Textos e Obras Daqui e Dali, mais ou menos conhecidos ------ Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Presença Africana - Alda Lara
E apesar de tudo, Ainda sou a mesma! Livre e esguia, filha eterna de quanta rebeldia me sagrou. Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto, ainda sou, a Irmã-Mulher de tudo o que em ti vibra puro e incerto...
A dos coqueiros, de cabeleiras verdes e corpos arrojados sobre o azul... A do dendém Nascendo dos braços das palmeiras...
A do sol bom, mordendo o chão das Ingombotas... A das acácias rubras, Salpicando de sangue as avenidas, longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma. A do amor transbordando pelos carregadores do cais suados e confusos, pelos bairros imundos e dormentes (Rua 11!... Rua 11!...) pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias, de tronco nu e corpo musculoso, a raça escreve a prumo, a força destes dias...
E eu revendo ainda, e sempre, nela, aquela Longa história inconsequente...
Minha terra... Minha, eternamente...
Terra das acácias, dos dongos, dos cólios baloiçando, mansamente... Terra! Ainda sou a mesma.
Ainda sou a que num canto novo pura e livre, me levanto, ao aceno do teu povo!
E apesar de tudo,
Ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...
A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
Nascendo dos braços das palmeiras...
A do sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
Salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11!... Rua 11!...)
pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu
e corpo musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...
E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
Longa história inconsequente...
Minha terra...
Minha, eternamente...
Terra das acácias, dos dongos,
dos cólios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.
Ainda sou a que num canto novo
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu povo!
Benguela,1953(Poemas,1966) ANGOLA
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