reais redistribuíam para consolidarem o seu sucesso.~
O importante era que procriassem, para que se redistribuíssem ninhadas de pretendentes a primos afastados e manter a pureza. Hoje em dia, os casamentos reais só nos oferecem vergonha alheia. O que nem é mau.
Por exemplo, vejamos o casamento da filha do Dr. D. Duarte. O Dr. D. Duarte é um homem simples que acha mesmo que devia ser rei de Portugal. O que é normal. Basta olhar para ele e percebe-se imediatamente que a única hipótese de ter uma carreira de sucesso é através de herança. Se eu fosse o Dr. D. Duarte não me limitava reivindicar o cargo não existente de Rei de Portugal, aproveitava e pedia para ser imperador intergaláctico, representante do homo sapiens na confederação interespécies ou vice-presidente da Associação de Estudantes da Escola da Vida. É um homem simples e pouco ambicioso.
Eu por mim até lhe oferecia o trono só para ver um sorriso a iluminar o rosto daquele homem simples. É desumano rejeitarmos-lhe isso. Ele ficava tão feliz e não nos custava nada. Dávamos-lhe uma coroa do Burger King e perguntávamos:
- Sua Majestade, o que é que quer fazer hoje?
- Hoje quero ser um comboio e invadir Ceuta.
- Que comboio é que quer ser?
- Um intercidades.
- Então despache-se que tem de estar na estação do Oriente às 14h52.
E ele ia divertir-se para os carris. Porque ser rei de Portugal é basicamente existir rodeado de pessoas capazes de controlar o riso quando estão em frente de um homem adulto com uma coroa na cabeça.
Ora, a filha deste senhor vai casar-se e vai passar na televisão. Cumpre assim uma excelente tradição de casamentos dignos de passar na televisão como o de Dr. Bruno de Carvalho e Dra. Liliana, Dr. Telmo e Dra. Célia e Dr. Pipo e Dra. Joana dos Morangos. É claro que, ao contrário da princesa de Portugal e senhor genérico, todos os casais anteriores tinham obra relevante para além de serem familiares de alguém que vive com um delírio. É verdade que a melhor forma de estar num casamento é através da televisão. Não temos de estar lá a apanhar seca na igreja, a esperar duas horas entre o prato de peixe e o de carne e acabar a noite a fazer o comboiinho com o Dr. D. Duarte à frente. É a hipótese de ele liderar alguma coisa no seu tempo de vida.
Ainda assim, há pessoas a sério que vão lá , como Dr. Marcelo, Dr. Paulo Portas, Dr. Passos Coelho, Dr. Carlos Moedas e Dr. Durão Barroso. Todos eles tiveram a hipótese de escolher não ir e, mesmo assim, vão.
Eu também fui convidado, mas tenho compromissos. Gostava de ir para ver o Dr. Durão Barroso a comer sobremesa. Ele gosta de comer baba de camelo e natas do céu sem talheres. Como se estivesse a comer de uma gamela. São estas coisas que o tornam popular e que o levaram longe desde o MRPP à Goldman Sachs. Se não têm carisma ou uma competência por aí além desenvolvam outros talentos que vos façam destacar da multidão.
O Dr. Moedas vai fazer drifting de trotinete na pista de dança, o que também vai ser engraçado. Por outro lado, é perigoso convidar o Dr. Marcelo. Ele gosta tanto de ser o protagonista que vai acabar por ser ele a cortar e a comer o bolo da noiva sozinho.
2023 10 07
(in "Jovem Conservador de Direita")
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